Meio ambiente

[Vídeo] Água: o consumo em Alagoas e sua relação com a dignidade humana

Comunidades do interior do estado denunciam qualidade da água que chega às torneiras

Por Julita Bittencourt *estagiária 17/03/2018 07h07
[Vídeo] Água: o consumo em Alagoas e sua relação com a dignidade humana
Enquanto alguns vivem à míngua por água, outros desperdiçam - Foto: Imal Hashemi/Taimani Films/Banco Mundial

O Dia Mundial da Água é comemorado no dia 22 de março e na data costuma-se tratar do assunto de forma instrutiva, educando à sociedade de diversas formas a preservar um de nossos recursos natural mais escassos e valiosos.

Mas o maior problema da água doce no nosso planeta não é apenas seu pequeno percentual, e sim o que fazermos dele e como distribuímos. Não cuidamos de nossos rio, lençóis freáticos e nascentes. As comunidades carentes são as que mais sofrem. Enquanto alguns têm água em excesso, outros têm de menos.

Enquanto parte da população têm água bem tratada e para consumo, outros vivem à mingua. Um ótimo exemplo em Alagoas é o da comunidade de cidades como Atalaia e Capela, localizadas na Zona da Mata alagoana.

Na semana que antecede o Dia Mundial da Água, o 7Segundos recebeu vídeos e fotos de moradores daquela região, denunciando a situação trágica da água. As imagens foram compartilhadas em redes sociais e o caso chegou à imprensa. Em um dos registros, feito por um morador de Atalaia, é possível ver a água que chega às torneiras da cidade numa tonalidade marrom, feiro ferrugem. “Essa é a água que os atalaienses bebem”, narrava o morador durante a exibição das imagens.

O 7Segundos entrou em contato com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) do município e repassou o vídeo mencionado ao órgão responsável pelo abastecimento e saneamento da cidade. O Diretor da SAAE/Atalaia, Lulinha Vigário, informou que não poderia dar uma resposta concreta, pois não tinha como ‘apurar’ o caso, porque não sabia o local exato da casa que aparece nas imagens. No início do vídeo o morador narra estar no Centro de Atalaia, em localidade conhecida como Cercado, mas o diretor disse precisar do nome da rua e do número da casa para se pronunciar sobre o assunto. Em outra ocasião, Lulinha Vigário, disse ao 7Segundos que iria "apurar" a situação, apesar de não saber quem registrou as imagens. 

Já em outro vídeo atribuído à cidade de Capela, uma moradora reclama que paga caro para receber água de tão duvidosa qualidade. Entramos em contato com a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), distribuidora responsável pelo abastecimento de água e saneamento de Capela. O órgão nos respondeu acreditar que o vídeo não foi gravado em Capela, uma vez que nas imagens a própria moradora cita a SAAE em vários momentos do vídeo. A assessoria da Casal informou ao 7Segundos que só poderia se pronunciar sobre o caso depois que tivesse certeza de onde o vídeo foi gravado, em qual cidade e em qual endereço da cidade. Mas que até o momento, não tinham recebido nenhuma informação dos técnicos da Casal em Capela relatando piora na qualidade da água.

Enquanto seguem as divergências sobre a localização exata das residências, os moradores das duas cidades continuam pagando caro por uma água de qualidade inaceitável até para os mais baixos padrões de exigência.

Desperdício


Na última segunda-feira (12), uma caminhão-pipa foi flagrado por uma equipe de reportagem desperdiçando a água. O caminhão deveria abastecer as cisternas dos moradores da comunidade Areia, que fica localizada na zona rural de Traipu. O flagra foi feito pela TV Gazeta.

 Reprodução / TV Gazeta

Como a rede de abastecimento não chega à comunidade, 60 famílias que vivem na região pagam o valor de R$ 170,00 pela água que vem desses caminhão-pipa. Mas o rodízio implantado para atender todas as áreas rurais pode durar até três meses.

Dados de organizações mundiais

De acordo com a Organização das Nações Unidas, atualmente, 1,8 bilhões de pessoas consomem água de fontes que não são protegidas contra a contaminação por fezes humanas. Mais de 80% das águas residuais geradas por atividades do homem são despejadas no meio ambiente sem ser tratadas ou reutilizadas.

Até 2050, a população global terá aumentado em dois bilhões de indivíduos, e a demanda por água poderá crescer até 30%. Hoje, 1,9 bilhões de indivíduos vivem em áreas que poderão ter escassez severa de água. Até 2050, o número pode chegar a cerca de três bilhões.