Saúde

Drauzio Varella diz que "SUS não deve ser usado pelos ricos"

O médico participou de um ciclo de palestras que foi organizado por estudantes brasileiros, defendendo que os ricos devem deixar de usar o Sistema Único de Saúde

Por o Povo 18/05/2018 12h12
Drauzio Varella diz que 'SUS não deve ser usado pelos ricos'
Drauzio Varella - Foto: Divulgação

Aos 75 anos, Drauzio Varella é considerado o médico mais famoso do Brasil. Dono de opiniões muitas vezes polêmicas, não tem medo de falar o que pensa.

Durante entrevista para a BBC Brasil no Reino Unido, o médico participou de um ciclo de palestras que foi organizado por estudantes brasileiros, defendendo que os ricos devem deixar de usar o Sistema Único de Saúde (SUS). 

“Um país com mais de 200 milhões de habitantes ousou dizer que saúde é um bem de todos e um dever do estado. Acho que, num país com a desigualdade do Brasil, temos uma parte da população com condições econômicas bastante favoráveis  que não deveria usar o SUS. Deveria deixá-lo para quem não tem outra alternativa: ou se trata pelo SUS ou não se trata. Então, não tem sentido de eu estar ocupando o lugar de outro, tenho que me enteder com a iniciativa privada”, diz. 

Não economizou palavras duras quanto à intervenção política no Ministério da Saúde.

"Você sabe quantos ministros da saúde o Brasil teve de 2000 a 2018? 12. Nos últimos cinco anos, foram seis. A média de permanência no cargo foi de dez meses. Outro problema é que no Brasil temos milhares de cargos de confiança, trocamos os diretores de hospitais pelo país inteiro, trocamos os chefes de autarquias...a cada dez meses os processos são desestruturados. Isso ocorre em todas as esferas: federal, estadual e municipal. Como você consegue organizar uma empresa, qualquer uma, se a cada dez meses todos os diretores e gerentes são trocados?", questiona.

Varella também falou da experiência que tem nos presídios brasileiros, voluntário há décadas. O médico também comentou sobre temas que levam a polêmicas, como a descriminalização das drogas, o aborto, a homossexualidade e o papel da fé no processo de cura.