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No Dia do Gari, trabalhadores falam sobre respeito à profissão

Trabalhadores mantém a limpeza urbana em dia com ações durante os três turnos

Por Secom Maceió 16/05/2019 10h10
No Dia do Gari, trabalhadores falam sobre respeito à profissão
Garis fazem limpeza da cidade em três turnos - Foto: Secom Maceió

Diariamente eles estão nas ruas da cidade e o trabalho começa cedo, ainda nas primeiras horas do dia. Vestidos em cores vibrantes, com um fardamento nos tons laranja e verde pelos quais já são reconhecidos, as suas atribuições estão entre as mais importantes quando o assunto em questão é o cuidado com a cidade. Hoje, dia 16 de maio, eles comemoram a data em homenagem à profissão da qual falam com orgulho e pedem respeito ao árduo ofício. Eles são os garis e margaridas, trabalhadores que são responsáveis pela limpeza urbana de Maceió.

Divididos por setores entre a coleta, capinação, varrição e recolhimento de entulhos, estes profissionais somam uma grande equipe composta por 800 homens e mulheres que, após um longo dia de trabalho, encerram a jornada com o recolhimento de cerca de 1,5 mil toneladas de resíduos. Os desafios são diários, assim como em qualquer outra profissão, no entanto eles descrevem a indiferença e a falta de educação ambiental por parte da população como os principais problemas que tentam superar antes de ir às ruas da cidade, todos os dias.

Wilton Bispo é coletor na parte baixa de Maceió, um profissional reconhecido pelo bom humor e agilidade no serviço. Feliz, ele fala da rotina com prazer, no entanto “puxa a orelha” do cidadão ao citar que o descarte irregular é o que mais o deixa triste. Em suas palavras, descreve o ato como desrespeito, uma forma de desprezar o que fazem com zelo. “Infelizmente ainda há quem diga que joga lixo na rua para manter nosso emprego, mas não é isso. Isso é falta de educação. Em Alagoas tem muita gente educada, basta apenas praticar. Somos garis, trabalhadores como outro qualquer, e precisamos ser respeitados”, enfatiza.

Além do descarte irregular de resíduos, Ita, como o gari é conhecido, chama atenção para outro fator importante em se tratando do respeito ao trabalhador. Ele fala sobre os riscos a partir do descarte de perfurocortantes de maneira inadequada. Segundo ele, é comum encontrar garrafas de vidro quebradas, agulhas e outros pontiagudos durante a coleta, que são potenciais riscos à saúde dos profissionais. Ao pedir a colaboração e orientar a população para o descarte correto, ele conta a sua experiência recente, quando teve o dedo cortado por vidro e teve os movimentos da mão prejudicados.

“Quando fui coletar, peguei o saco e cortei meu dedo por um ato irresponsável. Quase perdi o movimento da mão, isso prejudicou o meu trabalho. Não é difícil fazer o descarte. Se você tem um vidro quebrado ou agulha para jogar, basta colocar em uma caixa de papelão vedada e escrever ‘vidro quebrado’ ou ‘perigo’. Assim facilita a nossa rotina e evita que, como aconteceu comigo, um colega fique sem trabalhar. Gari na rua é cidade limpa, gari fora da rua é cidade suja. Pratique educação, educação em primeiro lugar”, reforça Wilton Bispo.

Responsabilidade conjunta

Na capital, o trabalho dos garis é coordenado pela Superintendência Municipal de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), que mantém ações diárias em toda a cidade em relação ao manejo e coleta dos resíduos em áreas públicas por meio da atuação de servidores públicos municipais e de profissionais das empresas que prestam serviços à Prefeitura, a exemplo de Wilton Bispo. Titular da Slum, Gustavo Acioli Torres destaca que o Dia do Gari, além de homenagear os profissionais, é uma data fundamental para reflexão em relação ao respeito ao trabalhador e também sobre a responsabilidade do cidadão com a limpeza urbana.

“Temos equipes todos os dias na rua, das primeiras horas ao fim do dia, e é lamentável ver certas situações, como um container completamente vazio enquanto o seu entorno está tomado por lixo pelo simples fato que o cidadão não se deu ao ‘trabalho’ de colocar o saco no lugar certo, jogou no chão, preferindo uma praticidade desrespeitosa. É prazeroso ver a garra e satisfação com que esses garis e margaridas vão às ruas. São homens e mulheres que não são invisíveis e merecem todo o nosso reconhecimento pelo cuidado com Maceió. Mais do que isso, eles são fonte de inspiração àqueles que, infelizmente, ainda não aprenderam que a limpeza urbana não é somente responsabilidade do poder público, mas sim de toda a sociedade”, comenta o gestor.

Sobre os riscos pelo descarte inadequado, incluindo os perfurocortantes, os dados sobre ocorrência merecem destaque para reflexão da população. Hoje, cerca de 50% dos acidentes ocupacionais registrados no percurso da coleta feita pelos garis é de cortes – por vezes de gravidade considerável – com garrafas quebradas, lâmpadas e agulhas. Segundo dados do monitoramento de Saúde e Segurança do Trabalho feito das empresas prestadoras de serviços à Prefeitura de Maceió, somente nos últimos seis meses 15 acidentes acometeram trabalhadores da limpeza urbana.

“Basta uma furada de agulha para que o gari fique por seis meses em acompanhamento no Hospital de Doenças Tropicais para constatar se houve infecção por alguma doença para que ele possa voltar ao trabalho. No caso de ocorrências com vidro, há lesões mais graves que afastam o trabalhador por sete dias, com situações que, às vezes, podem levar ao afastamento definitivo por aposentaria. A população ainda não se acostumou a separar os perfurocortantes, como agulhas, palitos de churrasco e, principalmente, os vidros quebrados, porque ficam escondidos no meio dos outros resíduos e os garis não conseguem identificar o saco. Então, se o cidadão acondicionar e identificar o lixo com a identificação se for de risco, é muito melhor, pois assegura o trabalhar de acidentes”, orienta Carla Vasconcelos, engenheira de segurança no trabalho.

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