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Recado do jornalista Ricardo Boechat para o ministro Gilmar Mendes

10/06/2017 13h01
Recado do jornalista Ricardo Boechat para o ministro Gilmar Mendes

O jornalista Ricardo Boechat, conhecido por suas análises e comentários críticos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, utilizou mais uma vez seu problema na rádio para criticar a postura do presidente do Tribuna Superior Eleitoral (TSE) durante o julgamento de cassação da chapa Dilma/Temer que acabou sendo absolvida com o voto de minerva dado por Mendes. 

Leia na íntegra: 

Deixe eu lhe dizer o seguinte, a Corte que o senhor integra e a justiça que o representa foram palcos historicamente de grandes consolidações da impunidade no Brasil. É só o senhor lembrar quais foram na sua Corte os destinos de Castelo de Areia, de Satiagraha de outras tentativas do Ministério Público e da Justiça Federal de atacar grandes quadrilhas que pilham o estado brasileiro. No que deram historicamente esses processos Dr. Gilmar? Deram na gaveta, alguns já contemporâneos de sua presença já no Supremo. O próprio Mensalão que foi a que mais avançou pegou meia dúzia de mordomos no castelo da corrupção.

Deu a grande repercussão pública, mas pena pra valer pegou o Marcos Valério que era o publicitário e a dona do banco rural e pronto. Os políticos saíram flanando Dr. Gilmar para encontrar com o senhor em alguns seminários. Então é uma loucura pretender dizer que a Lava Jato por ter o apoio popular e ter prosperado graças a ele padece de um erro de origem. É um delito de origem que ações desenvolvidas pelo Ministério Público e pela Justiça tenham o apoio popular. Como se o apoio popular fosse um cancro, uma doença, um câncer negativo a busca e a conquista da justiça. Isso é uma maluquice. Claro que o apoio popular é importante e só graças a ele Dr. Gilmar, ações como a sua libertando Eike Batista e engavetando provas não prosperaram até aqui. Estão enfrentando alguma resistência, algum constrangimento. Para finalizar o Gilmar Mendes, homem erudito justificou sua retórica, seu ponto de vista e tal, dizendo o seguinte “Há uma frase de Rui Barbosa que ilustra tudo isso, ‘o bom ladrão salvou-se, mas não há salvação para o juiz covarde’”. Gilmar acha que ter coragem é bater na tecla que até hoje o Supremo bateu e a justiça brasileira bateu de consagrar a impunidade para o andar de cima do poder.

Até a Lava Jato não havia gente do andar de cima na cadeia, há muito pouco tempo o Supremo cassou pela primeira vez em sua história um deputado no exercício do mandato, ora pombas Gilmar, em dois séculos de existência não teve um deputado ladrão que o Supremo tivesse que cassar e prender. Levou mais de 100 anos para prender o primeiro e você vem querer falar de juiz corajoso. Corajoso pra quem que vocês foram? Para quem tem sido corajosa a justiça brasileira até agora?  Para um monte de negros, pobres e analfabetos que estão nos presídios. 700 mil? Para eles não foi.  Ali a coragem come e no andar de cima essa maravilha, muito seminário, muito coquetel, blá blá blá e tapinha nas costas. E já que o senhor citou uma frase de Rui Barbosa, quem age temendo a pressão não tem estatura para está no Supremo. Na verdade a frase do Rui Barbosa é o bom ladrão salvou- se, mas não há salvação para o juiz covarde.

Eu vou citar outras frases do mesmo autor, mas ao meu gosto e que lhe poderão levar a uma reflexão mais sincera, mas isenta, a primeira: De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, os homens chegam a desanimar-se da virtude a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto. Quer outra ministro Gilmar? Não se deixem enganar pelos cabelos brancos, pois os canalhas também envelhecem. Quer outra? A justiça atrasada não é justiça; senão injustiça qualificada e manifesta. Quer mais uma? Justiça tardia nada mais é do que injustiça institucionalizada. É isso que você quer Gilmar e é isso que a opinião pública não quer.

 

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O objetivo do blog é analisar a conjuntura política na capital e no interior de Alagoas.

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