Blog do Roberto Ventura

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Como um prefeito deve administrar uma cidade?

11/04/2021 19h07 - Atualizado em 11/04/2021 21h09
Como um prefeito deve administrar uma cidade?

O prefeito tem primeiro que amar e querer o bem da sua cidade, sem isso é impossível fazer uma boa administração. O prefeito tem que ser gestor, um gerente que tenha pulso firme, poder de mando, austeridade. Se o prefeito não tiver essas qualidades para gerir a máquina pública, ele vai fracassar.

Em qualquer administração cada um tem suas vontades e os seus interesses. Alguns não têm a vontade de fazer a coisa certa e querem enriquecer às custas da máquina pública, isso é natural em todo governo. Porém, o maior desafio de um prefeito é saber fazer esse enfrentamento com os próprios correligionários que o ajudaram a vencer a eleição, porque cada um tem um pensamento diferente, isso contraria alguns grupos que apoiam ou apoiaram o prefeito. Há uma parte do grupo político que quer o bem da cidade e outra não. Aqueles que não querem o bem da cidade, querem apenas enriquecer e se locupletar, a maioria rompe no primeiro momento quando têm seus interesses contrariados e, nesse caso, vão para a oposição. A primeira coisa que um prefeito tem que fazer ao chegar ao poder é o enfrentamento com aqueles que o elegeram. Se o prefeito não fizer esse enfrentamento ele não governa.

O prefeito tem que evitar os apadrinhamentos. Ou ele governa para meia dúzia dos que o elegeram ou não governa para o povo. Aqui vai uma lição de poder: se ele governa para meia dúzia, aquela meia dúzia não vai dá a resposta ao povo porque o poder vem do povo e o povo não vai gostar de uma gestão que só governa para meia dúzia, assim, ele não tem nem o povo nem a meia dúzia.

O prefeito para governar bem tem que romper com os vícios políticos, com o vício daqueles que quer que o prefeito ganhe para alugar o seu carro e não sair da garagem, o vício daquele que quer ganhar muito e ficar em casa sem trabalhar, o vício daquele que quer colocar um bocado de gente na prefeitura para não fazer nada, então, o prefeito tem que quebrar esses vícios e tem que governar com pulso forte, dizendo: vai licitar vai, vai ter que comprar naquele que tiver o menor preço; não é comprar daquele que votou no prefeito e quer superfaturar os preços dos produtos. Se o prefeito não tiver essa visão ele não governa.

Para fazer compras para a prefeitura tem que passar pelo prefeito. O prefeito não é apenas para assinar papel em branco e deixar tudo nas mãos de assessores, como muitos prefeitos fazem; esse é o grande perigo e pecado que os prefeitos cometem. Infelizmente, as pessoas entendem que a máquina pública e o dinheiro público não têm dono, desde o secretario até ao gari. Eles entendem que o dinheiro público é para ser desviado, essa é a visão da maioria, e se não tiver alguém para dizer que o dinheiro público tem dono, é vigiado e fiscalizado, a administração cai por terra.

Muitos fazem farra com o dinheiro público; desde o motorista que pega a ambulância com o pneu novo e no caminho troca por um velho, ao gari que muitas vezes rouba uma vassoura nova para poder vender na esquina; os secretários que gastam como querem e desviam dinheiro da prefeitura. Se o governante não centralizar e controlar e dizer aonde comprar, como comprar, essa administração não vai a lugar nenhum.

A primeira coisa a fazer é um recenseamento dos servidores para ver quem está trabalhando. Tem gente que trabalha meio período outros não trabalham e vivem sugando dos cofres públicos. Tem que exigir e fiscalizar quem realmente trabalha e quem não trabalha. Os servidores que não trabalham têm que dá lugar a quem quer trabalhar.

Então, o prefeito tem que ser o gerente; é igual a uma empresa, não tem nada diferente, tem que fiscalizar o dinheiro público. Quem trabalha tem que ter o horário de trabalhar, senão trabalhar tem que ter o ponto cortado, descontado na folha no final do mês e demitido se for o caso, que só assim incentiva o servidor público a trabalhar; com essa atitude, o prefeito estimula aqueles que querem realmente trabalhar.

Os secretários têm que ter um limite, secretário tem que despachar com o prefeito e o prefeito é que tem que dizer aonde vai gastar, não o secretário ter autonomia para fazer, desfazer e gastar ao seu bel prazer. E é daí que a gente ver as ações que são feitas, para onde os recursos terão que ser destinados.

O prefeito tem que ir aos postos de saúde para saber se o médico está indo trabalhar, cumprindo o horário, se a enfermeira está indo trabalhar, se os funcionários estão atendendo bem a população, se o remédio não foi desviado, só assim o prefeito sabe o que comprou; não basta ter só o controle, tem que fiscalizar tudo isso pessoalmente. O prefeito tem que visitar todas as repartições públicas e colocar câmeras em todos esses setores para poder controlar. Infelizmente, existe uma cultura no país de que o que é público tem que ser desviado, furtado, desde a merenda escolar que foi comprada para um mês e não demora uma semana. Se você fiscalizar, fazer visitas surpresas, isso será evitado.

Essa mania de dizer que estamos em crise e que o dinheiro é pouco, isso não existe, não existe crise quando o dinheiro é fiscalizado, porque o dinheiro que vem é suficiente, mas é preciso ter o controle. Numa prefeitura que todo mundo governa, todo mundo administra, essa administração não chega a lugar nenhum.

Aí vem o secretário rouba um pouco, o diretor da escola rouba um pouco, o diretor do hospital rouba, o chefe do abastecimento desvia combustível, a merendeira desvia a merenda, o outro rouba o remédio, o motorista do ônibus escolar rouba o pneu; aí nada funciona, nada vai dá certo nesse país.

O que tem que existir nesse país é o gestor gerente, com pulso forte, capaz de fiscalizar, reclamar e de punir os responsáveis. Se o prefeito percebe que o funcionário está errado, tem que colocar para fora porque quem assina é o prefeito, o povo outorga o poder ao prefeito, o povo não vota em secretário, em diretor de escola, em diretor de hospital, o povo vota no prefeito, então, quem tem que dá satisfação ao povo é o prefeito.

Outro absurdo cometido pelos gestores é o nepotismo desenfreado e descarado em colocar toda a família para trabalhar ao invés de abrir espaços para aqueles que precisam e que têm competência – alguns familiares também têm - para exercer determinados cargos.

Sobre o blog

Roberto Ventura: Bel. em   Ciências Sociais ( Cientista Político),   Jornalista, Radialista, Pós-graduado em Assessoria de Comunicação e Marketing, cursou Marketing Político, Ex-Arbitro de Futebol Profissional

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