Blog do Roberto Ventura

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O improviso em uma campanha eleitoral pode levar ao insucesso nas urnas

19/08/2018 21h09
O improviso em uma campanha eleitoral pode levar ao insucesso nas urnas

Não é admissível que ainda se faça campanhas políticas aos moldes tradicionais e de forma amadora, onde se prioriza mais o “achismo” ao invés de uma estruturação profissional.

O que tenho presenciado nas últimas eleições é o puro amadorismo de candidatos que formam suas equipes baseados na improvisação com pessoas sem o mínimo de conhecimento ou qualificação política, isso tem levado muitos deles ao insucesso as urnas.

Na verdade, muitos candidatos brincam com a sorte, jogam no escuro, teimam em fazer campanhas à base da experiência de cabos eleitorais despreparados e que nenhum conhecimento possuem em relação ao modelo moderno de se fazer campanhas eleitorais.

A experiência em eleições anteriores e as opiniões de cabos eleitorais e colaboradores, substituem a função da pesquisa; o “talento local não-especializado” (fotografia, material gráfico), faz as vezes da equipe de publicidade; e a intuição, os sentimentos e a memória de eleições passadas substituem o complexo processo de construção da estratégia. Esse modelo é competitivo desde que todos os candidatos em disputa o adotem. Se, entretanto, um dos candidatos adotar o modelo moderno de campanha, o modelo tradicional perde a sua competitividade.

Não se concebe que uma campanha seja feita de forma tradicional, amadora, sem nenhuma tática ou estratégia para sensibilizar e conquistar o eleitor. E só é possível obter uma boa estratégia através de dados, baseados em pesquisas eleitorais.

Uns dizem: O Candidato “A” está bem e liderando em determinado bairro!” Outros falam: “Estamos vencendo no conjunto ‘fulano de tal’. e o candidato “B” está perdendo em vários bairros”. Mas como eles chegaram a essa certeza se não foram feitas pesquisas que indiquem esses números? São videntes por acaso? Pode-se ter uma ideia, uma previsão, mas não certeza absoluta. É fato que as pesquisas nos dar um direcionamento para a condução da campanha eleitoral.

Como saber os anseios, desejos e necessidades da população para se montar uma estratégia se você não tem os dados necessários? Como investir e colocar sua militância em determinada localidade sem saber como está sua aceitação ou rejeição? Como saber sobre o desempenho de seu adversário? Portanto, não se faz mais campanhas políticas sem pesquisas eleitorais. Não importa o tamanho do eleitorado, porque as pesquisas dão o direcionamento a ser seguido, elas funcionam como uma bússola, elas mostram quando, como e onde se fazer um trabalho que alcance o objetivo desejado.

Também é preciso esclarecer que só uma boa situação financeira não ganha eleição, - o dinheiro ajuda, mas não é tudo -, temos vários exemplos de candidatos milionários, que gastam fortunas, conquistam grande parte de lideranças políticas, cabos eleitorais, políticos com ou sem mandatos, mas, no entanto, perdem eleição ou passam a apoiar outros candidatos que preenchem os requisitos básicos para se obter o sucesso nas urnas.

Dentre os vários exemplos, não custa nada lembrar do ex-vice-presidente da República José Alencar, um dos homens mais ricos deste país, que mesmo com toda sua fortuna, passou a apoiar o sindicalista e torneiro mecânico Luiz Inácio Lula da Silva na campanha presidencial, porque o petista reunia características de um candidato com bastante potencial e poderia chegar a vitória, como de fato aconteceu.

Em Alagoas, tivemos nas eleições de 2006, o ex-deputado federal e usineiro João Lyra, à época, o homem mais rico de Alagoas. Lyra, compôs com a maioria dos deputados estaduais e federais, bem como cerca de 80 dos 103 prefeitos alagoanos, várias lideranças municipais, mas, no entanto, perdeu a eleição para o governador Teotônio Vilela que venceu no primeiro turno.

O sucesso em uma eleição depende de uma série de fatores, tais como: elaborar um eficiente planejamento, um bom marqueteiro, carisma, habilidade política, ser bem relacionado com os diversos seguimentos da sociedade, uma competente e qualificada equipe para coordenar a campanha, compor com lideranças, poder de aglutinação, apoio em todos os níveis, e dar poderes aqueles que realmente entendem, sabem, foram e são preparados para essa missão e, evidentemente, uma boa situação financeira; essa é a fórmula.

Uma equipe não ganha eleição se for mal escalada, o amadorismo e a falta de conhecimento político podem levar uma campanha eleitoral a derrota. Então, é preciso ter bastante atenção e cuidado na montagem de sua equipe.

Em política, o improviso é fatal! Não se pode fazer política a base do achismo, sob o domínio da paixão, da emoção, e sim, pela razão. O candidato que tem o mínimo de bom senso, conhecimento e pretensões políticas, deve afastar o quanto antes, aqueles que atrapalham em sua caminhada, ou seja, pessoas que não somam, não dominam o assunto, despreparados, e que só servem mesmo para exercer o papel de bobos da corte, que para manter seus privilégios sempre concordam em tudo com o chefe, mesmo que esse esteja equivocado. Essas figuras são nocivas a qualquer político que aspira o sucesso em uma eleição.

Há um ditado que diz: “o barato sai muito caro”! E na política não é diferente. O candidato que usa do improviso, delegando poderes a amadores para comandar e coordenar determinadas áreas da campanha, sem dúvida, tende a ser derrotado.

Sempre em épocas de eleição aparecem os “salvadores da pátria”, mas na verdade, esses querem mesmo é tirar proveito da “inocência” do candidato e de muitos dos que o acompanham para se locupletar, obter vantagem pessoal para si e seus asseclas. Para esses aproveitadores e parasitas, não importa o resultado da eleição.

Outro fator que tem deixado muitos candidatos pelo caminho, principalmente em cidades do interior do estado, - mas também acontece nas grandes cidades -, são as péssimas companhias, pessoas de má índole, que não têm credibilidade, não possuem carisma, não tem postura, e que estão diuturnamente ao lado do candidato, visando apenas vantagens pessoais; esses são os verdadeiros sanguessugas e parasitas. Portanto, o improviso, aliado a esses e outros fatores, são prejudiciais a todo e qualquer candidato.

 

Sobre o blog

Roberto Ventura: Bel. em   Ciências Sociais ( Cientista Político),   Jornalista, Radialista, Pós-graduado em Assessoria de Comunicação e Marketing, cursou Marketing Político, Ex-Arbitro de Futebol Profissional

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