Blog do Roberto Ventura

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Derrota no Senado abala prestígio político de Renan Calheiros

03/02/2019 14h02
Derrota no Senado abala prestígio político de Renan Calheiros

Não há como negar que o senador Renan Calheiros foi o grande derrotado na eleição à presidência do Senado Federal.

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), 41 anos, foi eleito presidente do Senado com 42 votos, um a mais que os 41 necessários para a vitória no primeiro turno.

Davi Alcolumbre declarou que, fará todo o esforço possível para que a sessão na qual se elegeu presidente seja a última em que o voto é secreto.

Outro detalhe importante é que o novo presidente do Senado tem o apoio e respaldo do governo de Jair Bolsonaro, haja vista que o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, trabalhou forte nos bastidores para derrotar Renan e, conseqüentemente, eleger seu aliado David Alcolumbre.

Na última nesta sexta-feira (1º), o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi reeleito presidente da Câmara, também em primeiro turno. Com o resultado, o DEM passa a deter o comando do Senado e Câmara. Isso facilitará ainda mais as medidas que serão propostas pelo governo federal.

A eleição para a presidência do Senado Federal foi bastante tumultuada com agressões verbais entre alguns senadores que por pouco não chegaram às vias de fato, como foi o caso dos senadores Renan Calheiros (PMDB/AL) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). Quando os debates sobre voto aberto ou fechado já se aproximavam do fim, inesperadamente surgiu uma discussão no Plenário, entre Renan e Tasso. O Fato não se consumou porque Renan foi contido por colegas. “Você não tem voto, seu merda”, disse o alagoano, e Jereissati respondeu: “Você vai para a cadeia”.

Deixando de lado essa baixaria e falta de respeito ao povo brasileiro, vamos nos ater apenas sobre o novo quadro que teremos a partir de agora no Senado Federal.

Há um sentimento de mudança na Casa, de uma nova postura, no sentido de deixar de lado a velho e arcaica política, a qual ainda está muito viva no Senado. O novo presidente conta com o apoio de 42 senadores, entretanto, é evidente que esse número irá aumentar nos próximos dias.

O senador Renan Calheiros, que intransigentemente queria a todo custo e de todas as maneiras ser pela quinta vez o presidente do Senado Federal, encontrou desde cedo, forte resistência de velhos e, principalmente, de novos senadores.

Renan perdeu o respeito e o controle da maioria no Senado, mas, mesmo assim, uma minoria resistente ainda insistia em apoiá-lo. Vale salientar que, Calheiros angariou tanto simpatizantes quanto desafetos, devido ao seu estilo de administrar e fazr poitia  naquela Casa.

Percebendo desde cedo que não teria a mínima chance de vitória, - haja vista a forte rejeição e oposição não só no Senado, mas, sobretudo no seio da população -, em uma jogada bem ao seu estilo, Calheiros resolveu de última hora tirar seu nome da disputa alegando que não concordava com a forma de como estava sendo conduzida a eleição.

É fato, é lógico e evidente que, Renan Calheiros sabedor de que sofreria uma esmagadora derrota, e como forma de amenizar essa derrota e ver aumentar ainda mais seu desgaste político, ele resolveu renunciar a disputa.

A pressão popular através das mídias sociais, o forte poder de negociação por parte do governo de Bolsonaro através do ministro Lorezoni, surtiu efeito, porque, sem dúvida, Renan seria um incômodo, uma pedra no caminho da governabilidade, e traria sérios problemas ao novo governo.

Sem a presidiência do Senado, Renan fica cada vez mais fragilizado dentro da conjuntura política nacional. É claro e evidente que como presidente da Casa, Renan teria, quem sabe, certa tranqüilidade devido ao poder de barganha e maior prestígio político. Sem esse poder, e sem o apoio de grande parte dos senadores, Renan torna-se, eu não diria impotente, mas, fragilizado em relação ao seu mandato porque terá mais uma vez em seu encalço, o Ministério Público Federal na pessoa da procuradora Raquel Dodge.

Como oposição declarada ao governo de Jair Bolsonaro, Renan poderá ter sérios problemas em seu novo mandato. No entanto, resta saber como ele irá se comportar em relação a sua postura diante do governo federal.

A derrota de Renan gera um alívio a muitas personagens emblemáticos existentes nos três poderes, mas, sobretudo, a senadores que devem favores e têm acordos de toda ordem com o velho senador alagoano, e é obvio que, com o resultado da eleição e a consequente derrota de Calheiros, esses senadores estão se sentindo aliviados.

Portanto, Renan Calheiros foi sumariamente derrotado, fragilizado e vê seu prestígio político abalado com o resultado da eleição do Senado Federal.

 

Sobre o blog

Roberto Ventura: Bel. em   Ciências Sociais ( Cientista Político),   Jornalista, Radialista, Pós-graduado em Assessoria de Comunicação e Marketing, cursou Marketing Político, Ex-Arbitro de Futebol Profissional

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