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Possível volta do futebol divide opiniões entre clubes brasileiros

Pressão pelo retorno partiu do Governo Federal, por meio do presidente Bolsonaro

Por 7Segundos 12/06/2020 09h09
Possível volta do futebol divide opiniões entre clubes brasileiros
Inter já está treinando desde maio - Foto: Divulgação

As competições de futebol no Brasil estão paralisadas há cerca de três meses, desde que foi declarada a pandemia de Coronavírus. Embora a situação ainda esteja em um ponto delicado, já se começa a discutir um possível retorno dos campeonatos. No entanto, o debate está longe de ser unanimidade entre os clubes.

A pressão pelo retorno partiu do próprio Governo Federal, por meio do presidente Jair Bolsonaro, que é um notório defensor do fim do isolamento. “Já existe muita gente que entende, que está no meio futebolístico e é favorável à volta porque o desemprego está batendo à porta dos clubes também. Com essa idade jovem, caso seja acometido do vírus, a chance de o jogador partir para a letalidade é infinitamente pequena”, disse o presidente.

No entanto, a questão envolve uma série de pormenores, desde questões referentes à saúde e segurança de todos os envolvidos até as necessárias alterações estruturais pelas quais as competições certamente passarão. Afinal, os campeonatos estaduais sequer foram encerrados, e o calendário do Brasileirão previa início no dia 9 de maio.

“Ainda é preciso fazer uma profunda discussão sobre qual será o formato do Campeonato Brasileiro, já que o calendário certamente terá de ser mudado, possivelmente com menos datas disponíveis. Esse deve ser o primeiro passo antes de pensar em retornar com as competições”, aponta Rodrigo Dias, editor do portal sitesdeapostas.bet.

No Rio, pressa pelo retorno é grande, mas há divergência entre clubes

Fluminense é um dos clubes contrários. Foto: Divulgação

No Rio de Janeiro, segundo estado mais afetado pela crise no país, 13 clubes assinaram um manifesto pelo retorno das atividades (incluindo Flamengo e Vasco) em nota publicada no site da federação carioca no último mês. As conversas evoluíram até que o governo estadual autorizasse o retorno das competições com portões fechados. No entanto, uma liminar judicial suspendeu a flexibilização para o retorno do campeonato.

Há uma enorme queda de braço entre os quatro grandes clubes do estado. De um lado, Flamengo e Vasco são os maiores apoiadores do retorno das competições. Os dois presidentes chegaram a se reunir com o presidente da República, Jair Bolsonaro, para encontrar uma forma de viabilizar o retorno.

Do outro lado, estão Botafogo e Fluminense, que também têm o respaldo do Sindicato dos Jogadores. Ex-presidente e atual membro do comitê gestor do Glorioso, Carlos Augusto Montenegro chegou a cravar que o clube não entraria em campo em caso reinício das competições.

"Se vier pressão de CBF, Ministério da Saúde ou Federação para que se inicie os treinos nessa situação, em que todos os técnicos dizem que pode piorar, o Botafogo não vai jogar. Vai continuar treinando em casa, com os atletas em casa. Os atletas em casa pelo menos estão protegidos. Como que vou tirar eles de lá? Para ficar treinando? Isso é uma estupidez. A gente perde ponto, mas cada ponto que a gente perder vai ser uma vida salva", disse o dirigente na ocasião.

Já o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, ressaltou a preocupação jurídica em caso de retorno prematuro das competições esportivas enquanto os casos de Covid seguem subindo no estado e no país.

“A questão entra na esfera trabalhista. Com a decisão do STF recente, com relação à doença ocupacional, a partir do momento que se testa 40 jogadores e eles não estão infectados, você atrai o ônus para o empregador, pelo menos na minha visão. Se o funcionário entra, não tem nada e contrai o vírus depois que retornou. Não posso negar que muitos atletas, não só do Fluminense, gostariam de voltar a treinar presencialmente. Tenho dito que vai chegar esse momento, mas quando a gente entender que não está se colocando a vida dos outros em risco”, disse.

No último sábado, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) realizou uma reunião com dirigentes dos clubes e decidiu-se pela cautela: a federação e os clubes não estipularam data para o retorno e vão esperar o referendo do protocolo Jogo Seguro e de outras medidas pelas autoridades sanitárias para reiniciar o torneio.

São Paulo

No estado mais afetado pelo Covid-19, a federação e os clubes formalizaram um pedido ao governo pedindo o retorno às atividades no dia 15 de junho, mas não há nenhuma estimativa para o reinício do campeonato.

A principal diferença em relação ao Rio de Janeiro é que parece haver uma união maior entre os clubes, que se reuniram há algumas semanas e alinharam o posicionamento de cautela em relação a qualquer retomada. A prioridade no estado ainda é seguir as recomendações do governo do que diz respeito à saúde e segurança.

Retomada no Sul

Grêmio foi o primeiro clube a retomar as atividades, ao lado do rival Inter. Foto: Divulgação

Ainda sem um posicionamento em relação ao retorno do Campeonato Gaúcho, Grêmio e Internacional deram o pontapé inicial ao retomarem os treinamentos no início de maio, apesar de casos de Covid-19 como o de Diego Souza, atacante do time tricolor, e Marcelo Medeiros, presidente do Colorado.

Apesar de ter contraído a doença, o dirigente do Inter deu uma declaração polêmica à Rádio Guaíba, ressaltando que os jogadores precisam cumprir a determinação do clube. “Tenho certeza de que todo mundo quer trabalhar. Um outro problema que estamos enfrentando agora é a questão econômica. Jogador que não quiser jogar pode pedir demissão. Se for aberta a possibilidade de o futebol voltar, ele vai cumprir o contrato que ele assinou”, disse o presidente há algumas semanas.