Alagoas

Coopvila registra prejuízo de quase R$ 10 mil após encerramento de convênio

Catadores reclamam que Prefeitura não repassa verba à cooperativa; apenas triagem continua

Por Anne Caroline Bomfim e Mariane Rodrigues 29/04/2016 12h12
Coopvila registra prejuízo de quase R$ 10 mil após encerramento de convênio
- Foto: Coopvila

A Cooperativa de Catadores da Vila Emater (Coopvila) já registra um prejuízo de quase R$10 mil reais após o encerramento do convênio firmado com a Petrobras. Os catadores reclamam que a Prefeitura de Maceió não repassa verba à cooperativa e, por conta de dificuldades financeiras, os cooperados optaram por encerrar as atividades na última terça-feira (26). Apenas a triagem continua. 

De acordo com a presidente da Coopvila, Ivanilda Gomes, os catadores estão enfrentando uma série de obstáculos e, alguns deles, já passam até fome por conta da falta de dinheiro. Até setembro de 2015, todos os custos da cooperativa eram financiados pela Petrobras, por meio do programa “Reciclar e Educar”, firmado há dois anos. As dificuldades iniciaram depois do término do contrato com a estatal, que possuía prazo acordado para conclusão.

“Não tivemos nenhum problema com a Petrobras. O problema é a prefeitura que prometeu que, depois que o contrato terminasse, nos ajudaria na manutenção da cooperativa. Isso não aconteceu. Estamos entregues às moscas e fazemos o possível e o impossível para sobreviver”, exclamou.

Ao todo, 32 famílias sobrevivem com os ganhos da reciclagem. Durante a vigência do contrato, os cooperados chegavam a ganhar cerca de R$700 por mês. Atualmente, sem nenhum tipo de patrocínio ou incentivo, os catadores conseguem tirar apenas R$100 reais mensais.

Dívidas

Para realizar a coleta de resíduos nos bairros e residências cadastradas, a Coopvila dispõe de três veículos especializados e, até então, possuía um convênio firmado com um posto de combustível da parte baixa de Maceió. O contrato foi temporariamente cancelado pela falta de verba e início de endividamento dos catadores. O resultado foi uma dívida de aproximadamente seis mil reais com o estabelecimento, além do atraso no pagamento de contas de água, luz e internet.

“O salário do motorista também está atrasado. Se uma empresa se interessar em nos ajudar, também fica complicado, porque estamos praticamente sem comunicação. As contas dos celulares chegaram, mas não temos condições de pagar”, reclamou.

Prefeitura

A Prefeitura de Maceió, por meio da Superintendência de Limpeza Urbana (Slum), afirma não haver convênio ou responsabilidade legal da prefeitura relativa ao repasse de verbas às cooperativas.

A Slum, através de assessoria, explica que o que houve, na verdade, foi uma assistência da prefeitura com o custeio de caminhões, e apoio técnico e administrativo cedidos às cooperativas, como aconteceu à Cooperativa de Recicladores de Lixo Urbano de Maceió (Coplum).

A superintendência informou, ainda, que quando a Coopvila estava em convênio com a Petrobras, negou a parceria com a prefeitura, e que logo após o cancelamento com a estatal, acionou o Ministério Público do Trabalho (MPT) para uma solução. O MPT contatou a prefeitura para encontrar uma solução viável aos envolvidos, que resultou na chamada pública ocorrida na segunda-feira (18) da semana passada.

A partir de agora, as cooperativas que tiveram interesse em participar do convênio tem 45 dias, após o dia da chamada para serem contratadas. No entanto, elas precisam se adequar administrativamente com a legislação vigente. Para isso, a Slum informa que disponibiliza equipes técnicas administrativas e jurídicas para auxiliar as cooperativas a se regulamentarem.