Economia

Endividamento dos maceioenses recua 4,4% no mês de junho em comparação a maio

Por Ascom Fecomércio 04/07/2016 18h06

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor de Maceió (PEIC) aponta que o endividamento reduziu 4,4%, em junho, conforme levantamento realizado pelo Instituto Fecomércio AL de Estudos, Pesquisas e Desenvolvimento (IFEPD), em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A redução de 61,3%, em maio, para 58,6%, em junho, indica que os consumidores começam a optar pelo pagamento à vista em detrimento do uso de cartões e recursos financeiros a fim de evitar dívidas em logo prazo e o risco de contrair débitos numa época de incerteza no emprego. 

Também houve redução no percentual de endividados com contas em atraso, que saiu de 32,1%, em maio, para 31,3%, em junho; uma redução de 2,49%. Já em relação aos inadimplentes, o levantamento sinaliza uma estabilidade: 19,2% para maio e 19,3% no mês passado (uma alta inexpressiva de 0,52%).

DADOS

Dos 58,6% dos consumidores de Maceió que possuem dívidas, 24,3% se consideram muito endividados; 16,7% acreditam que estão num nível intermediário de endividamento e 17,6% se acham pouco endividados. Os que não possuem nenhum tipo de dívida e estão fora da estatística já são 41,4% (em maio, eram 38,7%).

A praticidade do cartão de crédito - forma mais fácil de adquirir empréstimos pelas financeiras e bancos – o mantém na liderança como principal tipo de dívida dos consumidores, embora tenha registrado uma discreta redução de 0,22% em junho. Enquanto em maio 87,1% dos consumidores possuíam dívidas nessa modalidade, em junho esse percentual foi de 86,9%. Em seguida, surgem os carnês com 6,5% e o crédito pessoal com 5,1%. 

Dos 31,3% das famílias que possuem contas em atraso, 53,4% indicaram que existe mais de um membro de sua residência que está nessa mesma situação. Um aumento quando comparado ao mês anterior de 1,91%. Já quando observamos os 19,3% dos consumidores que estão inadimplentes, 7% indicaram que terão como pagar totalmente suas dívidas já no próximo mês, um aumento de 6,06%. Porém, houve um aumento de 2,83% daqueles que não terão como pagar suas dívidas e se manterão em situação de inadimplência.

Em sua grande maioria, os consumidores que possuem dívidas em atraso já as mantém entre 30 a 90 dias, representando 48,3%. O tempo médio que os consumidores permanecem endividados gira em torno de 68,1 dias. Quanto ao número de parcelas, boa parte opta por dívidas entre 3 a 6 meses, representando 33,4%. O comprometimento médio da renda em dívidas está em torno de 27%, portanto, dentro da margem de segurança de até 35%. 

CONTEXTO

Os dados apontados pela pesquisa, na análise do assessor econômico da Fecomércio AL, Felippe Rocha, refletem o desemprego no Estado. Isso porque dados divulgados em junho (dia 29) pelo IBGE na PNAD contínua demonstram que houve aumento de 1,0 ponto percentual nos níveis trimestrais de desemprego (março a maio de 2016) em todo país, o que representa um aumento de 1,1 milhão de desempregados. E Alagoas seguiu a tendência. Dados do CAGED registram 813 pessoas desligadas das atividades produtivas do estado em junho, totalizando 29.814 desempregados entre janeiro a maio deste ano. As atividades econômicas ligadas à construção civil, ao comércio e aos serviços representaram o maior número de desligamentos (646, 487 e 168, respectivamente).

“Apesar de uma variação positiva de 583 empregados admitidos com a retomada da atividade produtiva do setor sucroenergético entre maio e junho, esse volume não é suficiente para rever as perdas ao longo do ano. Essa incerteza de permanência no mercado de trabalho, acaba fazendo com que as pessoas reduzam o consumo de bens e, no momento em que o realizam, optem por pagamentos à vista, pois além de ter poder para barganhar descontos, evita dívidas que possam complicar sua vida financeira em caso de desemprego”, explica Rocha.

O especialista explica que as perspectivas para o segundo semestre são mais otimistas. Isto porque como nesse período Alagoas demanda mais empregos nos setores de açúcar e álcool, projeta-se que haverá uma redução de pelo menos 2 pontos percentuais da inadimplência ao longo do semestre. “E a sinalização do governo de retomar obras e a construção de casas deve reequilibrar o saldo de admissão e desligamentos nos setores de construção civil e do comércio de materiais de construção, bem como movimentar o consumo no mercado, tanto de produtos ligados às obras, quanto do comércio como um todo, pois os novos empregados serão reinseridos no mercado de consumo e, como todo consumidor, contrairão novas dívidas”, avalia o economista.