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Tiroteio em shopping deixa nove mortos em Munique; polícia procura atiradores

Por UOL com Com agências internacionais 22/07/2016 19h07
Tiroteio em shopping deixa nove mortos em Munique; polícia procura atiradores
- Foto: AP

A polícia alemã afirmou que um tiroteio deixou ao menos nove mortos em Munique nesta sexta-feira (22). O porta-voz da polícia, Marcus da Gloria Martins, afirmou que a ação pode ter envolvido três atiradores. As autoridades fazem buscas, mas não sabem onde estão os autores do ataque. Não há informações sobre o número de feridos.

Homens armados abriram fogo em um shopping center da cidade e nos arredores. Autoridades investigam se um corpo encontrado perto do centro comercial é de um possível envolvido no ataque, e averiguam com cautela o local, por temer a existência de explosivos em uma mochila. A polícia suspeita de terrorismo, mas até agora sem ligação com o terror de inspiração islâmica, e está à procura dos criminosos. Até o momento, nenhum grupo assumiu a autoria dos ataques.
Segundo autoridades, a situação geral na cidade "ainda não é clara" --mais de um tiroteio pode ter ocorrido, em diferentes locais, informação não confirmada. Há uma grande operação de segurança na cidade, e a polícia pediu que a população evite criar mais especulações sobre ameaças.

A polícia pediu à população que evitasse lugares públicos na cidade. Além disso, orientou os moradores para que não postem imagens nas redes sociais. "Não apoie os criminosos", escreveu a polícia. A principal estação de trem foi esvaziada, e os serviços de ônibus e metrô foram suspensos.

Testemunhas disseram ter visto três homens fortemente armados. Essas testemunhas também afirmaram que havia tiroteio em ruas próximas, assim como no interior do shopping center Olympia. Pelo Facebook, a polícia alemã confirmou que um tiroteio começou nas ruas de Munique e depois foi registrado dentro do shopping Olympia. Os agentes também atenderam a um chamado ocorrido no centro da cidade, que fica distante do shopping.

A primeira ligação de uma testemunha para os serviços de emergência foi registrada às 17h50 (hora local; 12h50 de Brasília) e alertava sobre um tiroteio em duas das ruas próximas ao complexo comercial, que fica em uma zona residencial e tem um total de 135 estabelecimentos.

O shopping foi esvaziado. Nas redes sociais, por meio da hashtag #OffeneTür (portas abertas), moradores de Munique estão oferecendo abrigo aos que estão nas ruas sem ter como se deslocar, já que não há transporte público. Hotéis e até mesquitas também se dispuseram a receber os que estão sem abrigo.

Segundo o "Süddeutsche Zeitung", jornal de Munique e um dos principais da Alemanha, um hospital da cidade recebeu três feridos em estado grave. Um deles era uma menina de 15 anos que, de acordo com a publicação, acabou não resistindo aos ferimentos.

Vários agentes rodearam o centro comercial e helicópteros sobrevoaram a região.

O Itamaraty disse que, até agora, não há informações sobre brasileiros entre as vítimas em Munique e que o consulado do Brasil acompanha os acontecimentos.

A chanceler Angela Merkel ainda não se manifestou publicamente sobre o ataque em Munique. Pelo Facebook, o governo alemão se disse solidário às vítimas e pediu compreensão por não poder emitir "opiniões nem especulações". Peter Altmaier, um dos assessores mais próximos de Merkel, declarou a um programa de TV alemão que nenhuma hipótese está descartada. O presidente alemão, Joachim Gauck, afirmou em nota oficial estar "profundamente chocado" com o ocorrido.

A jornalista brasileira Sylvia Siqueira Campos, que chegou nesta sexta-feira a Munique para participar de um evento, relatou ao UOL como está o ambiente na região do shopping --ela está hospedada em um hotel próximo. "Eu simplesmente desci na estação errada. Por 10 minutos, eu estaria dentro do local dos tiros. É uma sensação muito ruim", contou.
A Alemanha está em estado de alerta desde que um jovem de 17 anos invadiu um trem em Wurzburg e atacou com um machado os passageiros na última segunda-feira (18). No episódio, quatro pessoas ficaram feridas e o atacante, que teria jurado lealdade ao grupo terrorista Estado Islâmico, foi morto pelos policiais.

Atentado de 1972
Munique foi palco do maior atentado da história dos Jogos Olímpicos. No dia 5 de setembro de 1972, um grupo de terroristas palestinos da organização Setembro Negro invadiu a Vila Olímpica de Munique e ingressou nos dormitórios da delegação israelense. Duas pessoas foram assassinadas imediatamente e outras nove foram feitas reféns do grupo. Os terroristas pediram a libertação de 200 árabes prisioneiros em Israel e ameaçaram executar dois reféns a cada hora.


As competições tiveram que ser suspensas, enquanto seguiam as negociações entre os palestinos e as autoridades alemãs. A Vila Olímpica foi cercada por 4.000 policiais. Com a chegada da noite, a polícia convenceu o comando a seguir para o Cairo (Egito).

Dois helicópteros partiram com os oito palestinos e os nove reféns em direção ao aeroporto militar. Na chegada ao aeroporto, a polícia lançou um ataque que resultou na morte de 18 pessoas, entre elas os nove reféns, cinco terroristas palestinos, um policial e o piloto de um dos helicópteros.

Na última quinta (21), agência de monitoramento de terrorismo SITE informou que um canal de extremistas do aplicativo Telegram citou o atentado em Munique-1972 como exemplo para que terroristas possam fazer atentados nas Olimpíadas do Rio de Janeiro.