Zona da Mata

Caso 'Ninjas': testemunhas e quatro réus são ouvidos em júri no Fórum da Capital

Uma das testemunhas afirmou que viu chacina ser cometida por apenas dois homens, que não estariam fardados como policiais

Por Redação com TJ/AL 21/09/2016 14h02
Caso 'Ninjas': testemunhas e quatro réus são ouvidos em júri no Fórum da Capital
Juiz Geraldo Amorim questiona testemunha - Foto: Itawi Albuquerque

O 3º Tribunal do Júri de Maceió realiza nesta quarta-feira (21) o julgamento de quatro acusados de uma chacina em 2002, em União dos Palmares. Durante a manhã, foram ouvidas 7 testemunhas e iniciados os interrogatórios dos réus. A previsão é que o júri se estenda pela noite ou só seja finalizado amanhã (22).

O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital, preside a sessão. Estão sendo julgados os policiais militares José Valdir Gomes Ferreira, José Paulo Barros de Araújo, Nilton Nascimento Correia e Marcos Mota dos Santos. Eles são apontados como integrantes de um grupo de extermínio denominado de “ninjas”, conforme denúncia do Ministério Público de Alagoas.

Na versão da acusação, o filho do cabo José Valdir teria sido agredido por um dos jovens assassinados, durante um “showmício” que ocorria na cidade naquela noite, e esse seria o motivo do crime. A chacina ocorreu próximo à ponte sobre o rio Canabrava, no bairro Roberto Correia de Araújo, em um local conhecido como Vagem, por volta de 4h da madrugada do dia 5 de setembro de 2002. As vítimas são os jovens Tiago Holanda da Silva, Cizenando Francisco da Silva, Sydronio José da Silva e Maurício da Silva.

Testemunhas indicadas pela defesa afirmaram que os policiais são pessoas trabalhadoras e de bom comportamento. Relataram que não têm conhecimento de comentários negativos sobre eles na cidade. A testemunha Denayse Godoy afirmou que viu o momento do crime e que ele foi cometido por apena duas pessoas, que não estavam fardadas como policiais.

“[A sessão do júri] é um processo longo porque são quatro réus e quatro vítimas, teremos uma quesitação extensa, serão 80 quesitos, se a defesa não apresentar uma nova tese. O que eu espero que é que façam o julgamento com a consciência, para se distribuir Justiça”, explicou o juiz Geraldo Amorim.

O promotor Maurício Mannarino Texeira Lopes afirmou que há um “grande acervo probatório”. “O estado de Alagoas já passa por problemas de violência terríveis e a violência policial é imperdoável, a gente não pode admitir que um agente da lei pratique uma chacina ou um homicídio”, disse.

O advogado Welton Roberto defende os quatro acusados. “A acusação, até hoje, não conseguiu demonstrar que os acusados estavam no local do crime, praticando o crime e com as armas que foram recolhidas (e indicadas como as armas do crime)”. A defesa sustenta que os réus estavam dormindo nas dependências da Polícia Militar no momento da chacina, e que a motivação dos assassinatos apontada pelo MP é “fantasiosa”.

Nove horas de debates

Após os interrogatórios, acusação e defesa terão, cada uma, 2h e 30min para as sustentações orais. Em seguida, há a réplica da acusação e a tréplica da defesa, com 2h cada. Os debates podem durar até 9h, portanto.