Brasil

Em discurso da vitória, Doria lança Alckmin à Presidência em 2018

Alckmin foi o principal padrinho de sua candidatura, muito criticada dentro do próprio partido

Por UOL 03/10/2016 06h06
Em discurso da vitória, Doria lança Alckmin à Presidência em 2018
Comitê eleitoral de Doria comemora a vitória no primeiro turno das eleições - Foto: Folhapress

Em seu discurso de vitória, na sede municipal do PSDB em São Paulo na noite deste domingo (2), o prefeito eleito de São Paulo, João Doria Júnior, fez questão de homenagear lideranças históricas tucanas, como os ex-governadores do Estado André Franco Montoro (1916-1999) e Mário Covas (1930-2001), e de lançar a candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência da República, em 2018. Alckmin foi o principal padrinho de sua candidatura a prefeito de São Paulo, muito criticada dentro do próprio partido.

Com 53,3% dos votos válidos, Doria se tornou o primeiro a vencer a corrida paulistana sem disputar o segundo turno desde a redemocratização.

Em sua fala, o tucano afirmou que Alckmin tinha "índole de ser um servidor", que era um "iluminado" e não havia "mal de se desejar" ser presidente da República.

"Vamos às prévias [para escolher o candidato tucano à Presidência em 2018], sim, para demonstrar o sentimento democrático do PSDB", pediu Doria. "E depois demonstrar [esse sentimento] aos partidos que estarão ao nosso lado", defendeu. Doria chegou a erguer o braço de Alckmin, do seu lado direito no palanque, celebrando a candidatura do governador paulista.

O discurso foi respondido pelo público presente com brados de "Brasil, para frente! Geraldo presidente!".

O prefeito eleito da capital paulista fez questão também de citar em seu discurso, de forma elogiosa, outras lideranças do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro das Relações Exteriores, José Serra ("um homem de bem", disse), e os senadores paulistas Aloysio Nunes Ferreira e José Aníbal.

Doria acenou amistosamente a um dos árduos adversários de sua candidatura, o ex-governador Alberto Goldman. "Ele merece o meu respeito." E repetiu a fala contemporizadora a todos os outros que se opuseram ao seu nome, "aqueles que têm posição diferente da nossa".

"A política não se faz criando inimigos, mas criando amigos", resumiu.

Governar para todos 

Dizendo que São Paulo "é a capital do Brasil", onde "convivem todos os brasileiros", Doria prometeu que será um prefeito para todos.

"Um prefeito tem que ter a grandeza de administrar para todos e não apenas para aqueles que nos elegeram", afirmou.

Mais para a frente no discurso, Doria assumiu o compromisso de sua gestão com os mais pobres.

"Vamos priorizar, sim, os mais pobres e os mais humildes. A eles a prioridade de nossa gestão", afirmou.

"Mostrar a essas pessoas que é possível dar a elas dignidade. Será a elas, que vivem muitas vezes à margem, que nós vamos dedicar a nossa gestão, para aqueles que vivem no fundão da cidade, mas sem se esquecer de toda a cidade", reforçou.

O candidato eleito também elogiou o fato de o PSDB ter decidido formar uma "chapa pura", citando o seu vice-prefeito, Bruno Covas, também tucano, ali presente. E negou ter estabelecido acordos com os outros 12 partidos que o apoiaram num sistema de toma lá, dá cá.

"Não houve loteamento algum", afirmou Doria. "[os partidos que nos apoiam] estão [conosco] porque acreditam no nosso projeto, nas nossas teses", disse.

De mãos dadas

Ao fim de seu discurso, Doria pediu que todos os presentes dessem as mãos. Para ele, esse é o gesto de união que quer para o seu governo, numa associação solidária com a população. "Não há heróis na política", posicionou.

O fim da fala foi seguido de "Tema da Vitória", tocada aos domingos, na TV Globo, em cada vitória de Ayrton Senna na Fórmula 1.

Voto "contra o PT"

Depois, em entrevista coletiva, Doria afirmou também que a votação expressiva que teve e sua vitória foram um voto "contra o PT, a corrupção e a má gestão".

"As ruas, especialmente em São Paulo, expressaram esse sentimento. E venceu esse sentimento nessa eleição", afirmou Doria, se referindo às manifestações contra o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) nos últimos dois anos.

O prefeito eleito disse também que a votação expressiva que teve, que lhe garantiu a conquista já no primeiro turno, aumenta sua responsabilidade.

Doria agradeceu o atual prefeito Fernando Haddad (PT) por tê-lo cumprimentado ao telefone, reconhecendo a derrota.

Segundo o tucano, Haddad se colocou à disposição para fazer a transição da gestão. Doria, porém, não falou de possíveis nomes para sua equipe, dizendo que "não é a hora para isso".

O prefeito eleito disse que o presidente Michel Temer (PMDB) também telefonou para parabenizá-lo.