Brasil

PSDB vai governar 24% da população brasileira, índice recorde desde 2000

Prefeitos tucanos obtiveram vitória em 28 das 92 cidades do país com mais de 200 mil eleitores

Por UOL 31/10/2016 06h06
PSDB vai governar 24% da população brasileira, índice recorde desde 2000
PSDB vai governar 24% da população brasileira, índice recorde desde 2000 - Foto: Divulgação

A eleição de 2016 transformou o PSDB no partido com a maior população governada no país neste século.

Com vitória em 28 das 92 cidades do país com mais de 200 mil eleitores, prefeitos tucanos vão administrar municípios que somam 23,7% da população brasileira —o cálculo não inclui o Distrito Federal, onde não há eleição para prefeito.

É o maior índice para um partido em eleições municipais desde 2000.

Além de São Paulo, onde elegeu João Doria no primeiro turno, os tucanos venceram também em outras 2 das 10 cidades mais populosas do país: Manaus e Porto Alegre.

O PSDB terá no total 803 prefeitos. Em números absolutos de prefeituras, no entanto, permanece atrás do PMDB, que venceu em mais de mil municípios.

Com maior população governada, o partido obtém uma área de influência maior, o que pode facilitar o caminho para a campanha à Presidência de 2018. Os tucanos Aécio Neves e Geraldo Alckmin ambicionam a indicação do partido.

O PSDB vai ainda administrar as maiores receitas do país: serão R$ 158,5 bilhões anuais, somando as prefeituras conquistadas.

Na eleição municipal de 2012, impulsionado pela vitória conquistada por Fernando Haddad em São Paulo, o PT havia sido o partido com a maior população governada, com 19,9%.

NAS CAPITAIS

O PSDB também será o partido que mais vai governar capitais a partir de 2017. Candidatos tucanos venceram em 7 das 26 capitais.

Candidatos tucanos foram derrotados neste domingo em Cuiabá, Campo Grande e Belo Horizonte.

Partido do presidente Michel Temer, o PMDB será o segundo partido com mais dessas cidades: governará quatro. PSB e PDT, que eram os partidos com mais prefeitos nessas cidades, perderam espaço nesta eleição.

Hoje, governam cinco desses municípios. Agora, pedetistas governarão três cidades e o PSB caiu para duas.

A eleição também marcou as primeiras vitórias em capitais de pequenos partidos, como Rede, PMN e PHS.

As 26 capitais serão governadas por 13 partidos diferentes, uma fragmentação recorde. Atualmente, esses municípios são administrados por dez siglas.

Com a confirmação da derrota em Recife, o PT ficou com apenas uma capital (Rio Branco) —é a primeira vez desde a eleição de 1985 que o partido fica com apenas uma dessas cidades.

O segundo turno também foi de êxito total para os candidatos à reeleição.

Os oito prefeitos que tentavam renovar seus mandatos venceram nas capitais neste domingo. Vinte prefeitos dessas cidades concorreram neste ano e 5 acabaram derrotados já na primeira votação. Sete se reelegeram já no primeiro turno.

Ex-prefeitos que tentavam voltar ao cargo tiveram desempenho muito pior: 7 concorriam no segundo turno e 3 se elegeram, em Aracaju, Curitiba e Goiânia.

Quatro prefeitos eleitos são do mesmo partido que os governadores: São Paulo, Belém, Recife e Rio Branco.

PRB DE CRIVELLA SE FORTALECE E ELEGE 31% MAIS PREFEITOS EM 2016

AFP

Partido do senador Marcelo Crivella, prefeito eleito do Rio de Janeiro, o PRB deve comemorar os resultados das eleições municipais de 2016. Além de conquistar como primeira capital a segunda maior cidade do país, a sigla elegeu 31% mais prefeitos e 33% mais vereadores do que em 2012.

No pleito anterior, o PRB conseguiu eleger, em dois turnos, 80 prefeitos pelo Brasil. Este ano, foram 105 eleitos –103 já no primeiro turno. No legislativo, subiram de 1.207 vereadores para 1.608, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). No segundo turno, além da capital fluminense, o partido venceu em Caxias do Sul (RS). Ficarão sob o comando da sigla cerca de 9,7 milhões de pessoas.

Segundo o professor da Unicamp Ronaldo de Almeida, o bom desempenho no legislativo pode ser explicado pelo laço com a igreja neopentecostal Universal do Reino de Deus. "A Universal é muito orquestrada, estratégica, e nessa eleição eles entraram para valer."

Para ele, porém, nas eleições majoritárias, a votação maciça de evangélicos –segundo o Datafolha, 92% declararam voto em Crivella– ajuda, mas foi preciso desvincular-se da imagem religiosa. "O voto evangélico atinge teto, é preciso mudar o discurso", diz. "O Crivella tinha dificuldade nisso e agora conseguiu, tornou sua imagem mais 'light'."

Mas nem tudo saiu com o esperado o PRB. A sigla perdeu quatro das seis disputas no segundo turno, em São Gonçalo, segundo maior colégio eleitoral do RJ, Volta Redonda (RJ), Canoas (RS) e Diadema (SP).

Além disso, não conseguiu, pela segunda vez, eleger seu candidato em São Paulo, Celso Russomanno. Em 2016 como em 2012, o deputado começou a corrida na frente e terminou em terceiro lugar.

"Não vejo falhas nem fracasso por parte do Russomano", disse, por email, o presidente interino do PRB, Eduardo Lopes. "Em 2016, a escolha foi por Doria. Ele terá outras oportunidades."

Segundo ele, o partido foca agora em 2018: quer aumentar a bancada na Câmara de 22 para 40 deputados, eleger "quatro ou cinco" senadores –hoje, Crivella é seu único nome na Casa–, e estrear em governos estaduais. "Vamos estudar cada caso e trabalhar para aumentar nossos números em todo o país."