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CBF estuda proteger Chapecoense de rebaixamento no Brasileiro de 2017

Ideia é garantir manutenção da equipe na Série A independentemente da colocação no campeonato

Por Folha de São Paulo 30/11/2016 06h06
CBF estuda proteger Chapecoense de rebaixamento no Brasileiro de 2017

A CBF estuda uma proteção à Chapecoense na disputa do Campeonato Brasileiro de 2017. A proposta será apresentada no conselho técnico do torneio, que deve acontecer no início do ano.

A ideia, que tem o apoio dos principais clubes da primeira divisão, é incluir um artigo que garanta a manutenção da equipe na Série A independentemente da colocação no campeonato.

Para não prejudicar as equipes da Série B, caso o time termine na zona de rebaixamento, uma das hipóteses seria realizar o Brasileiro de 2018 com 21 times. O Estatuto do Torcedor, porém, proíbe mudanças em regras de competições a menos de dois anos da sua realização.

Nesta terça (29), onze clubes emitiram uma nota conjunta de solidariedade ao time de Chapecó. Nela, eles se comprometem a ajudar com empréstimo gratuito de atletas e solicita à CBF que a equipe catarinense fique imune ao rebaixamento nas próximas três temporadas.

O presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol), Alejandro Dominguez, desembarcou no final da tarde em Medellín, local em que a Chapecoense enfrentaria o Atlético Nacional nesta quarta (30), no primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana. O jogo foi suspenso.

Ele disse que o futuro do torneio seria decidido em uma reunião do conselho da entidade. O clube colombiano solicitou à Conmebol que o time catarinense seja declarado campeão. Dessa forma, a Chapecoense garantiria uma vaga na Libertadores do próximo ano.

Em comunicado, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, lamentou a tragédia.

"É um dia muito, muito triste para o futebol. Lamentamos muito sobre o acidente aéreo na Colômbia. É uma notícia chocante e trágica. Nossos pensamentos estão com as vítimas, suas famílias e amigos", disse o dirigente suíço.

RODADA ADIADA

A CBF suspendeu a última rodada do Brasileiro, que seria realizada no domingo (4). Os jogos foram remarcados para o próximo dia 11.

A decisão foi tomada em uma reunião da diretoria realizada na sede da entidade.

Na última rodada, a Chapecoense enfrentaria o Atlético-MG na Arena Condá. Ainda não foi definido se esse jogo será realizado.

A CBF, que decretou luto de sete dias, também remarcou o segundo jogo da decisão da Copa do Brasil, entre Grêmio e Atlético-MG, que seria realizado nesta quarta-feira (30), na Arena do Grêmio. A partida ficou para o próximo dia 7.

VAGA NA LIBERTADORES

A intenção do Atlético Nacional de declarar a Chapecoense campeã da Copa Sul-Americana de 2016 pode não ser o suficiente. O UOL Esporte apurou com dirigentes da Conmebol que uma vaga na Libertadores em 2017, em disputa na Colômbia, pode transformar em sonho a homenagem às vítimas do acidente aéreo da madrugada desta terça-feira (29).

O campeão garante vaga direta para a fase de grupos da Libertadores. Por isso, o Atlético Nacional, que levou a última Libertadores, abriria uma vaga extra para os colombianos se conquistasse a Sul-Americana. A Conmebol fez esse ajuste para o regulamento de 2017.

Por isso, em um primeiro momento, a Conmebol apenas elogiou o pedido do Atlético Nacional, mas preferiu não confirmar que ele será atendido. Ela precisará ouvir os colombianos antes de oficializar a sua decisão.

Caso a confederação aceite o pedido, a entidade dará a vaga da Libertadores à Chapecoense e tirará o direito dos colombianos. Até a noite desta terça-feira (29), os dirigentes da Conmebol ainda não haviam recebido negativa dos clubes colombianos.Internamente, a entidade sul-americana é a favor do título aos catarinenses.

Enquanto o futuro desportivo não é definido, confederações e equipes já mostraram planos de ajudar a Chapecoense na reconstrução. Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Santos e Ponte Preta já colocaram seus jogadores à disposição para um empréstimo gratuito e estudam ações para impedir que a equipe de Santa Catarina seja rebaixada por um determinado período de tempo.

Em conjunto com seus cinco filiados da Série A, a FPF (Federação Paulista de Futebol) disse que colocará à disposição da Chapecoense toda a sua estrutura e seus departamentos para a reconstrução do clube. A Conmebol e Fifa decretaram luto e equipes pelo mundo também ofereceram condolências.

Entre as vítimas do acidente aéreo estão 19 jogadores do elenco da Chapecoense, além de integrantes da comissão técnica, incluindo o técnico Caio Júnior. Diretores do clube e jornalistas também estão na lista de mortos.

Alguns atletas da Chapecoense não viajaram com a delegação. A lista inclui os seguintes jogadores: Neném, Demerson, Marcelo Boeck, Andrei, Hyoran, Martinuccio, Nivaldo e Rafael Lima. Eles não vinham sendo utilizados pelo treinador Caio Júnior.

Na lista de convidados da Chapecoense para a viagem à Colômbia, o prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, não estava no voo. Outros dois membros da delegação, Plínio Arlindo De Nes Filho, presidente do Conselho Deliberativo da Chapecoense, e Gelson Merisio, presidente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, também não embarcaram, assim como o jornalista Ivan Carlos Agnoletto.

De acordo com a Aeronáutica Civil da Colômbia, seis pessoas foram resgatadas com vida do acidente, sendo três jogadores da Chapecoense: o lateral esquerdo Alan Ruschel, o goleiro Follmann e o zagueiro Neto. O jornalista Rafael Henzel e os tripulantes Ximena Suarez e Erwin Tumiri completam a lista de sobreviventes.