Saúde

Pediatra do HGE alerta sobre os perigos de acidentes domésticos com crianças

Segundo Carolina Arruela, um terço das vítimas de traumas e intoxicações caseiras são em crianças com idade de até nove anos

Por Agência Alagoas 10/07/2017 07h07
Pediatra do HGE alerta sobre os perigos de acidentes domésticos com crianças
Dados do Ministério da Saúde apontam que os acidentes ou lesões não intencionais são a principal causa de morte entre as crianças de um a 14 anos de idade - Foto: Carla Cleto

Quem tem criança em casa sabe que todo cuidado é pouco durante o período de férias ou recesso escolar. O perigo pode estar em qualquer lugar, na escada, na tomada de luz, na caixinha de medicamentos, na panela em cima do fogão ou até mesmo no tapete da sala.

Dados do Ministério da Saúde apontam que os acidentes ou lesões não intencionais são a principal causa de morte entre as crianças de um a 14 anos de idade, respondendo por 4,7 mil óbitos e 125 mil internações/ano. É um índice alarmante, especialmente se levarmos em conta que mais de 90% dos acidentes poderiam ser evitados com medidas de prevenção.

No Brasil, um terço das vítimas de traumas e intoxicações caseiras são crianças com idade de até nove anos, segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aproximadamente 13% dos óbitos na infância são causados por acidentes domésticos, que podem ser evitados com medidas simples de prevenção. 

“Queimaduras, cortes, afogamentos, inalação de pequenos objetos e ingestão de produtos químicos se tornam casos frequentes. Para se ter uma ideia, nove em cada dez acidentes envolvendo crianças acontecem em casa e, muitas vezes, podem ser contidos apenas com cuidados preventivos”, advertiu a pediatra do Hospital Geral do Estado (HGE), Carolina Arruela. 

Segundo ela, os acidentes infantis mais comuns nas férias acontecem em casa, ainda que também em piscinas, praias e durante as atividades de lazer próprias da época. “Os mais frequentes durante o período de férias são as queimaduras, as fraturas, os traumatismos cranioencefálicos e as intoxicações pelos produtos de limpeza e medicamentos. Também os cortes, as asfixias e as contusões estão dentro dos incidentes mais comuns”, contou. 

A especialista recomendou aos pais e familiares terem especial cuidado com os utensílios de cozinha, facas, isqueiros, fogões ou tesouras. “Essas ferramentas devem ser mantidas fora do alcance das crianças, da mesma forma que os medicamentos e os produtos de limpeza. A cozinha merece alerta especial, já que as principais vítimas de queimadura com líquidos quentes têm até 15 anos de idade. Atitudes simples como não direcionar o cabo da panela para fora do fogão, podem impedir esbarrões e prováveis queimaduras”.

De acordo com a pediatra, deve-se prestar atenção às janelas abertas, aos ventiladores ou outros equipamentos elétricos e tomadas. “O maior problema desses acidentes domésticos é a falta de informação dos pais ou responsáveis, que acreditam que a casa é o lugar mais seguro para as crianças. Por isso, não tomam cuidados necessários para a segurança dos seus filhos”.

Ela salienta que é de fundamental importância observar os produtos de limpeza, inseticidas e raticidas. “A dica é mantê-los em locais fora do alcance dos pequenos, de preferência em armários com tranca. É importante, ainda, não dizer aos filhos que o remédio é doce ou gostoso, porque isso pode estimulá-los a consumir sem supervisão dos adultos”, ressaltou.

A médica orientou ainda que para impedir os choques elétricos, é indicada a colocação de dispositivos que fechem as tomadas. E não se esquecer de orientar as crianças sobre os riscos de brincar perto de fios da rede elétrica. “Em caso de contaminação ou queimadura nunca realize a chamada automedicação. Deve ser procurado o hospital mais próximo”.

Além disso, a pediatra recomendou ter atenção nos passeios, quando levar as crianças à piscina ou à praia. “Acidentes podem acontecer em qualquer local, queimaduras do sol, acidentes que podem acontecer na água, desde cortes com pedras, quedas nas bordas da piscina ou picadas de animais venenosos, como  águas-vivas ou mesmo afogamentos”. 

No entanto, além das medidas preventivas, ela apontou o diálogo como fundamental para desfrutar as férias dos pequenos com mais tranquilidade e confiança. “Não é possível ter o controle total, o mais recomendável é manter um bom diálogo com os filhos, explicar os perigos de algumas situações e quais atitudes devem ser evitadas. Os pais não devem impedir as crianças de brincar, afinal a infância é a fase de desenvolvimento das habilidades físicas e cognitivas, e toda atividade estimula seu processo de crescimento. Portanto, toda brincadeira é uma descoberta e deve ser incentivada. Mas sempre com os olhos e asas de coruja por perto”, norteou a especialista.

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