Educação

Desenvolvido no Ifal, produto inovador na área de Engenharia ganha destaque internacional

Por Ascom Ifal 15/08/2017 11h11
Desenvolvido no Ifal, produto inovador na área de Engenharia ganha destaque internacional
Desenvolvido no Ifal, produto inovador na área de Engenharia ganha destaque internacional - Foto: Ascom Ifal

Uma solução inovadora, ecológica e econômica para a área de Edificações e Engenharia, desenvolvida no Instituto Federal de Alagoas - Ifal, reuniu com êxito conhecimentos de Biologia, Engenharia e Química, ultrapassou fronteiras, ganhou reconhecimento internacional e pode ser patenteada: trata-se do “Protótipo de um Bioaditivo Incorporador de Ar Derivado do Óleo da Mamona”. 

O nome parece um pouco complicado, mas define um produto inovador, fabricado a partir de um detergente natural neutro à base do óleo de mamona que, quando adicionado ao concreto utilizado em construções, o transforma em um material mais leve, de fácil manuseio e resistente a compressões e fissuras. O “detergente” é também uma alternativa ecológica e econômica diante dos aditivos químicos comercializados tradicionalmente, por utilizar componentes naturais e acessíveis facilmente na natureza.

O protótipo do bioaditivo incorporador de ar derivado do óleo de mamona foi desenvolvido pelos estudantes do Ifal Campus Palmeira dos índios Amanda Lys Matos e Filipe da Silva Duarte, estudantes do 4º período do curso superior de Engenharia Civil, orientados pelo professor Rodrigo Méro, do Ifal Campus Maceió. A parceria entre os dois campi do Ifal se deu não só entre os alunos e o professor, mas também durante o desenvolvimento do produto, na utilização de laboratórios e no desenvolvimento da pesquisa, dentro do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

O bioaditivo é uma espécie de sabão líquido derivado do óleo da mamona, encontrado no mundo inteiro, e o seu desenvolvimento é resultado de estudo interdisciplinar e testes constantes envolvendo conhecimentos associados de Química, Biologia e Engenharia. O produto teve dosagens ajustadas e analisadas, a medida em que os estudantes experimentavam o “comportamento” do protótipo adicionado ao concreto e avançavam na pesquisa.

O bioincorporador de ar produz bolhas no concreto, que substituem a adição de outros materiais, como aditivos químicos tradicionais, tornando o concreto mais leve e maleável, mais propício para o uso em construções, sem perder a resistência à fissuração. A nova composição com o bioincorporador permite uma economia de materiais em até 8,8%, ao mesmo tempo em que aumenta o volume e a durabilidade do concreto e se apresenta como solução ecológica biodegradável.

O professor Rodrigo Méro avalia que a pesquisa já tem rendido bons frutos, inclusive ganhando reconhecimento em eventos internacionais, e que ainda pode evoluir, chegando a ser comercializado futuramente. “O índice de ar incorporado, adquirido nesse protótipo, ainda não foi o desejado, mas já é considerado um marco de descoberta e inovação. Acreditamos que estamos no caminho certo para que logo um novo produto seja lançado no mercado”, destaca o orientador da pesquisa.

Destaque Internacional

A ideia do bioaditivo deu tão certo que Amanda Lys e Filipe da Silva foram para a Grécia, apresentar o projeto na Conferência Internacional Anual de Engenharia Civil, que aconteceu na capital Atenas em julho deste ano. A conferência reuniu pesquisas e projetos do mundo inteiro, e a ideia dos estudantes do Ifal foi o único projeto brasileiro apresentado na categoria “Materiais Avançados”, tendo, por seu caráter inovador, destaque entre 28 outras pesquisas internacionais.

A participação dos estudantes do Instituto na Conferência Internacional em Atenas chamou a atenção de um pesquisador da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, que propôs um contrato de pesquisa entre a Universidade do Alabama e o Instituto Federal de Alagoas. O contrato é um acordo de divulgação sugerido pelo pesquisador, também professor, para que haja troca de ideias e comunicações entre Brasil e Estados Unidos. O acordo pode ser aprimorado, formalizado e resultar num intercâmbio entre o Ifal e a universidade americana. “Estamos muito felizes, pois esse professor trabalha no desenvolvimento de alguns materiais com aplicabilidade em nossa pesquisa. Aguardamos com expectativa as primeiras comunicações que inicialmente serão realizadas via Skype”. Destaca a estudante Amanda.

A inovação dos estudantes de Engenharia gerou também o convite para publicação de artigo na Revista Científica (“Journal”)de Engenharia Civil e Arquitetura dos Estados Unidos, publicada pela David Publishing Company, do Valley Cottage. A revista informa os resultados de pesquisas mais recentes e criativos em todos os campos de Ciência e aplicações de Engenharia.

“Compartilhar e adquirir conhecimento científico de forma internacional e estando ainda na graduação nos deixa muito orgulhosos e empolgados para continuar desenvolvendo ciência e tecnologia em nossa instituição”, declara o estudante Filipe, ao avaliar os resultados gerados pela pesquisa.

O próximo passo dos estudantes de Engenharia é apresentar o Bioaditivo Incorporador de Ar Derivado do Óleo da Mamona no 59º Congresso Brasileiro do Concreto - CBC, promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto - Ibracon, na cidade de Bento Gonçalves – RS, de 31/10/2017 a 03/11/2017. O CBC firmou-se como o maior fórum técnico nacional de debates sobre a tecnologia do concreto e seus sistemas construtivos. Os estudantes tiveram o artigo sobre o Bioaditivo aprovado para o evento, que trará a oportunidade de interação com outras universidades brasileiras e pesquisadores na área de Engenharia.

Registro de patente

O professor orientador Rodrigo Méro destaca também a repercussão positiva da pesquisa, e revela que o produto dos estudantes é tão inovador que existe a possibilidade de patente deste material. “Estamos em contato com o Núcleo de Inovação Tecnológica – NIT, iniciando um processo de registro da patente sobre o bioaditivo, que futuramente poderá ser produzido em larga escala para uso comercial, por gerar mais resultados de forma mais barata. Para a redação da patente, é preciso passar pelas fases de busca prévia e, em seguida, o depósito”, explica Rodrigo Méro.