Justiça

Procuradora chama integrantes da era Vilela de "organização criminosa"

Para Baptista prisão de envolvidos é “necessária”.

Por 7Segundos Maceió 30/11/2017 13h01
Procuradora chama integrantes da era Vilela de 'organização criminosa'
Procuradora fez duras críticas e chamou era Vilela de 'organização criminosa - Foto: 7Segundos

A Procuradora da República, Renata Ribeiro Baptista, falou sobre o pedido de prisão preventiva dos envolvidos na Operação Caribdis que acabou negado pela Justiça Federal, mesmo depois de a PF e o MPF cruzarem dados como extratos bancários, comprovantes de hospedagem, passagens aéreas e outras despesas, além de delações de funcionários das empreiteiras OAS e Odebrecht, contento informações de executivos alagoanos com foro privilegiado.

Ainda que de posse dos robustos indícios, a Justiça Federal negou os pedidos de prisão, concedendo apenas os mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos Smartphones, computadores e documentos que devem incorporar o que a Polícia Federal denomina de ‘forte conjunto probatório’, em referência aos indícios que comprovariam as práticas delituosas.

Em uma fala dura, Renata Baptista chamou o grupo que comandava o governo do estado na época das investigações de “organização criminosa” e relatou que a prisão dos envolvidos é “necessária. ”

Leia abaixo transcrições da fala da procuradora:

“Eu acredito que se a Polícia Federal requer a prisão e o Ministério Público circunda isso, também requerendo a prisão, obviamente os órgãos de percepção esperam e confiam que os elementos probatórios angariados são conclusivos no sentido da necessidade da prisão. A análise que o Judiciário faz - e que deve ter independência e liberdade para fazer - independe da posição da Polícia Federal o do MPF. Compete ao Judiciário, mas o que o MPF e a Polícia Federal pediriam foi a prisão de todos os envolvidos.

A promotora foi além, e chamou de organização criminosa a era Vilela: “Na Operação Mãos Limpas, na Itália, algumas pessoas escreveram sobre isso. Alguns juízes e promotores e delegados que cumpriam a Operação Mãos Limpas na Itália... E um deles tem um trecho muito interessante, que diz num livro, que escreveu depois em função da participação nessa operação que diz o seguinte: quando alguém é pego na botija com certeza não foi a primeira vez e com certeza não será a última vez. Saber que aquilo aconteceu neste caso é um bem indicativo que pode continuar acontecendo e pode ter acontecido em outro. Quando você trata da cúpula de um Governo do Estado, envolvida com pessoas que por outros motivos tem foro... É... Uma coisa que também houve participação de familiares dessas pessoas... Assim... não eram só pessoas da cúpula, mas seus familiares também, ou seja, um estado dominado por uma organização criminosa. É... quando você chega a esse quadro... a prisão, ela é necessária. Não é a primeira, não é a última, mas é preciso parar. Então acho que... é... não se precisa inventar, basta seguir o protocolo e esse protocolo é conhecido no mundo todo. Se você pega alguém na botija uma vez, pode ter certeza não foi a primeira vez. Você só deu sorte daquela ter sido delatada, daquela ter sido pega e...e... o estilo de vida que essas pessoas levam demonstram que é claramente incompatível com o que ganham. É...É...Isso tudo deve chamar a atenção, deve ser revoltante, e nos deve suscitar a ideia de que não há um fim se não há mecanismos duros que impeçam isso. Eu acho que é essa é toda a lógica por trás do combate à corrupção que nós vivemos no Brasil hoje.” (sic)

A Polícia Federal se recusou a divulgar o nome do magistrado da 2ª Vara Federal de Alagoas que negou a prisão dos investigados, mas reafirmou que as investigações continuam em curso.

 

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