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Após prisão, policiais civis tiram selfie sorrindo com traficante Rogério 157

Por Uol Notícias 06/12/2017 12h12
Após prisão, policiais civis tiram selfie sorrindo com traficante Rogério 157
Policiais fardados e armados aparecem sorrindo ao lado de Rogério 157Policiais fardados e armados aparecem sorrindo ao lado de Rogério 157 - Foto: Reprodução

Após a prisão do traficante Rogério Avelino da Silva, o Rogério 157, policiais civis do Rio de Janeiro tiraram selfies em que aparecem sorrindo ao lado do criminoso e postaram as imagens em redes sociais, exibindo o criminoso como troféu. As fotos ocorreram na Cidade da Polícia, na zona norte da capital fluminense, onde ele foi autuado e presta depoimento ainda na manhã desta quarta-feira (6).

Em uma das imagens, ao menos seis policiais diferentes, fardados e armados, aparecem sorrindo ao lado do traficante, que está sentado em uma cadeira e algemado. A primeira selfie ocorreu ainda no carro da polícia, quando 157 era levado para a delegacia. A foto viralizou entre policiais civis e militares.

Em entrevista, o delegado Gabriel Ferrando, que comandou a operação que levou à prisão do traficante e que parece ser o autor da selfie tirada dentro do carro da polícia, disse que excessos estão sendo corrigidos.

"Policiais comemoraram, alguns até se exaltaram. Uma comemoração de toda a cidade. Acredito que seja mais uma explosão, não acho certo, mas foi uma explosão de uma vitória. [Os policiais que aparecem nas imagens] Vão responder na Corregedoria [da polícia]", declarou.

Em entrevista coletiva. o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, também comentou as imagens e disse que o Rogério 157 é um dos 4.000 criminosos que a polícia prende todos os meses e que não se deve "glamourizar criminosos".

"Houve uma euforia [com a prisão], uma alegria muito grande e é possível que, pelas fotos, tenha passado do ponto", declarou. "Mas a gente tem que compreender a euforia e reprovar qualquer tipo de atitude que possa glamourizar esses criminosos", concluiu.

Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) de São Paulo, as fotos tiradas pelos policiais atenta contra o princípio da dignidade da pessoa humana.

De acordo com os direitos e deveres individuais e coletivos, previstos na Constituição Federal, "é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral" e "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação".

"Pela lei do abuso de autoridade, esta ação pode gerar multa, detenção de 10 dias a seis meses e até demissão do agente público. Acaba também sendo uma espécie de apologia ao crime também, já que os agentes policiais tratam o criminoso como uma celebridade", complementou o advogado, que também faz parte do conselho de política criminal e penitenciária de SP.

Rogério 157 não ofereceu resistência

Rogério 157 é apontado como chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha, na zona sul, e considerado um dos criminosos mais procurados do Estado. A captura dele ocorreu durante operação integrada realizada nesta manhã pelas polícias civil, militar e federal, com apoio das Forças Armadas, no morro da Mangueira, na zona norte.

De acordo com a Seseg, Rogério 157 não ofereceu resistência ao receber voz de prisão. Ele estava escondido na favela do Arará, que possui uma base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e fica nos fundos da Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde estão presos os réus da Operação Lava Jato no RJ --incluindo o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Somente neste ano, de acordo com o Disque-Denúncia, as autoridades fluminenses já haviam recebido 434 ligações anônimas com informações a respeito do criminoso. A recompensa pela captura do chefe do tráfico na Rocinha havia sido fixada em R$ 50 mil. Até a manhã desta quarta-feira, a polícia não informou se alguém o denunciou

Logo após a prisão de 157, moradores da comunidade da zona sul relataram em redes sociais e grupos de WhatsApp que houve uma intensa troca de tiros na região. A Polícia Militar não confirmou nem forneceu detalhes do suposto confronto.

O suspeito era um dos mais procurados pelas polícias do Rio desde que protagonizou uma sangrenta disputa entre bandos rivais na Rocinha, em 17 de setembro --na ocasião, o antecessor de 157, Antônio Bonfim Lopes, o Nem, ordenou que criminosos leais tentassem invadir a comunidade para derrubá-lo e, consequentemente, retomar o controle das bocas de fumo.

A briga resultou em uma semana de tiroteios ininterruptos e levou o Estado a realizar uma grande ação militar na região, com tanques de guerra e outros recursos, em 22 de setembro.

O racha com Nem, um dos principais líderes da ADA (Amigos dos Amigos), acabou isolando Rogério 157 na estrutura da facção criminosa. Com isso, após fugir da Rocinha durante as operações da PM para reprimir o tráfico no local, ele acabou migrando para o principal grupo rival, o CV (Comando Vermelho).

Contra Rogério 157 há ao menos 13 mandados de prisão em aberto, por crimes como homicídio, assalto a mão armada e tráfico de drogas.