Saúde

Fazer atividade física sem orientação pode comprometer a saúde

O exercício físico oferece melhorias fisiológicas, estéticas, mentais, psicológicas e sociaisO exercício físico oferece melhorias fisiológicas, estéticas, mentais, psicológicas e sociais

Por Esmerino Neto - estagiário* com 7Segundos 12/05/2018 07h07
Fazer atividade física sem orientação pode comprometer a saúde
Riscos na prática de atividade física sem orientação - Foto: Google Imagens

A prática de exercícios físicos vem se tornando algo muito comum na vida das pessoas. Entretanto, se praticado de forma errada, sem acompanhamento profissional ou após uma avaliação médica, os riscos à saúde podem ser grandes: o que deveria ser um benefício pode se tornar um grande problema.  A atividade física beneficia a saúde, ajudando a prevenir doenças ou amenizando seus sintomas. A internet, no entanto, pode contribuir com malefícios gerados por treinamentos e receitas isentos de acompanhamento médico.

De acordo com uma pesquisa realizada em 2015 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 62% dos brasileiros com 15 anos ou mais não praticavam qualquer esporte ou atividade física. Porém, pode-se notar atualmente um aumento na procura por academias privadas ou públicas.

É o caso de Daniel Araújo, 23 anos, desde que começou a praticar exercícios físicos nunca procurou orientação médica. “Tem uns três anos que comecei a praticar atividade física, era muito sedentário. Nunca senti uma dor, também não faço exageros porque sei que isso vai me prejudicar, cedo ou tarde. Minha academia é sempre nos maquinários da orla aqui da Ponta Verde”, ressalta Daniel.

Já o adolescente Bruno Ribeiro, de 15 anos, procurou uma academia que possibilitasse segurança, profissionais habilitados e uma estrutura de qualidade para que ele pudesse começar a se exercitar. “Jogava bola com meus amigos sem acompanhamento de um professor de educação física, mas quando comecei a querer fazer musculação, procurei um espaço onde eu pudesse contar com uma boa estrutura para a minha segurança e qualidade de vida, sem riscos à saúde”, comenta Ribeiro.


Bruno Ribeiro na sua primeira semana de academia (Foto: Esmerino Neto | 7Segundos)

 

Ainda de acordo com a pesquisa, as pessoas têm várias justificativas para não praticar nenhuma atividade física e entre elas estão: não gostar e não querer. A falta de tempo foi o principal fator informado para não praticar esporte, citado por 38,2% dos sedentários.

Para o personal trainer Júlio César, da Personalle Academia, os riscos existem, mas são amenizados quando há acompanhamento de um profissional capacitado. Os principais são: lesões musculares e nas articulações.

“Agora se a pessoa já tiver uma pré-disposição para alguma patologia, como ataque cardíaco respiratório, pode acontecer também de ter algum tipo de lesão dessa natureza. O aluno vai ter um acompanhamento mais próximo, o profissional vai estar ao lado, fiscalizando a execução dos exercícios, a fim de fazer as atividades de forma correta. Assim, ele vai ter uma chance bem menor de se lesionar”, afirma Júlio César.


Dr. Rafael Montenegro (Foto: Arquivo pessoal)

 

O exercício físico oferece melhorias fisiológicas, estéticas, mentais, psicológicas e sociais. Para falar sobre isso, o Doutor em Fisiopatologia Clinica e Experimental e Especialista em Fisiologia do exercício e Mestre em Nutrição, Rafael Montenegro vai explicar a importância de se procurar um profissional capacitado para orientar em qualquer atividade física.

“Antes de iniciar uma vida com hábitos físicos ativos, é de suma importância que o indivíduo passe por uma série de avaliações clínicas através de exames sanguíneos e da composição corporal, bem como de testes de esforço para avaliação das respostas cardiopulmonares durante e após exercícios extenuantes. Essas avaliações visam investigar possíveis irregularidades nas respostas fisiológicas do indivíduo quando submetido a um esforço físico. Somente com base nos resultados de baterias de avaliações como essas, profissionais da área da saúde, neste caso, o médico e também o Profissional de Educação Física podem aconselhar ou contraindicar a prática de certos exercícios físicos” salienta Dr. Montenegro.

De acordo com o especialista, os riscos à saúde existem e não devem ser negligenciados. Por isso, uma simples avaliação pré-participação de exercício pode salvar vidas. Algumas doenças ou fatores de risco cardiovascular são silenciosos e assintomáticos, ou seja, não são percebidos pelo indivíduo. Esses fatores de risco são muito menos passíveis de detecção pelo médico quando o indivíduo está em repouso. Desta forma, antes do indivíduo se submeter a sessões de exercício em academias, clubes e/ou estúdios, eles devem ser avaliados numa clínica preparada para diagnosticar doenças ou fatores de risco ou, até mesmo, realizar socorros de urgência, caso algum evento cardiorrespiratório adverso ocorra.

O nutricionista e praticante de exercícios físicos Fábio Klynsman, há três anos deixou sua vida sedentária e procurou uma academia de musculação, mas não foi orientado por um profissional. Afirma que fazia os exercícios pesquisando na internet, vendo vídeos no Youtube com dicas de treinos e, por não passar por um professor de educação física, executava as atividades de forma errada, o que gerou diversas complicações.

“Comecei com os amigos do colégio e onde eu treinava não tinha um instrutor. Com o passar do tempo, fui percebendo postura, movimentação, isso tudo foi essencial, não só para diminuir os riscos de lesões  mas também para melhorar o desempenho. Eu sentia dores no ombro e no cotovelo, até chegar ao momento em que eu não conseguia nem fazer supino inclinado por causa da dor. Hoje em dia não, o supino é parte do meu treino e não gera nenhuma dor”, afirma Klynsman.

Bruno Soriano, sócio-proprietário da Personalle Academia, montou um time com dez profissionais capacitados para auxiliar os alunos, além dos estagiários. A sua maior preocupação não é a quantidade de pessoas matriculadas, mas sim ter um local onde essas pessoas possam se sentir bem.

“A academia passa por uma medida de segurança que é a avalição física. É importante que o aluno se submeta a essa avaliação porque o professor de educação física vai elaborar o treino de acordo com a necessidade, fisiologia, coisa que você quer para si mesmo, evitando qualquer tipo de lesão”, comenta Bruno.


Personalle Academia (Foto: Esmerino Neto | 7Segundos)

 

Internet

Diversos fenômenos surgiram na internet com vídeos e apostilas feitas, muitas vezes, por pessoas sem domínio ou formação no assunto, com técnicas, para ampliar o desempenho no esporte, disponibilizadas na rede mundial de computadores. Esse tipo de material tem se tornado comum entre as pessoas que almejam ter um corpo semelhante ao seu ídolo.

No entanto, os profissionais alertam que esse tipo de prática é um risco muito grande para a saúde de quem quer se autoavaliar e montar seu próprio treino ou dieta sem passar por alguém capacitado e que realmente entenda do assunto.

De acordo com Júlio César, houve casos de alunos que pesquisavam treinos na internet ou vendo vídeos no YouTube e executando os exercícios de forma errada. “O que a gente encontra nas redes sociais pode até estar correto quanto à execução, mas aquele treino foi feito para tal blogueiro(a), não para o aluno. Então a intensidade ou o volume de repetições pode estar inadequado para aquela pessoa. Porque cada corpo reage de uma forma diferente, por isso tentamos convencê-los de que aquele exercício não é pra ele. Dessa forma, aqui na academia, ele vai passar por uma avaliação para que possa ser feito um treino específico em prol de seu objetivo”, explica César.

Assim como o personal Júlio César, o nutricionista Fábio Klynsman afirma que a maioria das pessoas que ele atende são as que estão praticando algum tipo de exercício físico, porém já chegam com dietas de famosos ou de alguma fonte na internet. Segundo o profissional, o maior desafio é trabalhar a cabeça dos clientes e mostrar que, por trás dessas “webcelebridades”, existem profissionais responsáveis pela saúde deles.

Dr. Rafael Montenegro faz um alerta para os riscos do coração quando essas práticas são feitas de forma exagerada e sem acompanhamento. O profissional afirma que: “O risco de ocorrer algum evento maléfico à saúde aumenta. Como exemplo, citar a morte súbita ou o infarto agudo do miocárdio muito prevalentes nos indivíduos que não costumam se exercitar com regularidade, os chamados peladeiros de fim de semana”.

Os profissionais da área alertam que exercício é coisa séria, envolve riscos e precisa de personalização e qualidade.


Aluna praticando exercício físico sob supervisão de um profissional (Foto: Esmerino Neto | 7Segundos)

 

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