Celebridades

Sabrina Sato: "Sou japonesa, caipira e tenho sotaque. Achei que nunca faria TV"

Sabrina Sato é uma das estrelas da edição especial de Marie Claire - 110 anos da imigração japonesa e fala sobre sua herança nipônica, os relacionamentos abusivos que teve de superar e como conquistou Duda Nagle

Por 7Segundos 28/06/2018 08h08
Sabrina Sato: 'Sou japonesa, caipira e tenho sotaque. Achei que nunca faria TV'
Sabrina Sato foi vetada de transar. - Foto: Reprodução/Internet

Quando criança, Sabrina Sato não se reconhecia nas estrelas de televisão. Mesmo com a falta de representatividade asiática, a menina do interior paulista não se deixou abalar: sabia que seu futuro estava no showbiz. Depois de passar pelo BBB, Pânico e hoje comandar programa próprio, a apresentadora é uma das celebridades de maior expressão da TV – e um dos maiores faturamentos também. Em entrevista exclusiva e à espera de sua primeira filha, ela conta como foi quase perder o bebê no início da gravidez, fala da pressão para ser mãe, dos relacionamentos abusivos e relembra a infância passada ao lado dos avós, de quem herdou o orgulho de sua origem

SABRINA SATO Desde os 7 anos, queria trabalhar na televisão, mas pensava: “Quem vai ser minha mãe na novela?”. Não tinha em quem me espelhar. Era japonesa, caipira, tinha sotaque, nada que “combinasse” com a TV da época. Tinha tudo para não dar certo. Minha mãe não me estimulava a ir aos testes porque tinha medo que eu me machucasse, ela sempre teve o pé no chão. Tanto que exigiu que fizesse faculdade, e fui estudar dança e jornalismo. Nunca passei em testes para ser apresentadora – tentei o Zona de Impacto, da SporTV. Mas não levava para o pessoal, talvez não tivesse o perfil.

MC Existe um fetiche pela mulher asiática. Você já sentiu isso?
SS No Brasil, menos. No cinema, em filmes do próprio Akira Kurosawa, sempre teve a erotização da mulher. Só senti isso de verdade quando posei para a Playboy [em 2003]. Lembro de ler bobagens do tipo: “Vamos ver se essa japonesa tem o risco igual ao olho”, em uma comparação à minha vagina. Mas nunca me coloquei numa posição de vítima.

MC Você morava com seus pais, irmãos e avós. Que lembranças carrega desse período?
SS Minha avó, Luiza, era muito agregadora e generosa, todo dia tinha gente em casa. Nunca soube o que era ter privacidade. A loja de roupa dela ficava na entrada de casa, então as portas ficavam abertas, as clientes comiam com a gente. Ela cozinhava até de madrugada, me lembro do cheiro da comida. Ela sempre teve muitos amigos gays, e com a chegada da Aids ao Brasil, nos anos 1980, cuidava dos que ficaram doentes, ela acolhia muita gente da cidade.

MC Sofria bullying na escola por ser japonesa?
SS Não, porque tinham outras japonesas na classe. E sempre tive orgulho. Minha mãe conta que um dia, meses depois de entrar na escola, falei: “Por que me chamam de japonesa?”. E ela: “Se olha no espelho, você é japonesa”. Desde criança, gostava de chamar a atenção, sempre quis me diferenciar, e ser japonesa era algo a mais.

MC O machismo é muito presente na cultura japonesa. Que criação sua mãe recebeu do seu avô?
SS Em casa não foi assim. Meu avô teve três filhas mulheres e as criou como homens. Todas fizeram faculdade e trabalharam. Minha mãe era psicóloga da Apae, trabalhava na loja da minha avó e criava os filhos. Ela diz que o pai dela a criou para ser samurai, não para ser gueixa. Meu pai também me criou para ser independente. De tanto falar “estude, não dependa de homem”, cheguei a ter medo de me relacionar. Até os 19, 20 anos, passei a vida tão preocupada com a carreira que tinha medo de me apaixonar e sofrer. Fiz muita terapia antes de namorar e perdi a virgindade aos 20 anos. Mas eu era ingênua e virava uma presa fácil.

MC Como assim? Era vítima de relacionamentos abusivos?
SS Antes dos 30, tive vários relacionamentos abusivos, mas não percebia. Fazia de tudo para agradar o cara, e ele só me fazia achar que estava errada. A pessoa tem total controle sobre você, e você acha que isso é amor. Não é. Relacionamento abusivo é doença. Tive um namorado que me ameaçava entrando na contramão na Avenida Paulista. E sóbrio. Dizia: “Vou acabar com a gente”. Não passo mais por isso.

MC Chegou a apanhar?
SS Não, isso nunca aconteceu comigo.

MC Como você e o Duda Nagle se conheceram?
SS Pelo Instagram. Já tínhamos nos visto, mas sempre com gente em volta e fazíamos muay thai com o mesmo professor. O Duda já tinha puxado assunto por mensagem e, um dia, bêbada, escrevi: “Quando vamos jantar? Ops, quando vamos treinar?”. Fui oferecida e fingi que não fui. “Quando quiser”, ele respondeu. Ficamos juntos desde então.

MC Você quase perdeu sua bebê: a médica exigiu abstinência sexual?
SS Sim, proibiu. Estou há três meses sem transar, não posso ver uma cena de beijo nem filme de sacanagem. O Duda está me tratando como se fosse uma santa, é horrível isso. Começo a falar sobre sexo e ele: “Você só pensa nisso, calma”. Acho que foram os hormônios que tomei no hospital.