Celebridades

Gerson Brenner: 'Ele tem muita vontade de viver', diz mulher do ator

Ator estava no auge da carreira como o galã Jorginho, da novela 'Corpo Dourado', quando foi baleado numa tentativa de assalto.

Por G1 17/08/2018 07h07
Gerson Brenner: 'Ele tem muita vontade de viver', diz mulher do ator
Marta Mendonça, Gerson Brenner e o cuidador dele, Wesley Moisés Batista - Foto: Marcelo Brandt/G1

Na sala de estar da casa do ator Gerson Brenner, 58 anos, em São Paulo, as fotos do passado como galã de novela dividem espaço na estante com os troféus que ganhou ao longo da carreira.

Há exatos 20 anos, no dia 17 de agosto de 1998, o ator estava na estrada indo para o Rio gravar o último capítulo da novela das 8, “Corpo Dourado”. Jorginho, seu personagem na novela, era o galã que fazia par romântico com a atriz Danielle Winits.

Gerson não chegou para gravar a novela. Ele foi baleado na cabeça na Rodovia Dutra durante uma tentativa de assalto. A bala atravessou o hemisfério esquerdo do cérebro e ficou alojada na altura da nuca. Áreas do cérebro responsáveis pela locomoção e fala foram atingidas. Brenner ficou na cadeira de rodas e desde então tem dificuldades para falar. Nunca mais atuou.

Dois anos depois, Gerson e a psicóloga Marta Mendonça se conheceram e desde então estão juntos. É ela quem cuida de Gerson 24 horas por dia, com a ajuda de um fisioterapeuta e uma fonoaudióloga.

“Foi um encontro realizado por Deus”, conta Marta, e Gerson chora pela primeira de várias vezes durante a entrevista, realizada na casa do casal, na Vila Moinho, Zona Sul de São Paulo. "Ele se emociona muito quando eu digo isso porque é verdade", completa ela.

Ela chama Gerson de “bonito” e enxuga as lágrimas dele carinhosamente. Marta concedeu a entrevista de pé enquanto tentava manter Gerson com a postura ereta.

"Vamos crescer, pose de galã", repetia ela. Apesar da insistência de Marta para Gerson falar, ele só consegue esboçar duas palavras: "Timão" e "Cássio", seu ídolo no Corinthians.

Vontade de viver
Com fala e mobilidade reduzidas, Gerson passa seus dias entre sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. Nas horas vagas gosta de ficar com os cachorros (eles têm 6!) e os dois papagaios, que cantam o hino do Corinthians. Mas o maior hobby do ex-ator é assistir à televisão.

Segundo Marta, nos últimos 20 anos Gerson passou por várias etapas de recuperação. Treze anos após o acidente, porém, ele teve doze convulsões e regrediu.

Vaidade
Marta conta que Gerson sente muita saudade de tomar Coca-Cola e de passear no Jardim Botânico. “Ele amava. É do que mais sente falta. Ele adora passear e ama quando as pessoas param e tiram foto com ele. Quando não o reconhecem, ele estranha”, conta Marta.

Segundo ela, o ex-ator continua a amar as câmeras, que ele encara durante a entrevista. “Ele é muito vaidoso, vaidoso como pessoa, vaidoso profissionalmente”, entrega Marta. Gerson parece concordar ao olhar para cima da estante, onde estão vários troféus.

A história de Gerson também passa pela história da bailarina e advogada Denize Tacto, que estava grávida de 8 meses da filha do casal, Vitória. O nome dela foi escolhido por causa da história de superação.

Denize se emociona ao se lembrar de quando recebeu a ligação dizendo que Gerson tinha levado um tiro.

Vitória conta que a semelhança física com o pai foi marcante na infância dela. "Desde pequena eu era reconhecida como filha dele por causa da fisionomia, que é parecida. As pessoas falavam comigo no parquinho e eu não entendia", relembra ela.

Gerson também é pai de Anna Haas, atualmente com 26 anos, fruto de seu primeiro casamento com a modelo Ana Cristina Haas.

Em março deste ano, o acusado de atirar em Gerson, Luzimar dos Santos, foi preso novamente. Marta não gosta nem de tocar no assunto.

“Eu tento me afastar disso tudo porque acho que gente tem de buscar o que dá qualidade de vida para o Gerson e esse tipo de assunto... O pessoal acabou procurando a gente, mas eu preferi não falar nada porque não faz mal a ele. A prioridade hoje é Gerson, então o que fizer bem a ele vamos fazer”, diz ela, olhando para Gerson, que se emociona.

“Você vai ficar chorando?”, diz Marta, carinhosamente. “E tem os sonhos, as perspectivas, não tem Gé? Você podia falar”, insiste ela. Gerson não fala.

Marta quer conseguir apoio financeiro para adaptar o carro e, assim, conseguir levar Gerson para passear.

"É um sonho. A gente está há um ano sem ir no parque. O sair hoje envolve a ajuda dele e para levantar é mais difícil, então para colocar no carro é mais complicado. O Gerson é grande, tem 1,92m aqui, é difícil. Mas estamos tentando, né? Pode ser que a gente consiga", diz ela, enquanto Gerson encara a câmera. Os olhos, cheios de lágrimas, concordam.