Polícia

Silvania Barbosa fala sobre assassinato de vereador: “monstruoso”

Vereadora relembrou os últimos momentos vividos ao lado de Silvânio

Por 7Segundos 10/09/2018 12h12
Silvania Barbosa fala sobre assassinato de vereador: “monstruoso”
Parlamentares tinham forte laço de amizade - Foto: Reprodução/ Facebook

Em entrevista concedida na manhã desta segunda-feira (10), ao jornalista Rogério Costa, no programa Ministério do Povo, da rádio Gazeta AM, a vereadora Silvania Barbosa (PRTB) falou sobre a sua relação com o vereador Silvânio Barbosa, o assassinato, a cena do crime e seus últimos momentos ao lado do parlamentar. Silvânio foi assassinado dentro de seu apartamento, no Benedito Bentes, na quinta-feira (06) e o corpo foi encontrado no sábado (08), por um assessor do parlamentar. O assassino foi preso ainda no sábado, em uma cidade do Sertão da Paraíba, como carro do vereador e outros pertences.

Durante a entrevista, Silvania contou que na quinta-feira (06) foi abraçada diversas pelo parlamentar durante a sessão da Câmara e que ela chegou a questionar a razão de tanto ‘chamego’. O vereador teria respondido que estava com saudade e muito feliz. “Ele estava feliz por causa do resultado da prestação de contas dele, apresentada na terça [04]. Ele sabia que seria um bom resultado, mas se surpreendeu e disse várias vezes que estava muito feliz. Ele sabia que tinha uma equipe competente ao lado dele, mas se surpreendeu com os resultados.“Chamei ele para uma caminhada naquela noite, mas ele contou que não poderia porque tinha que liberar a equipe dele depois do trabalho intenso durante a semana e que daria folga a toda a equipe. Disse que estava cansado e que iria para casa,” conta Silvania.

Da relação
“Silvânio era como um irmão para mim”, contou a vereadora, que relatou ter convivência e comunicação quase diária com o amigo. “A gente se falava quase todos os dias". A vereadora negou que o parlamentar tinha planos de viajar durante o feriado. “Ele contava tudo a mim. Ele não falou nada de viajar. Se fosse eu saberia. Se ele tivesse uma gripe, ligava para mim para saber que remédio tomar. Eu brincava com ele dizendo que ia cobrar. As vezes ele saía de casa, no Benedito Bentes, para comer tapioca comigo perto da minha casa. Minha amizade com ele é de antes dele ser vereador”, relatou Silvania.

Do assassinato
Quando eu soube da notícia não acreditei. Fiquei sabendo primeiro que ele havia passado mal, então liguei para a Marcela, a irmã dele, mas ela não atendeu. Depois Lobão [o vereador Anivaldo da Silva (PR)] me ligou perguntando se eu sabia se tinha acontecido alguma coisa com Silvânio, foi quando ele me contou que ele tinha sido assassinado. Liguei para o assessor dele que me confirmou. Então voltei a falar com a Marcela que a essa altura já sabia da notícia,” detalhou Silvania.

Da cena do crime
"Uma cena monstruosa. Não acreditei no que estava vendo. Um jovem de 18 anos fazer aquilo. Maldoso, muito cruel. Pelo estado que ele estava sofreu muito e lutou para não morrer. E saber que ele [o assassino] premeditou tudo. Ele mesmo narra uma barbaridade daquela. A ficha ainda não caiu. Chorei muito. Estou muito abalada com o que eu vi,” contou Silvania.

A vereadora já havia brincado com o parlamentar no passado sobre colocar um rastreador no carro de Silvânio e que o vereador perguntava se ela iria pagar e ela sempre respondia que sim. O carro do parlamentar teria sido o motivo do latrocínio (roubo seguido de morte), conforme depoimento de Henrique Matheus da Silva Sousa, o assassino. “Ele narra que o síndico bateu na porta do apartamento e ainda que bloqueou toda a agenda do celular de Silvânio,” explica Silvania.

Confirmando a fala da vereadora, na manhã dessa segunda-feira (10), durante coletiva à imprensa, a Polícia Civil confirmou que o vereador agonizou das 20h30, até meia-noite. Que o assassino atendeu a alguns pedidos do Silvânio enquanto ele agonizava, como dar água e colocar um ventilador direcionado para a vítima. O autor do crime tentou sair do aparamento algumas vezes, mas o vereador gritava por socorro todas as vezes que ele abria a porta. Então o assassino apenas assistiu por quase quatro horas o vereador agonizar até morrer para, só então, deixar a cena do crime.

Composição na Câmara
"Ele não destruiu só o Silvânio, mas a família. A Câmara está de luto. Silvânio tem uma história, não era político por ser político. Perdemos um grande parlamentar. Não menosprezando os que estão lá e os que vão chegar, mas não sei se alguém vai suprir essa vacância dele", diz a edil.

A vereadora Ana Hora é a primeira suplente do vereador Silvânia Barbosa e assumiria a vaga com naturalidade, mas Ana Hora já assumiu o lugar de outro parlamentar, Galba Novaes Neto (MDB), que se afastou para assumir a superintendência do Procon.

A Câmara de Vereadores e a Prefeitura de Maceió decretaram luto oficial de três dias, suspendendo toda e qualquer atividade nesse período. A mesa-diretora deve se reunir nos próximos dias para definir se o segundo suplente assume a vaga ou que outra medida será tomada.