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Arquiteto alagoano relata homofobia e agressão durante festa em SP

Fato aconteceu no domingo (23); vítima alega negligência da casa de eventos

Por 7Segundos 25/09/2018 11h11
Arquiteto alagoano relata homofobia e agressão durante festa em SP
Yhes Almeida - Foto: Reprodução/Facebook

O arquiteto alagoano Yhes Almeida, de 25 anos, usou as redes sociais na tarde desta segunda-feira (24), para relatar uma agressão sofrida na festa Primavera, Te Amo na Casa das Caldeiras Grátis - convida Di Melo, na Casa das Caldeiras, no município de Água Branca, em São Paulo. 

No relato, Yhes afirma que estava na companhia do amigo Kennedy Teixeira quando ambos foram atacados por dois homens. "Um já chegou me segurando com força e falando 'pega o outro viadinho também, eles tão com nosso 'rolê', daí o outro partiu para cima do Kennedy, fuçando e jogando as coisas da bolsa dele", declarou.

Em primeiro momento, os jovens acharam que estavam sendo vítimas de uma tentativa de roubo. "Conseguimos nos soltar e ir para área aberta, quando fui surpreendido com um golpe de 'gravata' e depois meu amigo também. Fiquei um tempo sendo enforcado, até que um pessoal conseguiu afastar os agressores", complementa.

Em seguida, uma mulher que fazia a segurança do evento se aproximou e tentou conversar com as vítimas e os agressores. Ao notar a confusão, o chefe da segurança da casa de eventos – identificado como Joel – também se aproximou com outros dois seguranças. "As testemunhas tinham falado sobre a agressão e ele já foi soltando 'isso não foi homofobia', sem ao menos ter escutado nossa versão", disse Yhes.

A polícia foi acionada e ao chegar no local pediu para que as vítimas e agressores se afastassem. "A viatura chegou cerca de 1h depois e, quando acionamos a segurança para trazer os agressores, Joel já os tinha liberado, sem ao menos pegar nome e documento. Fomos agredidos e a Casa ainda acobertou os agressores. Estávamos ali, vulneráveis a qualquer outra agressão, pois depois que a polícia falou com um dos seguranças (Joel sumiu magicamente), fecharam as portas e ficamos na rua", contou.

O arquiteto conclui seu relato afirmando que as providências necessárias estão sendo tomadas.

Por meio de nota, a organização do evento se dispõe a colaborar com a identificação dos agressores e testemunhar em favor das vítimas.

Confira a nota na íntegra:

Se você é RACISTA, HOMOFÓBICO OU SEXISTA, POR FAVOR NÃO ENTRE EM NOSSA PRIMAVERA.

A primavera, te amo, em 5 anos, jamais contou com nenhuma atitude de preconceito social, racial ou de gênero em suas festas. O que não nos isenta de situações péssimas como o ocorrido no domingo. O caso ocorrido com Yhes Almeida e o seu amigo Kennedy Teixeira vem sendo acompanhado pela produção da festa, que já falou com Yhes duas vezes pelo telefone e se mostrou disposta para colaborar com a identificação dos agressores e testemunhar em favor para que os responsáveis paguem pelas agressões.

Vamos liberar as fotos da festa em primeira mão para eles para procurarmos essas pessoas. Vamos testemunhar a favor deles em qualquer instância da lei. Assim, tentamos, mesmo que pouco, sanar um pouco da dor que ambos sentiram.

Também contatamos a Casa das Caldeiras para expor o descontentamento nosso perante essa atitude dos seguranças com o ocorrido, e estamos juntos para que nossos encontros sejam cada vez mais uma oportunidade de boa gente encontrar boa gente, de forma democrática e plural.

Esperamos muito que isso seja solucionado da melhor forma e que essa situação de vulnerabilidade seja estancada.

David Carneiro

Produtor da Primavera, Te Amo.