Eleições 2018

Sobe o tom da campanha para segundo turno das presidenciais

Por Uol 09/10/2018 18h06
Sobe o tom da campanha para segundo turno das presidenciais
Bolsonaro e Haddad disputarão o segundo turno - Foto: Divulgação

A campanha das presidenciais subiu de tom depois que o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, chamou seu adversário, Fernando Haddad, do PT, de "canalha", enquanto os demais partidos começam a definir suas posições para o segundo turno, em 28 de outubro.

Haddad, segundo colocado no primeiro turno, em 7 de outubro, com 29% dos votos, propôs na segunda-feira (8) a Bolsonaro, que teve 46% da preferência do eleitorado, que eles assinassem uma carta de compromisso contra a propagação de notícias falsas.

Mas o ex-capitão do Exército, hoje na reserva, rejeitou a proposta e jogou na cara do rival sua ligação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"O pau mandado de corrupto me propôs assinar carta de compromisso contra mentiras na internet. O mesmo que está inventando que vou aumentar imposto de renda pra pobre. É um canalha!", tuitou Bolsonaro nesta segunda.

Perguntado nesta terça-feira por jornalistas a esse respeito, Haddad respondeu: "Recebemos uma resposta do nível do candidato".

Em tuíte anterior, Haddad questionou o perfil de "outsider" com o qual se apresenta o adversário, deputado desde 1991, e sua reticência em participar de debates, inclusive antes da facada no abdômen sofrida em 6 de setembro, que o tirou de atos de campanha.

"Nosso adversário é um político tradicional, com 28 anos de estrada e pouco serviço prestado ao país. Ele vai poder agora se apresentar. No segundo turno não tem como você se esconder em rede social", escreveu.

Na noite passada, os dois candidatos deram entrevistas ao Jornal Nacional, nas quais desautorizaram aliados e garantiram que não vão desrespeitar a Constituição para impulsionar seus projetos, tentando se aproximar dos eleitores de centro.

- Alianças -Nestas três semanas, políticos e eleitores terão que escolher um dos candidatos, os mais votados mas também os que têm maior índice de rejeição.

Bolsonaro acumula um histórico de declarações misóginas, racistas e de apoio à ditadura militar (1964-1985), enquanto Haddad foi indicado por Lula, a quem milhões de brasileiros identificam com os escândalos de corrupção que durante anos desviaram bilhões de dólares de estatais.

O Partido Progressista (PP), que terá a terceira maior bancada na Câmara de Deputados renovada, declarou-se neutro, acreditando ser esta a melhor contribuição que pode dar ao debate.

Mas a senadora do PP Ana Amélia Lemos, que foi candidata a vice na chapa liderada por Geraldo Alckmin (4,76% dos votos), pediu apoio para Bolsonaro.

O Partido Novo, do candidato João Amoedo (2,50% de votos), também apostará na neutralidade, embora tenha deixado claro que é "absolutamente contrário" ao PT de Haddad.

O PSDB de Alckmin ainda não manifestou sua posição, mas um dos fundadores do partido, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, declarou ao jornal O Globo que, embora nenhum dos dois candidatos seja de seu agrado, Bolsonaro está fora de questão.

A ex-candidata e líder ambientalista Marina Silva (que teve 1% dos votos) disse no domingo que fará oposição a qualquer um que for eleito presidente, mas seu partido, o Rede Sustentabilidade, ainda discute seu posicionamento.

Haddad já recebeu o apoio de Guilherme Boulos, candidato à Presidência pelo PSOL (0,58% dos votos).

Mas seu principal apoiador deverá ser o pedetista Ciro Gomes (12,47%), que no domingo disse que sua prioridade será "lutar pela democracia e contra o fascismo", antes de emendar, "Ele não!", em alusão ao lema criado pelo movimento feminista contra Bolsonaro.

- Avalanche de notícias falsas -"Foi colossal o volume de notícias falsas nas sete semanas do primeiro turno", escreveu a Agência Lupa, especializada na checagem de notícias. "É um cenário alarmante que tende a se agravar com a polarização que se anuncia para os próximos dias".

Segundo a Lupa, as dez "fake news" mais populares foram compartilhadas 865.000 vezes no Facebook. 

Entre o domingo e a segunda-feira circularam vídeos afirmando que Haddad renunciou à sua candidatura, que Lula havia declarado apoio a Bolsonaro ou de uma urna eletrônica que só aceitaria votos em Haddad. Todos os casos foram desmentidos.

Nesta terça, a jornalista Miriam Leitão sofreu ataques violentos nas redes sociais por ter lembrado na Globo News que Bolsonaro "fez a carreira em defesa da ditadura, da tortura", "sempre teve um discurso autoritário" enquanto o PT "de vez em quando fala uma palavra aqui e outra ali (...) mas na verdade é um partido que nasceu e cresceu na democracia, sempre jogou o jogo democrático".