Brasil

Estudos apontam que 90% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram em fake news

Avaaz aponta que 98% foram expostos a notícias falsas, e a maioria achou que fossem verdadeiras

Por 7 segundos com Folhapress 02/11/2018 15h03
Estudos apontam que 90% dos eleitores de Bolsonaro acreditaram em fake news
Avaaz aponta que 98% foram expostos a notícias falsas - Foto: Divulgação

Estudo da organização Avaaz apontou que 98,21% dos eleitores do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), foram expostos a uma ou mais notícias falsas durante a eleição, e 89,77% acreditaram que os fatos eram verdadeiros.

A pesquisa, realizada pela IDEA Big Data de 26 a 29 de outubro com 1.491 pessoas no país, analisou Facebook e Twitter.

"As fake news devem ter tido uma influência muito grande no resultado das eleições, porque as histórias tiveram alcance absurdo. A informação das fraudes em urnas eletrônicas com o intuito de contabilizar votos para Fernando Haddad, do PT, alcançou 16 milhões de pessoas nas redes sociais 48 horas após o primeiro turno e a notícia continuou viva no segundo turno", afirma o coordenador de campanhas da Avaaz, Diego Casaes.

De acordo com dados da pesquisa, 93,1% dos eleitores de Bolsonaro entrevistados viram as notícias sobre a fraude nas urnas eletrônicas e 74% afirmaram que acreditaram nelas.

"As pessoas conhecem o problema das fake news e têm clareza do impacto negativo que causam, mas as notícias falsas trazem elementos passíveis da verdade, como a montagem do vídeo no caso da informação sobre a fraude nas urnas, por exemplo", declarou Casaes.

O estudo também revelou que 85,2% dos eleitores do Bolsonaro entrevistados leram a notícia que Fernando Haddad implementou o "kit gay" e 83,7% acreditaram na história. Dos eleitores de Haddad entrevistados, 61% viram a informação e 10,5% acreditaram nela.

CEO e fundador da Avaaz, Ricken Patel disse que a democracia brasileira está se afogando em notícias falsas. "Essas histórias foram armas tóxicas cuidadosamente fabricadas para destruir a elegibilidade de um candidato. E, com a ajuda do Facebook e WhatsApp."

A OEA (Organização dos Estados Americanos) afirmou que o fenômeno observado no Brasil de uso massivo de fake news para manipular o voto por meio de redes privadas "talvez não tenha precedentes." Diversas pesquisas conduzidas antes do segundo turno por outros institutos concluíram que a maioria das notícias falsas foi direcionada contra o Haddad e o PT.

Campanha contra a prática de fake news nas eleições A Avaaz recebeu mais de 100 denúncias de fake news desde o lançamento de uma campanha para coibir a prática, em 18 de outubro deste ano.

O objetivo é identificar casos intencionais de divulgação de notícias falsas que possam ter partido de um dos candidatos à Presidência. A campanha premiará três pessoas com US$ 100 mil cada.