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Governo do Estado entregará cadeiras de rodas especiais a atletas do basquete

Equipamentos beneficiam atletas alagoanos que necessitam da cadeira especial para o desenvolvimento do esporte

Por Agência Alagoas 06/12/2018 08h08
Governo do Estado entregará cadeiras de rodas especiais a atletas do basquete
Equipe alagoana já participou de competições em vários estados do país - Foto: Adefal

Histórias de luta, sofrimento, superações e vitórias são comuns na vida dos atletas do basquete em cadeiras de rodas do Sesi (Serviço Social da Indústria de Alagoas). O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh), entregará 12 cadeiras especiais feitas sob medida para os atletas no dia 10 de dezembro, às 16h, em solenidade no Sesi Cambona.

Os equipamentos, produzidos especialmente para cada um dos atletas, somam um investimento de R$ 62.400 reais. “Atender ao pedido dos atletas é prioridade na nossa gestão porque reconhecemos a importância do esporte no resgate da cidadania e na inclusão social. Busquei dar toda a celeridade necessária para que as cadeiras chegassem ainda este ano. Nossos atletas orgulham Alagoas”, afirmou a secretária Maria José da Silva.

Para pessoas com deficiência, o basquete tem uma necessidade essencial: as cadeiras de rodas especiais, confeccionadas sob medida, que funcionam como extensão do corpo e são fundamentais para tornar os atletas competitivos em campeonatos dentro e fora de Alagoas.

Para participar de competições internacionais e dos eventos do calendário da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeiras de Rodas (CBBC), os atletas alagoanos contam com a experiência de Pablo Lucini, treinador e coordenador do setor de Pessoas com Deficiência do Sesi. Há dez anos como treinador, Pablo explica que esse momento é muito importante para o basquete em cadeiras de rodas – será a primeira vez que eles terão acesso aos equipamentos.

“Já estava perdendo as esperanças que receberíamos essas cadeiras ainda em 2018. Mas, ao perceber o empenho da secretária Maria José e de toda a equipe da secretaria, voltamos a acreditar que será possível manter a agenda de competições para 2019. A equipe da Semudh fez acontecer”, contou o treinador.

O superintendente de Políticas dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Gino Cesar Meneses, afirma que a parceria com as instituições que atendem às pessoas com deficiência é imprescindível para a Semudh. “Essas instituições vivem o dia a dia das pessoas com deficiência, têm o mapeamento das prioridades, nos ajudam a focar no que é fundamental.  Foi isso que ocorreu com a aquisição das 12 cadeiras de rodas especiais. Sabemos o quão é importante para que a equipe de basquete se desenvolva”.

O treinador explica que quem tiver interessado em conhecer o trabalho com a equipe de basquete em cadeiras de rodas, os treinos, abertos ao público, acontecem no ginásio do SESI, no bairro Cambona, segunda e quintas-feiras das 15 às 17 horas, e aos sábados, das 10 horas ao meio dia. O treino é aberto ao público.

História de vencedores

Pablo Lucini traz no currículo a participação como treinador em campeonatos nacionais, regionais e estaduais, como o Campeonato Estadual da Bahia, em 2015, e a Taça Norte e Nordeste em Manaus, em 2016.  Ele explica que o esporte atua como instrumento de inclusão social e cidadania, pois resgata muitos garotos da marginalidade. “Não é simples a decisão de começar a treinar. Primeiro é necessário ter aptidão para o esporte, vontade de praticar e depois tomar a decisão de correr atrás, vencer os medos internos e o preconceito”.

Os atletas já estiveram em Recife, Fortaleza, Manaus, Aracaju, Goiânia e Rio de Janeiro, representando Alagoas em competições. Carlos Antonio do Nascimento, 33 anos, é considerado o “cestinha” do basquete em cadeiras de rodas. Chegar a ser destaque na equipe não foi fácil. Ele passou por muitos desafios e chegou a pensar em tirar a própria vida. Aos 21 anos, como operador e montador de parques de diversão, sofreu um acidente de trabalho no qual teve que amputar parte da perna direita. Carlos era atleta, amava o futebol, e de repente se viu perdido.

No momento mais crítico, Carlos Antonio buscou a Adefal (Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas), que na época era parceira do Sesi com a equipe de basquete. O amor pelo futebol foi o caminho pra chegar ao basquete. “O contato com a bola foi fundamental para me apaixonar pelo basquete. Sempre fui atleta e encontrei nesse novo esporte um caminho pra continuar atuando e me realizar”, conta.

Carlinhos, como é conhecido, foi o primeiro jogador alagoano a receber Bolsa Atleta do Governo Federal no basquete em cadeiras de rodas, pelo desempenho como participante da seleção Norte e Nordeste em 2011. Ele diz que os desafios fora da quadra de basquete são gigantes para quem tem qualquer deficiência. “A questão não é conviver com a deficiência na quadra, porque no esporte aprendemos a olhar o outro. Nos protegemos e trabalhamos em equipe. O maior problema é o preconceito da sociedade. Já entrei numa loja e, por estar numa cadeira de rodas, a atendente me seguia e vigiava como se eu não pudesse estar ali como cliente”, lamenta.

Tido pelos próprios atletas como um verdadeiro “pai”, o treinador Pablo conta a história de outro profissional da equipe. Carlos André tem hoje 18 anos e venceu um câncer aos 5 anos, quando precisou amputar uma das pernas. Há dez anos começou a praticar esporte tendo Pablo como treinador. Andrezinho, como é chamado pelos colegas, é um exemplo de potencial bem aproveitado, pois teve apoio da família, tratamento na Apala (Associação de Pais e Amigos dos Leucêmicos de Alagoas), e hoje é um dos atletas que se destacam na equipe. Já integrou, como convidado, a seleção paulista de basquete em cadeiras de rodas, disputando o campeonato estadual. Tem como mérito ter sido selecionado para a Seleção Brasileira sub 20.

Atletas da equipe de basquete em cadeiras de rodas do Sesi/Alagoas tem jogadores de 13 a 45 anos. Segundo Cícero Carlos da Silva, atleta e presidente da Associação de Portadores de Necessidades Especiais de Mundaú, o esporte traz muitos benefícios às pessoas com deficiência, que vão além da prática esportiva por ajudar a superar os problemas, fortalecer a mente, melhorar a autoestima e contribuir para valorizar o trabalho em equipe.