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Museu Nacional recebe doação de 800 mil reais do governo alemão

Até o momento, cerca de 1.500 itens foram encontrados, após o incêndio no dia 2 de novembro

Por Veja.com 11/12/2018 10h10
Museu Nacional recebe doação de 800 mil reais do governo alemão
A doação será usada na compra de materiais específicos de recuperação, listados pelas equipes de busca - Foto: Reprodução/Agência Brasil

O Museu Nacional, que foi destruído por um incêndio no dia 2 de novembro, no Rio de Janeiro, recebeu uma doação no valor de 180.800 euros do governo alemão nesta segunda-feira (10). A quantia, equivalente a cerca de 808.000 reais, será utilizada na recuperação do acervo resgatado dos escombros.

O cônsul-geral da Alemanha no Rio de Janeiro, Klaus Zillikens, afirmou que a doação representa apenas uma etapa inicial, já que o Museu Nacional continuará sendo assistido. O governo alemão pretende disponibilizar um aporte de até 1 milhão de euros, que devem ser repassados conforme as demandas do museu.

Para o Museu Nacional, a doação tem extrema relevância, porque será usada na compra de materiais específicos de recuperação, listados pelas equipes de busca. Artigos como computadores e lupas especiais serão adquiridos — uma delas, inclusive, vai ser usada em particular na reintegração de Luzia, o fóssil humano mais antigo do Brasil.

“É um valor que entra para aquilo que a gente precisa. Nós estamos extremamente gratos pela sensibilidade do governo alemão”, reforçou o diretor do museu, Alexander Kellner.

Objetos recuperados

Embora o incêndio tenha destruído grande parte do Museu Nacional, as equipes de busca estão felizes com os itens já recuperados até o momento: cerca de 1.500 itens, entre peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais, fragmentos arquitetônicos e alguns objetos ainda não identificados.

Alguns materiais de arqueologia, mineralogia e etnologia já foram encontrados e reconhecidos. Entre eles estão peças pré-históricas, pontas de flechas em metal feitas por indígenas do início do século XX, urnas de cerâmica de origem tupi e marajoara, pedras como turmalina negra, além de bonecas Karajá, registradas como patrimônio imaterial do Brasil.

Segundo o diretor do museu, o trabalho de resgate segue conforme o previsto. A maior atenção está no escoramento das paredes mais frágeis para que os pesquisadores possam ter acesso ao prédio para procurar as peças. Já o trabalho de cobertura do palácio deve ser iniciado no próximo mês, em janeiro do ano que vem.

“Graças à empresa, que está dando segurança ao prédio, nós estamos fazendo um resgate localizado: onde eles precisam atuar, nós vamos coletando material. Já iniciamos também, de uma forma bem inicial, a segunda fase, que é a do resgate localizado, em que a gente entra em uma sala e só sai dela depois que tudo foi retirado. Estamos bem contentes com a atuação tanto da nossa equipe, quanto da empresa que está trabalhando em parceria com a gente”, explica Kellner.

Orçamento 2019

Até o momento, todo o progresso realizado no Museu Nacional foi graças ao repasse de 10 milhões de reais feito pelo Ministério da Educação. Para 2019, são esperados pelo menos 56 milhões de reais do governo federal.

“O principal valor é o de 56 milhões de reais, que é uma emenda parlamentar impositiva feita graças à enorme sensibilizada da bancada de deputados federais do Rio de Janeiro. Então, a solicitação está sendo feita e tem que ser aprovada no Orçamento do Congresso”, disse Kellner, que acrescentou que está tentando contato com o governo de transição para trazer apoio ao museu.