Política

Bolsonaro defende Olavo e clama por pacificação com militares

Bolsonaro se reúne nesta terça-feira com a alta cúpula das Forças Armadas no Quartel General do Exército em Brasília.

Por Valor econômico 07/05/2019 10h10
Bolsonaro defende Olavo e clama por pacificação com militares
Bolsonaro defende Olavo e clama por pacificação com militares - Foto: Reprodução/Internet

 O presidente Jair Bolsonaro publicou nesta terça-feira um texto no Twitter em que defende o escritor Olavo de Carvalho e apela para que os "desentendimentos ora públicos contra militares" seja "uma página virada por ambas as partes".

Visto como espécie de guru de Bolsonaro, de seus filhos e de grupos de apoiadores do presidente dentro e fora do governo, Olavo de Carvalho passou as últimas semanas atacando e insultando militares do primeiro escalão da administração.

Seus principais alvos até aqui foram o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o ministro Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria-geral). Ontem, o general da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército, publicou um texto chamando Olavo de "verdadeiro Trótski da direira".

Na mensagem de hoje, Bolsonaro afirma que Olavo de Carvalho juntou-se à causa que ele defendia desde 1991, quando chegou à Câmara como deputado, e que sua obra "muito contribuiu para que eu chegasse no governo".

Confira a a íntegra da mensagem de Bolsonaro:

"Cheguei na Câmara em 1991 e encontrei-a tomada pela esquerda num clima hostil às Forças Armadas e contrário às nossas tradições judaico-cristã. Aos poucos outros nomes foram se somando na causa que defendia, entre eles Olavo de Carvalho. Olavo, sozinho, rapidamente tornou-se um ícone, verdadeiro fã para muitos. Seu trabalho contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e retirou a liberdade de outras centenas de milhões é reconhecida por mim. Sua pbra em muito contribuiu para que eu chegasse ao Governo, sem a qual o PT teria retornado ao Poder. Sempre o terei nesse conceito, continuo admirando o Olavo. Quanto aos desentendimentos ora públicos contra militares, aos quais devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as partes.

Jair Bolsonaro/Presidente da República".

No mesmo instante em que Bolsonaro clamava pela pacificação, Olavo de Carvalho, também por meio das redes sociais, publicava mais uma série de ataques a Santos Cruz. "O Santos Cruz, politicamente analfabeto. não sabe NEM MESMO a distinção entre governo e Estado. Quem governa é o presidente sim, Santos Cruz. O Legislativo legisla e o Judiciário julga. Governar, só o Executivo governa", escreveu em seu perfil no Facebook.

"Os generais, para voltar a merecer o respeito popular, só têm de fazer o seguinte: arrepender-se, pedir desculpas e passar a obedecer o presidente sem tentar mudar o curso dos planos dele", afirmou o escritor.

Em outra mensagem, escreveu: "Quando reagi aos primeiros insultos que recebi do Santos Cruz, eu não sabia NADA contra ele. Agora não para de aparecer m..., e não fui eu que a escavei", prosseguiu. "Antes de tudo, o Santos Cruz me deve desculpas por ter-me insultado em resposta a um elogio que lhe fiz".

"DR" com generais

Bolsonaro se reúne nesta terça-feira com a alta cúpula das Forças Armadas no Quartel General do Exército em Brasília. Além do alto comando do Exército, participarão do encontro com o presidente o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

Segundo um auxiliar palaciano, no encontro os militares de alta patente devem explicitar ao presidente que as ofensas e ataques do "guru da família Bolsonaro" às Forças Armadas não contribuem com o país e podem desestabilizar o governo. "Vai rolar uma DR (discutir a relação)", disse uma fonte.

Apesar de tentar minar a influência de Olavo sobre o presidente, a avaliação dos militares que despacham no Palácio do Planalto é de que a admiração do próprio presidente e de seus filhos por Olavo vai continuar. A ideia, entretanto, é deixar claro que Olavo não ajuda o governo e estaria tentando se promover para vender cursos.