Política

Ex-assessor Queiroz demitiu ex-mulher de miliciano para evitar vínculo com Flávio Bolsonaro, diz investigação

Danielle Nóbrega é ex-mulher de capitão Adriano, apontado como membro de milícia

Por G1 05/09/2019 20h08
Ex-assessor Queiroz demitiu ex-mulher de miliciano para evitar vínculo com Flávio Bolsonaro, diz investigação
Queiroz e Flávio Bolsonaro - Foto: Reprodução/Internet

Investigações do Ministério Público mostram que o ex-assessor Fabrício Queiroz demitiu uma ex-funcionária do gabinete de Flávio Bolsonaro para evitar uma vinculação entre o então deputado e um miliciano. Queiroz e a funcionária trocaram mensagens no dia 6 de dezembro de 2018, dia em que a movimentação financeira dele se tornou pública e virou notícia.

Fabricio Queiroz fez transferências bancárias de maneira suspeita no valor de R$ 1,2 milhão no período de um ano, entre 2016 e 2017. As informações vieram de um relatório do Coaf. Em seguida, o Ministério Público passou a investigar se ele arrecadava parte dos salários de outros funcionários do gabinete e repassava para Flávio Bolsonaro.

O jornal O Globo revelou nesta quinta-feira (5) os diálogos entre Fabrício Queiroz e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega. Na conversa, o ex-assessor explica que a exoneração aconteceu por causa das investigações do MPRJ.

Danielle Nóbrega tinha sido casada com Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como capitão Adriano e apontado como membro de uma milícia na Zona Oeste do Rio.

Durante a conversa, Queiroz pediu à Danielle que evitasse usar o sobrenome do ex-marido. Ela respondeu que não usava mais, mas ficou insatisfeita com a perda do salário de R$ 2,5 mil.

Ela perguntou se Queiroz poderia lhe ajudar, mas ele respondeu que não ia tratar desse assunto por telefone.

O Ministério Público do Rio apreendeu o aparelho em janeiro de 2019, durante uma operação contra milicianos acusados de homicídios e cobranças ilegais de moradores. Um dos mandados de prisão, na época, era contra o capitão Adriano Nóbrega, que continua foragido. Ele também é suspeito de participar de um grupo de matadores de aluguel.

A defesa de Fabrício Queiroz disse que as conversas tinham como objetivo evitar que se pudesse criar qualquer suposição espúria de um vínculo entre ele e a milícia. Além disso, afirmou que Daniele foi convidada por ele a participar do gabinete em razão do trabalho social que faz.

O advogado disse ainda que todo e qualquer fato é distorcido para revelar algo supostamente ilícito, quando, em verdade, segundo a defesa de Queiroz, somente houve trabalho sério, honesto e comprometido.

A defesa do senador Flávio Bolsonaro não se manifestou até a publicação desta reportagem.