Política

Gilmar diz que Lava Jato tem “melhores publicitários do que juristas”

No Roda Viva, ministro do STF pede um combate à corrupção ‘sem personalismos’

Por Carta Capital 08/10/2019 10h10
Gilmar diz que Lava Jato tem “melhores publicitários do que juristas”
Ministro Gilmar Mendes no programa Roda Viva - Foto: Reprodução

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, voltou a criticar a operação Lava Jato e seus integrantes. Em entrevista nesta segunda-feira 7 ao programa Roda Viva, da TV Cultura, o jurista afirmou que a operação de combate à corrupção tem melhores publicitários do que juristas.

“Eu torço não só para a Lava Jato, para todas as operações, para que de fato nós continuemos combatendo a corrupção, agora sem esse personalismo, sem a necessidade, talvez, de forças-tarefa.”, disse o ministro. 

Gilmar citou os vazamentos feitos pelo site The Intercept Brasil, que divulgou diálogos entre membros do Ministério Público com o ex-juiz da operação, hoje ministro da Justiça, Sérgio Moro. ” Hoje tenho muito mais dúvidas do que certezas e lamento muito esse tipo de manipulação. Por exemplo, essa ideia de eu vazo isso, mas não vazo aquilo (se referindo aos áudios obtidos pela Polícia Federal de conversas entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff). — Essa prática toda sugere uma partidarização”, afirmou.

O ministro também criticou o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, que tem sido acusado de atuação ilegal na condução da operação por suposto uso de provas ilegais e vazamentos à imprensa, além de conversas sobre a estratégia da operação com o então juiz Sergio Moro.

“É preciso que de fato essas pessoas (procuradores) cumpram a lei, sejam servos da lei, que não exorbitem”, disse o ministro. “O Ministério Público assumiu feições soberanas, e isso é um problema.”

Ao ser questionado sobre o ex-presidente Lula, Gilmar evitou responder se repetiria a suspensão da nomeação dele como ministro da Casa Civil, feita com base em “desvio de finalidade” no auge da tensão pré-impeachment, diante da revelação de que havia outros diálogos gravados e não revelados na época.

“Lamento muito esse tipo de manipulação do tipo eu vazo isso e depois não vazo aqui”, disse Gilmar. “A república dos vazamentos tem que se encerrar”, completou.

Ele afirmou que Lula não tem o direito de negar a progressão de regime para o semiaberto, mas que também estranha a atitude dos procuradores de fazer esse pedido pois “nunca foram legalistas”.