Brasil

Irmã Dulce é canonizada e se torna a primeira santa brasileira

Baiana passa a se chamar Santa Dulce dos Pobres

Por G1 13/10/2019 12h12
Irmã Dulce é canonizada e se torna a primeira santa brasileira
Imagem de Santa Dulce dos Pobres na fachada da Basílica de São Pedro durante a cerimônia de canonização - Foto: Reprodução/TV Globo

Santa Dulce dos Pobres. É assim que Irmã Dulce passa a ser chamada após a cerimônia de canonização que a tornou santa na manhã deste domingo (13) na Praça de São Pedro, no Vaticano, lotada de fiéis.

A santa, conhecida popularmente como Anjo Bom da Bahia, foi uma das religiosas mais populares do Brasil graças ao trabalho social prestado aos mais pobres e necessitados, principalmente na Bahia.

O Vaticano considera que Santa Dulce dos Pobres é a primeira santa brasileira. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos.

Outros quatro beatos, de diferentes nacionalidades, também foram canonizados por Papa Francisco às 10h34 (5h34 no horário de Brasília) deste domingo (leia mais abaixo). De acordo com o Vaticano, 50 mil pessoas participaram da cerimônia.

"Em honra da Santíssima Trindade, pela exaltação da fé católica e para incremento da vida cristã, com autoridade de nosso senhor Jesus Cristo, os santos apóstolos Pedro e Paulo, depois de haver refletido longamente, ter invocado a ajuda divina e escutado o parecer de muitos irmãos do episcopado, declaramos e definimos santos os beatos: John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Mariam Thresia Chiramel, Dulce Lopes Pontes e Marguerite Bauys", declarou o Papa, em latim.

Papa pede intercessão de outros santos

O chamado "rito de canonização" ocorreu na missa de domingo celebrada pelo Papa. Após um canto de entrada, o Papa abriu a celebração e, em seguida, houve um canto de “invocação do Espírito Santo”. O ato é uma forma de pedir a Deus que o ajude a tomar uma decisão acertada.

Depois, em uma "ladainha" — uma oração cantada —, a Igreja invocou a intercessão de todos os outros santos. Em seguida, foi lida a fórmula de canonização. Depois da leitura da fórmula, em latim, os cinco beatos foram considerados santos. A partir daí, houve um canto de comemoração e a missa seguiu como ocorre nos demais domingos.

Além de Irmã Dulce, foram canonizados:

o teólogo e cardeal inglês John Henry Newmann, um dos principais intelectuais cristãos do século 19;

a religiosa italiana Giuseppina Vannini;

a religiosa indiana Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan;

a catequista suíça Margherita Bays.

Na homilia da missa de canonização, o Papa Francisco afirmou que as pessoas que se dedicam ao serviço dos mais pobres na vida religiosa fizeram "um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo".

Francisco disse que, como os leprosos citados nos textos bíblicos, "todos nós precisamos de cura" e somente Jesus oferece essa cura. Por isso, segundo ele, é preciso rezar, pois "a oração é o remédio da alma''.

A cerimônia foi acompanhada por autoridades brasileiras como o vice-presidente, Hamilton Mourão; o governador da Bahia, Rui Costa; o prefeito de Salvador, ACM Neto; e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

O príncipe Charles, do Reino Unido, também participou da missa (veja vídeo abaixo). Um dos santos que estavam sendo canonizados é britânico.

Antes da missa, a cantora baiana Margareth Menezes, o padre Antonio Maria e o sanfoneiro cearense Waldonys tocaram e cantaram no altar a música oficial da canonização.

Beatificação e caminhos para canonização

Irmã Dulce foi beatificada em 2011, após ter o primeiro milagre reconhecido. A graça alcançada foi a recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica. Após beatificada, Dulce Lopes Pontes passou a ser chamada "Bem-aventurada Dulce dos Pobres".

Para ser considerada santa, Irmã Dulce precisaria ter um segundo milagre reconhecido, o que ocorreu em maio deste ano. O miraculado, o maestro soteropolitano José Maurício, voltou a enxergar após fazer uma oração para a então beata. Ele teve glaucoma e começou a perder a visão em 1999. Em 2000, ele já estava cego, mas em 2014 voltou a enxergar.

José Maurício foi ao Vaticano para acompanhar a cerimônia de beatificação e chegou a receber a bênção de Papa Francisco durante a missa de canonização (veja vídeo abaixo).