Política

Ciro Gomes crê em renúncia de Bolsonaro e repudia Huck: “estagiário”

‘Bolsonaro é o presidente que mais rápida e profundamente erodiu seu capital político’, opina Ciro

Por Carta Capital 14/10/2019 10h10
Ciro Gomes crê em renúncia de Bolsonaro e repudia Huck: “estagiário”
Ciro ponderou que o PDT e ele trabalham contra a ideia de impeachment de Bolsonaro - Foto: Reuters

Em uma longa entrevista concedida ao portal UOL e ao jornal Folha de S. Paulo, Ciro Gomes (PDT-CE) declarou que não acredita que o presidente Jair Bolsonaro chegue até 2022 como Presidente da República.

“Eu acho que ele não termina, mas é um mero palpite. Ele não tem traquejo para antagonismo. Ele deu uma entrevista para a revista Veja, que não foi tão repercutida, onde ele confessa que acorda de madrugada chorando. Isso aos quatro meses de governo”, lembrou, antes de justificar sua opinião.

“Bolsonaro é o presidente que mais rápida e profundamente erodiu seu capital político. Porque quando você ganha uma eleição à brasileira, você não leva só os seus, você leva um imenso sentimento de cooperação de todo mundo”, explica.

“Fica um guetozinho de fanáticos e radicais do outro lado, mas todo mundo faz um pensamento positivo para que o cara acerte a mão. E nessa altura FHC tinha 15% de avaliação negativa, a Dilma 11%, o Lula 10% e o Bolsonaro tem 38%. No 7 de setembro agora, ele desfilou e teve até alguma palminha, mas no próximo ele não põe a cara na rua”, aposta.

“Acho que ele renuncia”, arrisca Ciro, que aponta a estagnação econômica, as investigações em andamento contra os filhos e a íntima relação da família com membros da milícia carioca como alguns fatores que podem minar o mandato presidencial.

Com relação às eleições presidenciais de 2022, o vice-presidente nacional do PDT também reagiu à possibilidade do apresentador e empresário Luciano Huck ser um dos candidatos ao posto. “Pelo amor de Deus, chega de mandar estagiário para Presidência da República!”, reclama, antes de justificar com uma metáfora:

“Você passa em uma esquina e vê aqueles meninos jogando malabares. Eu acho aquilo lindo, mas você entregaria seu filho com apendicite para um malabarista genial fazer a cirurgia dele? Essa é a pergunta que a gente tem que fazer. Qual é a credencial?”

“Ele é um grande artista, maravilhoso, gente boa, é meu amigo pessoal. Com pouca frequência, mas nos encontramos. Estive no casamento dele lá atrás, a Angélica encerrou minha campanha de prefeito de Fortaleza. Tenho delicadezas com ele”, relembra.

“Mas, camarada, experiência anterior no setor público, na política? Nenhuma. Aí vamos entregar a Presidência no olho do furacão da pior crise socioeconômica da história do Brasil a um grande malabarista? Eu não dou meu filho para ele fazer a cirurgia. Se o Brasil quiser, entrega o filho com apendicite para ele fazer a cirurgia.”