Meio ambiente

Laboratório da Ufal detecta imagem que pode explicar origem de óleo no NE

Humberto Barbosa, do Lapis, identificou ontem um enorme vazamento de óleo na costa do Nordeste

Por Redação, com assessoria 30/10/2019 08h08
Laboratório da Ufal detecta imagem que pode explicar origem de óleo no NE
Imagens divulgadas pelo laboratório - Foto: Assessoria

O Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) detectou na segunda-feira (28), a partir de satélites, um padrão característico de manchas de óleo no oceano que pode explicar a origem da poluição no Litoral do Nordeste. O Laboratório é vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal). 

Após três semanas de processamento de imagens do satélite Sentinel-1A, o pesquisador Humberto Barbosa, do Lapis, identificou ontem um enorme vazamento de óleo, em formato meia lua, com 55 km de extensão e 6 km de largura, a uma distância de 54 km da Costa do Nordeste.

O local fica no Sul da Bahia, nas proximidades dos municípios de Itamaraju e Prado.

A imagem a seguir é do Sentinel SAR (Radar de Abertura Sintética), do dia 28 de outubro de 2019, às 12 horas (horário de Brasília), processada pelo Lapis, utilizando dados do satélite Sentinel-1A, da Agência Espacial Europeia (ESA).

“Ontem tivemos um grande impacto, pois pela primeira vez, encontramos um assinatura espacial diferenciada. Ela mostra que a origem do vazamento pode estar ocorrendo abaixo da superfície do mar. Com isso, levantamos a hipótese de que a poluição pode ter sido causada por um grande vazamento em minas de petróleo ou, pela sua localização, pode ter ocorrido até mesmo na região do Pré-Sal”, alerta Barbosa.

Toda aquela região sedimentar, observada pelo pesquisador, está nas proximidades de áreas de exploração de petróleo, conforme mapeamento abaixo, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O pesquisador já havia encontrado, em datas retroativas dos últimos sessenta dias, manchas menores de óleo no mar, a partir de imagens de satélite. Todavia, como as imagens anteriores mostravam o piche já fragmentado, não havia como identificar o padrão de vazamento.

Assim, somente ontem, o pesquisador encontrou uma imagem mais completa que permitiu uma maior precisão sobre o padrão característico do vazamento. A detecção foi complementada com o levantamento de informações sísmicas e de outras variáveis do local. 

As imagens foram observadas retroativamente, desde o mês de maio, processando esses dados por faixas, a partir de uma grande quantidade de dados de toda a Costa do Nordeste brasileiro, chegando até o Espírito Santo. 

O pesquisador complementou que isso ocorre porque o satélite registra as imagens com um intervalo de seis dias. Com isso, as faixas analisadas não são contínuas, podendo haver também sobreposição, com datas diferentes. "Foi um trabalho exaustivo e desafiante, tendo que esperar seis dias para que o satélite voltasse a mesma área onde começou", relata Barbosa. 

Na manhã desta terça-feira, dia 29, o Laboratório comunicou à Comissão do Senado, responsável pelo acompanhamento da poluição por óleo no Nordeste, a detecção realizada ontem a partir de imagens de satélites. Essas informações contribuirão nas investigações sobre o incidente.