Polícia

Após cinco meses, depredação de terreiro continua sem resposta

“O ano de 1912 já passou e não podemos deixar voltar”, disse a líder religiosa  

Por 7Segundos 05/12/2019 16h04
Após cinco meses, depredação de terreiro continua sem resposta
Terreiro foi invadido e depredado em maio deste ano, no bairro Cidade Universitária - Foto: Arquivo pessoal

No dia 13 de maio deste ano, um terreiro foi atacado e depredado no bairro da Cidade Universitária, em Maceió. Após quase seis meses, a líder religiosa Veronildes Rodrigues da Silva, a Mãe Vera, nunca recebeu noticiais sobre o andamento das investigações.

O 7Segundos tentou entrar em contado com 10º Distrito Policial da Capital – que está responsável pelo caso – para saber sobre o andamento do inquérito policial, mas não obteve êxito.

“Estamos levando a vida, mas sem nenhuma informação sobre isso. Minha glicose vive subindo e fico nervosa relembrando o que aconteceu. Nem o da Mãe Naiusa, que foi no começo do ano, foi resolvido ainda. O medo de acontecer novamente é constate”, relatou Mãe Vera.

De acordo com ela, a estrutura danificado na parte do assentamento foi reconstruída. Na época, Mãe Vera procurou a Defensoria Pública e a Comissão da Igualdade da Social da OAB-AL para que o ato intolerância religiosa não ficasse em pune.

“A gente não tem notícias se houve andamento nas investigações. Durante as Caravanas em Defesa da Liberdade Religiosa, a gente orienta para que eles colham testemunhas para que inquérito possa se desenrolar, para que a gente possa cobrar da Polícia Civil”, explicou o defensor Othoniel Pinheiro.

O Projeto Caravanas em Defesa da Liberdade Religiosa, uma parceria entre a Defensoria Pública e o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), foi criado após o crime de intolerância religiosa cometido em maio.

O objetivo é garantir a liberdade de culto em Alagoas, promover a conscientização acerca da liberdade de consciência e crença dos cultos religiosos, garantir os direitos humanos e cidadania, e ampliar a presença do Judiciário e da Defensoria junto aos grupos religiosos de matriz africana.

Apesar de não enxergar evoluções no seu caso em particular, Mãe Vera se sente mais segura após a iniciativa.

“O ano 1912 [Quebra de Xangô], quando pai de santo pegava filhos de santo e tinha que sair de Maceió, já passou e não podemos deixar voltar. Depois da Caravanas, os babalorixá e as yalorixá estão se sentindo mais seguros, sem medo. Agora, a gente tem por quem gritar”, afirmou.

Investigação

O 7Segundos entrou em contato com a assessoria de Polícia Civil para conseguir mais informações sobre as investigações e aguarda resposta.

Quebra de Xangô

Em fevereiro de 1912, a oposição ao govenador da época, Euclides Malta, invadiu terreiros de cultos afro-brasileiros. Os praticantes de religiões de matriz africana foram espancados, perseguidos e presos.

De acordo com pesquisadores, o episódio foi uma perseguição ao governador que matinha boa ligação com líderes de cultos afro-brasileiros.