Segurança

Relatório traz relatos de maus tratos em reeducandos LGBTs em AL

Das nove unidades prisionais do Estado apenas uma tem cela para essa parte da população

Por 7Segundos 06/02/2020 14h02
Relatório traz relatos de maus tratos em reeducandos LGBTs em AL
Presídio Baldomero Cavalcanti, em Maceió - Foto: Arquivo/7 Segundos

Dados divulgados nesta quarta-feira (5) pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos traz relatos de maus tratos e abusos de reeducandos LGBTs no sistema prisional do Estado.

Alagoas junto com a Bahia e Sergipe são os estados do Nordeste com apenas uma cela específica para esta população que fica no Presídio Baldomero Cavalcante.

O que chamou atenção é que mesmo com um ambiente destinado aos LGBTs, os relatos mostram maus tratos e abusos pelos agentes penitenciários.

“Eles não deixam o cabelo da gente crescer. Eu cortei uma camisa e eles tomaram. Não deixam nenhum tipo de roupa feminina. Tem a portaria, mas eles não estão usando. Eu não posso dizer se aqui eles raspam o cabelo porque a gente já chega com o cabelo raspado da triagem. Todo mundo aqui que tinha cabelo grande chega aqui com o cabelo raspado. A gente luta tanto pelo cabelo grande e quando chega aqui tem que raspar”, traz um dos relatos.

“Na casa de pedra [triagem] me pegaram e rasparam meu cabelo e me colocaram em uma cela de homem. Eles me pegaram na força. A cela lá me botaram no meio de todo tipo de homem que tinha lá. Me tiraram a roupa e eu fiquei nua e depois me botaram em uma cela cheia de macho que eles pegaram. Os macho lá me pegaram tanto que pocou um caroço no meu ânus e eles me botaram pra cá que tem a cela de homossexual. A juíza disse que iam me botar em um lugar que era pra nós mesmo ficar. Foi aí que eu cheguei aqui no acolhimento”, falou outra.

Neste terceiro relato fala dos “casamentos” forçados nas celas: “Eu passei 45 dias na triagem, só depois que eu fui pro acolhimento. Eu saí de lá porque me tiraram. Tinha um coroa lá que não gostava da gente. Ele é preconceituoso. A gente está na cela 3 agora. Por sorte ninguém mexe com a gente, mas o melhor seria se tivesse uma cela pra gente, os casais, os gays juntos. Se fica tudo misturado, quando acontece uma rebelião, os primeiros a ser pegos somos a gente, os gays e os homossexuais. A maioria das cadeias são de facções e eles não aceitam. [choro]. Mas eu nunca quis ir pro [módulo] 3 porque lá você pode até ficar, mas tem que ficar junto com os homens. Se não dormir com os homens você apanha. Tudo é casado lá dentro. Se não casar não pode ficar lá dentro. Eu não quero me casar. Eu não quero pegar doença”.