Polícia

Segurança de miliciano morto em ação policial paga R$ 3 mil de fiança e é solto

Segundo funerária de Alagoinhas, corpo de Adriano de Nóbrega foi levado para o Rio de Janeiro, na noite de terça-feira (11)

Por G1 12/02/2020 10h10
Segurança de miliciano morto em ação policial paga R$ 3 mil de fiança e é solto
Corregedoria da Polícia Civil do Rio quer investigar morte de miliciano na BA - Foto: Reprodução

Leandro Abreu Guimarães, que fazia a segurança do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em ação policia na Bahia, foi solto da delegacia de Esplanada na terça-feira (11) após pagar fiança no valor de R$3 mil. Ele estava preso desde o dia 7 de fevereiro deste ano, por posse de arma de fogo.

Nesta quarta-feira (12), a funerária da cidade de Alagoinhas, a cerca de 100 Km de Salvador, onde o corpo de Adriano estava, afirmou que o corpo foi transferido para o Rio de Janeiro em um voo que decolou por volta das 23h de terça-feira.

Ainda na terça, a Justiça da Bahia já havia concedido liberdade para Leandro, mediante pagamento de fiança. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), disse que não informaria se Leandro Abreu Guimarães estava solto.

Para ser liberado, além da fiança, Leandro precisará cumprir algumas medidas como comparecer no cartório criminal, no Fórum de Esplanada, a cada dois meses, durante um ano. Também será necessário que ele permaneça dentro de casa, em todas as noites, das 19h de um dia até as 6h do dia seguinte.

A Justiça exige também que o homem comunique, previamente, a mudança de endereço, além do uso de monitoração eletrônica durante seis meses. Caso ele descumpra algumas das regras, a medida será revertida em prisão preventiva com possibilidade de agravamento das medidas.

Segundo Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública da Bahia, Leandro foi quem indicou aos policiais o sítio onde estava o ex-capitão do Bope, apontado como chefe do Escritório do Crime.

Adriano foi morto em um confronto com policiais militares no domingo (9), em um sítio na zona rural de Esplanada, a cerca de 168 km de Salvador. O sítio pertence a um vereador do PSL na Bahia, que em nota afirmou não conhecer Adriano.

O vereador Gilson Neto disse ainda que solicitou à Secretaria de Segurança Pública da Bahia brevidade nas investigações e destacou que está à disposição das autoridades competentes "para colaborar para que os fatos sejam esclarecidos com máxima brevidade".

Após investigações do serviço de inteligência do Rio de Janeiro, o segurança foi achado pela polícia em uma casa distante alguns quilômetros do sítio.

Segundo Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública da Bahia, que conversou com a imprensa na segunda-feira (10), o segurança contou aos policiais que não sabia do histórico de crimes do miliciano.

O caso 

Foragido há mais de um ano, Adriano era alvo de mandado de prisão expedido em janeiro de 2019.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro passou a ser monitorado por equipes do órgão a partir de informações de que ele teria buscado esconderijo na Bahia. O advogado de Adriano disse que o miliciano temia ser alvo de uma "queima de arquivo".

Em nota, a SSP-BA afirmou que Adriano era suspeito de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018. O nome do miliciano, no entanto, não consta do inquérito que investiga a morte da vereadora.

Segundo a Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol), Adriano da Nóbrega era investigado havia um ano pelo setor de inteligência do órgão e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Ao longo desse período, os agentes monitoraram o ex-policial militar para localizá-lo.

Adriano era um dos denunciados da Operação Intocáveis, coordenada pelo Gaeco do Rio de Janeiro.

Quando ela foi deflagrada, em janeiro de 2019, uma força-tarefa do Ministério Público e da Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu cinco homens acusados de integrar milícia que atuava em grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras e na Muzema, duas favelas de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.

O ex-policial era um dos três integrantes considerados chefes do grupo e o único foragido daquela operação.