Polícia

Regulamentação tenta interferir nas redes sociais de pms e entrevistas à imprensa

Para categoria, nova norma também burocratiza concessão de entrevistas

Por 7Segundos 07/05/2020 12h12
Regulamentação tenta interferir nas redes sociais de pms e entrevistas à imprensa
Polícia Militar de Alagoas publica regulamentação de concessão de entrevistas - Foto: Assessoria

A Polícia Militar de Alagoas publicou uma regulamentação de concessão de entrevistas que desagradou parte da categoria. Publicada na terça-feira (05), a resolução obriga policiais militares a “evitarem críticas ou desabafos” quando estiverem sendo entrevistados sobre uma ocorrência.

De acordo com a nova norma, os agentes podem conceder entrevistas sem autorização prévia, desde que reportem em seguida e falem apenas sobre a ocorrência em andamento, ou recentemente finalizada.

“A gente já chega cansado das operações na rua. Precisa passar por toda a burocracia normal na Central de Flagrantes. Eu prefiro não dar entrevista a ter mais esse trabalho, ter que reportar isso. Vai dificultar nossa relação com a imprensa”, explicou um policial que não quis se identificar.

A regulamentação diz que a entrevista deve ser reportada em tempo hábil pelos Comandos das Unidades a 5ª seção EMG. E, segundo a publicação, essa norma também abrange as redes sociais.

Quando o assunto da entrevista ou da publicação na rede social não for sobre uma ocorrência em andamento, deverá ser requerida por e-mail. Em relação às redes sociais, no caso do servidor se identificar como policial militar. A Polícia Militar irá analisar a solicitação e responder em até 72h.

Para o presidente da Associação das Praças da PM e CBM de Alagoas (Aspra), Wagner Simas, a decisão é arbitrária e faz a corporação voltar para época da ditadura.

“Transforma uma instituição militar alheia aos critérios constitucionais. A corporação está completamente equivocada quando ultrapassa barreira  da administração nesse contexto de cercear liberdade nas redes sociais dos indivíduos. O policial não vai poder publicar os sentimentos? Não vai poder publicar que, por exemplo, a corporação errou com essa decisão", questionou.

Segundo Wagner Simas, a área jurídica da Aspra já está analisando a publicação para descobrir qual o caminho para barrar a imposição.