A pandemia que se instaurou no Brasil e no mundo, tem causado inúmeras discussões a respeito do que pode vim acontecer ao longo dos dias. E apesar do isolamento social, ser a opção mais viável para diminuir a ploriferaçao da doença, muitos setores vem sofrendo com o descaso e com a falta de consciência de políticos e empresários. 

A educação, assim como outros pilares sociais, foi alvo de uma discussão recente. No Brasil, ocorre anualmente o Exame Nacional do Ensino Médio ( ENEM), realizado pelo Instituo Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), que visa avaliar o desempenho estudantil e viabilizar a entrada de estudantes em Universidades Públicas e particulares em todo país. 

Em Alagoas, assim como em todos os estados do Brasil, o ensino nas redes públicas e privadas estao suspensas devido a pandemia, mas a prova vinha sendo pautada para acontecer normalmente, em 2020. No entanto, durante uma votação realizada pelo STF ( Supremo Tribunal Federal) na última quarta-feira (20), ficou decidido o adiamento da prova. Ainda não se sabe qual será a nova data do exame. 

Em entrevista , o professor Ivys Urquiza, falou sobre a necessidade de adiamento da prova por tempo indeterminado e ainda ressaltou a dificuldade enfrentada por boa parte dos alunos de se adaptar ao  modelo virtual de ensino. 

"Vivemos um momento em que parte dos elementos que estão no poder, tem pouca empatia com aqueles que os colocaram lá. O ministro da educação, tinha uma postura extremamente firme dizendo que não haveria mudança na data e foi posto um tipo de publicidade que para muitos estudantes soou ofensiva, transferindo para ele o ônus do que está acontecendo no mundo, enquanto o mundo para, para proteger o cidadão,a propaganda dava ideia de que o problema é seu, você se vira", destacou Urquiza.

Dando continuidade a defesa, o professor destacou a desigualdade social instaurada no país e como isso influencia os impasses enfrentados pelos estudantes. " Num país com tamanha desigualdade como é o nosso, acredito que isso pode ser visto como uma injustiça social. O nosso ministro, tem um discurso muito infeliz, quando ele diz que o enem não veio para combater injustiças, mas o que é a educação se não uma das mais poderosas ferramentas de diminuição de injustiças ? Infelizmente, temos no comando do ministério da educação, alguém que não acredita que a educação é uma ferramenta de combate às injustiças sociais", pontou o professor. 

Ainda de acordo com Urquiza, as redes sociais e os influencidores digitais da área de educação, foram essenciais para travar uma luta contra a execução do exame " As redes sociais e os influenciadores digitais da educação, área na qual me incluo, fizemos uma campanha chamada #AdiaEnem, e por conta disso acredito que os parlamentares ficaram sensibilizados, quando ocorreu a votação ficou explícito a voz da maioria dos estudantes, ainda assim, no senado onde haviam 76 senadores, apenas 1 votou em desfavor da categoria, deixando claro que a voz das ruas foram ouvidas,que a voz dos estudantes foi respeitada e que ainda há luz no fim do túnel, que a gente pode através dos mecanismos de comunicação e espaços como esse,buscar algo que pelo menos pareça ser o mais sensato e melhor para o momento atual dos estudantes", ressaltou. 

Em relação ao cancelamento da prova, o professor falou sobre os impasses sociais deste momento. 

" Vivemos um momento de incertezas, o isolamento social como ele está proposto hoje, ele vem suscessivamente sendo postergado o seu final, nós temos mais 15 dias para avaliar a situação e ainda assim quando acabar deveremos nos adptar ao novo normal, e pensar nos ambientes de aglomeração, como uma sala de aula, que é um lugar propício para contaminação, então a pergunta é: se a gente não tem sequer certeza de como vai ser o comportamento da sociedade nos próximos meses, como ter certeza em certames como Enem, que geram aglomeração de pessoas, em salas de aulas espalhadas pelo país? Eu acredito que quando se fala de adiamento e cancelamento do enem, tem muito haver no adiamento em que a prova acontece, em 2020, as pessoas julgam que a prova tem que acontecer até 31 de dezembro deste ano, mas se não acontecer até essa data ela foi cancelada, na verdade ela pode ser adiada e acontecer em janeiro e ainda se referir às vagas que seriam preenchidas se ocorresse em outubro de 2020, portanto creio que não acontecerá o cancelamento da prova, mas também não tenho certeza se 30 ou 60 dias de adiamento, serão suficientes, isso somente o futuro poderá nos dizer", explicou Urquiza.

Ivys Urquizes, ainda falou sobre os desafios enfrentados no novo modelo virtual de educação. 

“ A princípio, o primeiro grande desafio é estrutural, cerca de 1/3 da população brasileira não tem acesso a internet, desses 2/3 que têm acesso, uma parte significativa tem acesso a partir de planos de limitação de dados, e ainda assim boa parte desses que tem acesso, usam a rede através de celulares e não de computadores que tem telas maiores e permite um melhor desempenho educacional, portanto apenas 50% do público que tem acesso a essas aulas tem estrutura suficiente para se aproveitar bem dela, outro problema, é de formação , temos um grupo de professores que desde 2014/2015, têm se voltado para a internet, ainda existe muita gente que não está familiarizado com a produção e uso da tecnologia como mediadora da educação, os professores que aí estão não receberam formação acadêmica para uso dessa tecnologia,a grande maioria dos colégios não realizaram treinamento para esses profissionais se adequarem ao uso dessa tecnologia, então um dia você vai dormir dando aula de forma tradicional e acorda tendo que se adaptar a um novo modelo, é claro que isso provoca grande dificuldade e eles não foram preparados para isso, professores e alunos  muitas vezes não tem um ambiente adequado para educação, é um grande desafio tecnológico e comportamental que temos pela frente”, destacou. 

Ainda sobre o assunto, o professor destacou um espaço existente no YouTube voltado para educação, que facilita o processo educacional de boa parte dos estudantes. “No YouTube, existe atualmente uma plataforma voltada apenas para educação, onde apenas vídeos educacionais que passaram por uma curadoria, apresentam conteúdos em playlists atualizadas semanalmente, é claro que isso não resolve, mas isso permite que professores e estudantes se sirvam de materiais de qualidade gratuitos”, explicou Urquiza.

O educador, ressaltou algumas soluções que podem facilitar o processo de isolamento social em relação ao ensino. “ Grandes corporações, sensibilizadas com o momento criaram grandes espaços de treinamento para professores e isso precisa ser divulgado, existe uma ferramenta poderosa chamada Google ClassHome, que é disponibilizada gratuitamente para instituições de ensino básico e superior, existem muitos parceiros Googles em todo país, são treinamentos dados nas redes sociais e na internet de forma geral, portanto, acredito que as instituições de ensino precisam se apropriar dessas possibilidades, e permitir aos seus professores que tenham também ambiente para o trabalho, talvez faça sentindo que as empresas invistam em cursos que tornem os professores adaptados para o uso de ferramentas educacionais a distância assistida, cabe também aos professores um esforço ainda maior para se adaptar ao modelo de ensino. Peço ainda encarecidamente aos pais, um voto de confiança e paciência, porque estamos em um momento de adaptação que aconteceu bruscamente, de fato teremos falhas de comunicação, falhas no processos, e apesar disso tudo precisamos manter a sanidade mental, a tranquilidade, para enxergar dentro dessa confusão soluções para que todos, principalmente os estudantes, tenham o menor prejuízo possível”, finalizou.