Política

Weintraub compara ação da PF à Noite dos Cristais e entidade judaica reage

Ministro classificou a operação da Polícia Federal contra fake news como "o dia da infâmia, vergonha nacional"

Por Metrópoles 28/05/2020 08h08
Weintraub compara ação da PF à Noite dos Cristais e entidade judaica reage
Ministro da Educação, Abraham Weintraub - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, comparou a operação da Polícia Federal (PF) para combater fake news à Noite dos Cristais — uma ação violenta organizada pelo regime de Adolf Hitler, na Alemanha nazista, que marcou o início da perseguição aos judeus.

“Hoje foi o dia da infâmia, vergonha nacional, e será lembrado como a Noite dos Cristais brasileira. Profanaram nossos lares e estão nos sufocando. Sabem o que a grande imprensa oligarca/socialista dirá? SIEG HEIL!”, disse em rede social nessa quarta-feira (27/05).

A referência, no entanto, provocou a reação de entidades. Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou que a comparação do ministro Weintraub é “descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus”.

Nessa quarta-feira, a PF cumpriu 29 mandados de busca e apreensão contra parlamentares e empresários bolsonaristas no âmbito do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga a disseminação de fake news e ofensas a ministros da Corte.

Leia a íntegra da nota:

“Não há comparação possível entre a Noite dos Cristais, perpetrada pelos nazistas em 1938, e as ações decorrentes de decisão judicial no inquérito do STF, que investiga fake news no Brasil. A Noite dos Cristais, realizada por forças paramilitares nazistas e seus simpatizantes, resultou na morte de centenas de judeus inocentes, na destruição de mais de 250 sinagogas, na depredação de milhares de estabelecimentos comerciais judaicos e no encarceramento e deportação a campos de concentração. As ações do inquérito, por sua vez, se dão dentro do ordenamento jurídico, assegurado o direito de defesa, ao qual as vítimas do nazismo não tinham acesso. A comparação feita pelo ministro Abraham Weintraub é, portanto, totalmente descabida e inoportuna, minimizando de forma inaceitável aqueles terríveis acontecimentos, início da marcha nazista que culminou na morte de 6 milhões de judeus, além de outras minorias.”