Alagoas

Vítima de racismo, professora fala sobre ensinar em tempos de ódio

Thaynara Cristina Silva dá uma aula sobre resiliência

Por Marcos Filipe Sousa 06/06/2020 14h02
Vítima de racismo, professora fala sobre ensinar em tempos de ódio
Thaynara Cristina Silva dá uma aula sobre resiliência - Foto: Cortesia

A morte George Floyd por um policial branco nos Estados Unidos; João Pedro no Rio de Janeiro, durante uma ação policial; e Miguel Otávio, em Pernambuco, após cair de um prédio, reascenderam a chama da discussão do racismo e suas consequências na sociedade.

Thaynara Cristina Silva, 25 anos, se tornou um símbolo de luta contra o racismo em Alagoas após ser vítima na escola que trabalhava em fevereiro deste ano. Ela conversou conosco sobre os impactos que essa mudança de atitude por parte da sociedade na luta antiracista.

“Noto que não há nada de novo, sabe? Pelo contrário, a cada dia estamos regredindo, no quesito racismo. Mas quando o assunto é luta pela racialização percebi que estamos evoluindo, visto que o povo preto tem se unido bastante”, falou sobre os fatos recentes que estão acontecendo.

Sobre as mobilizações a favor do povo preto que surgiram nas últimas horas, ela classifica como algo benéfico. “Vejo como algo extremamente positivo, porém cansativo. Percebo que o povo preto está cada vez mais cansado de lutar pela mesma pauta e a branquitude subtrair nossa luta”, pontuou.

Terra de Zumbi dos Palmares, Alagoas é um dos estados onde mais se mata negros no Brasil, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública do ano passado. A pesquisa mostrou, ainda, que os jovens do sexo masculino, com idades entre 15 e 29 anos, são a maioria das vítimas dos crimes de homicídio.

Para ela, a principal arma que podemos ter em mãos para lutar contra o racismo é a Educação.

“Educar os nossos e pessoas brancas buscarem educação para assumirem uma postura antirracista”, se posicionou.

Após ser vítima de racismo, ela tenta ajudar outros pretos que sofreram ou sofrem com isso. “Eu considero que tenho a vantagem social de ter acesso à leitura, ao conhecimento. Busco, didaticamente, em formato de palestras, vídeos e afins, educar meu povo. E tenho a vertente da história em primeira pessoa. Quero que meu povo conte a própria história”.

Como educadora, Thaynara lembra a importância de educar crianças e jovens a não terem atitudes racistas. “Tudo começa na infância, o Estado, a família e a escola precisam assumir posturas antirracistas para que tenhamos crianças e futuros adultos antirracistas”.