Justiça

Ministério da Justiça manda Ypê suspender lote de sabão em pó que anunciava combater vírus

Por Yahoo Notícias 12/06/2020 17h05
Ministério da Justiça manda Ypê suspender lote de sabão em pó que anunciava combater vírus
Ministério da Justiça manda Ypê suspender lote de sabão em pó que anunciava combater vírus - Foto: Reprodução

O Ministério da Justiça determinou na quarta-feira (10) que a proprietária da marca de limpeza Ypê suspenda a venda de uma linha de sabão em pó cuja publicidade pode ser julgada como abusiva ao dar a entender que o produto é eficaz contra qualquer tipo de vírus.

Na decisão proferida pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor, o órgão diz que está em apuração eventual prática de propaganda enganosa do fornecedor. Tanto os rótulos como a publicidade em TV são questionadas no contexto da pandemia de coronavírus. A Covid-19 ainda não tem imunização.

A determinação provém de uma representação da concorrente Unilever, dona da marca Omo, que entrou na Justiça contra a Amparo (dona da Ypê), como informou a coluna Painel S.A. na segunda-feira (8).

Em nota, a Amparo diz que "fará a troca de algumas embalagens específicas do Lava Roupas Tixan em pó à venda nos supermercados, referentes a poucos lotes produzidos nos últimos dias". Também esclarece que realiza a troca dessas embalagens em respeito a decisões da Justiça e da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor).

"O mérito da ação ainda será julgado, mas em respeito a seus clientes, a empresa resolveu atender de imediato a decisão liminar, que conta com o prazo legal de cinco dias."

A Justiça pode multar a marca em R$ 100 por produto colocado à venda no varejo físico após prazo de cinco dias.

?Na representação, a Unilever alega que o produto traz no rótulo estampa de propriedades antimicrobianas "de eliminação de vírus, caracterizada pela utilização de imagem de um coronavírus".

Além disso, a acusadora diz que tomou conhecimento de publicidade veiculada em programa de TV onde a apresentadora teria anunciado aos consumidores "com redobrada ênfase" que, além de deixar a roupa limpa, "Tixan Ypê combate e mata vírus, promovendo a higiene a sanitização das suas roupas".

"O produto Tixan-Ypê é um mero lava-roupas para limpeza em geral", diz a Uniliever, acrescentando que não há "qualquer outro comprovado benefício específico" e que a marca, assim, não poderia vender o produto sob o rótulo de "sanitização", como se combatesse e matasse "qualquer vírus".

O órgão entendeu que há risco ao consumidor ante os indícios de que a rotulagem "contendo informações e imagens relacionadas ao Sars-Cov-2 (causador da pandemia)" cria a percepção de que os produtos seriam eficazes contra o vírus.

O ministério solicitou à Anvisa manifestação técnica sobre as as alegações levantadas pela Unilever e sobre as condições necessárias para que um produto seja classificado com de ação antimicrobiana e de combate a vírus.

O caso também foi parar no Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária). A fabricante teria firmado acordo com o conselho comprometendo-se a não veicular mais o anúncio denunciado até eventual reconhecimento do produto em outra categoria da Anvisa, segundo o documento do Ministério da Justiça.

O Conar não irá se manifestar sobre o assunto. Em situações que envolvem ações judiciais, o conselho costuma encerrar os processos.

Na peça, a fabricante diz que um laudo laboratorial comprova que os produtos em questão possuem agentes que destroem microorganismos e que, diante disso, houve decisão de deferimento da Anvisa para enquadramento na categoria secundária de sanitização. Diz que os rótulos dos produtos informam que eles promovem a sanitização e "eliminam o vírus", "mas não que matam o vírus Covid-19".

Ainda no documento, a empresa afirma que a Unilever, por meio da lava-roupas Brilhante, estaria incorrendo na mesma prática. A Senacon, por fim, pede que o Seapro (Serviço de Protocolo e Apoio Processual) abra averiguação para apurar isso.

Em nota, a Química Amparo acrescenta que irá recorrer da decisão e que tem prestado todos os esclarecimentos necessários e solicitados no processo. "Reitera que toda e qualquer comunicação nas embalagens do Tixan tem reconhecimento científico desde seu lançamento, pela Anvisa."