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Limitações para pessoas com deficiência ficam mais evidentes durante pandemia

Acesso a informação, mobilidade, violência e abusos são algumas das dificuldades enfrentadas

Por 7Segundos com Uol Notícias 14/07/2020 16h04
Limitações para pessoas com deficiência ficam mais evidentes durante pandemia
Deficiência x Pandemia - Foto: Reprodução/Agência Brasil

Diante da pandemia do novo coronavírus, algumas mudanças surgiram no comportamento e na forma de se relacionar da sociedade. No Brasil apesar das resistências e de teorias negacionistas, o vírus avançou e atingiu diversos núcleos sociais. 

Somente no País, as pessoas com deficiência somam cerca de 46 milhões (24% do país). A rotina dessas pessoas e suas atividades mais comuns, como sair de casa ou fazer compras, por exemplo, se tornaram mais trabalhosas e mais arriscadas, devido às normas e cuidados no combate ao novo coronavírus.

Alem da dificuldade já enfrentada pela população, outro grande problema, é a falta de informações acessíveis sobre saúde pública de atendimento especializado.

Grande parte das pessoas com deficiências são de baixa renda, depende de terceiros, como cuidadores, atendentes pessoais e equipes de home care e muitos sofrem com violência, negligência e abuso.

Com a chegada da pandemia, tal cenário agrava e evidencia as desigualdades já enormes para esse público.

A princípio as diferenças já começam pelo acesso à informação. As pessoas com deficiência têm mais dificuldades de se informar sobre medidas de prevenção e atendimento médico para o coronavírus, já que as redes de comunicação mais usadas pela sociedade em geral não disponibilizam informações em linguagem de Libras, legendas e autodescrição.

De acordo com o IBGE, mais de 9,37 milhões de brasileiros com deficiência auditiva, não conseguem ter acesso a essas questões em tempo real.

A presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Congresso Nacional, Tereza Nelma disse que reconhece os desafios enfrentados pela população.

"Sei que precisamos de novas ações que possam proteger e ampliar a inclusão das pessoas com deficiência no combate ao vírus. A Língua Brasileira de Sinais já é reconhecida pela Lei 10.436 de 2002, por isso, encaminhamos um ofício para a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), para reafirmar esse direito e iniciar um diálogo e fazer cumprir o que estabelece a legislação sobre inclusão e acessibilidade nos meios de comunicação", afirmou. 

Além disso, a deputada federal, ressaltou que outros canais e serviços precisam se adequar as demandas das pessoas com deficiências. 

" Não só os canais de comunicação, mas ainda postos de atendimento, clínicas e hospitais precisam se adequar para receber as pessoas com deficiência, para que elas sejam atendidas corretamente, com o mesmo cuidado que qualquer cidadão. A atenção deve ser maior, se essas pessoas fizerem parte do grupo de risco, por exemplo, se tiverem dificuldades respiratórias; doenças autoimunes, como as pessoas com síndrome de Down, ou com deficiências múltiplas, já têm baixa imunidade",ressaltou. 

Tereza Nelma ainda falou sobre a importância de capacitar os profissionais da saúde para atender esse público. 

"Temos que pensar em profissionais de saúde especializados para o atendimento das pessoas com deficiência com os mais diferentes graus de deficiência. Além disso, os testes são importantíssimos para essas pessoas, e que, em caso de suspeita, elas saiam do hospital devidamente testadas e com a certeza de seu diagnóstico. Pensar, ainda, no internamento de pessoas com deficiência, com a presença de acompanhantes", finalizou. 

A Recomendação nº 19, de 06 de abril de 2020, do Conselho Nacional de Saúde sobre a pandemia Coronavírus faz um alerta sobre as orientações em especial para pessoas com deficiência.

O conselho ainda destacou a escassez de dados sobre a infecção por Covid-19 em pessoas com deficiência e solicitou medidas inclusivas urgentes, principalmente a priorização desse grupo nas medidas de prevenção, na testagem e no atendimento; assim como o acesso às informações e promoção de campanhas públicas com acessibilidade.