Saúde

Ritmo lento de desaceleração da covid-19 em Maceió preocupa pesquisadores

Pesquisa mostra tendência de controle da pandemia em algumas regiões

Por 7Segundos, com Ufal 21/07/2020 10h10 - Atualizado em 21/07/2020 10h10
Ritmo lento de desaceleração da covid-19 em Maceió preocupa pesquisadores
Notificações em AL entre 5 e 18 de julho - Foto: Divulgação

Pesquisadores Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 estão preocupados com o ritmo lento de desaceleração da doença em Maceió. O boletim com análises referentes à 29ª Semana Epidemiológica (SE), que encerrou no sábado (18), foi divulgado nessa segunda-feira (20).

Os cientistas avaliaram que os gráficos da capital, que concentra um terço da população de Alagoas, indicam uma estabilidade de novos casos e diminuição no número de óbitos. Porém, o ritmo de desaceleração da pandemia é lento e ainda preocupa.

“A comparação entre os números da 27ª à 29ª SE indica que a redução foi consideravelmente menor na última semana. A soma desse resultado com outros gargalos, como defasagem e lacunas relacionadas à testagem, faz com que acendamos ainda mais o sinal de alerta para a situação de Maceió que está iniciando a fase amarela do modelo de distanciamento controlado implantado pelo governo estadual”, diz a pesquisa.

O cenário mostra uma tendência de estabilização e até controle da pandemia em algumas regiões de Alagoas. De acordo com os pesquisadores, dos 11 agrupamentos territoriais definidos no Estado, a região metropolitana de Maceió e o litoral norte apresentaram queda simultânea de novos casos e óbitos nas duas últimas semanas epidemiológicas.

“São as únicas do Estado que atendem aos critérios indicados pelo Subcomitê de Epidemiologia do C4NE [Comitê Científico de Combate ao Coronavírus no Nordeste] quanto ao controle de transmissão. As demais, apesar de apresentarem sinais de melhora na última semana, ainda devem consolidar essa tendência ao longo da atual semana”, ressaltou o documento.

O boletim do Observatório também considera importante a redução das taxas de ocupação de leitos hospitalares disponibilizados para o tratamento de covid, que estava em 63% até o dia 19 de julho, e 25% nas UTIs intermediárias. Outro aspecto positivo apresentado no documento é o comportamento das 3ª, 4ª, 5ª, 7ª e 8ª regiões de saúde, que apresentaram sinais de queda dos indicadores, podendo levar ao controle da pandemia, caso essa tendência seja mantida na atual semana.

Sinal de alerta


O Observatório Alagoano de Políticas Públicas para o Enfrentamento da Covid-19 apontou sinais de descontrole da transmissão da doença nas 6ª, 9ª e 10ª regiões de saúde do Estado. De acordo com os dados, na última semana, a 6ª região, que compreende os municípios do Baixo São Francisco, registrou um aumento de 146% nos novos casos e 20% a mais de óbitos. Já na 9ª região, onde ficam os municípios do Médio Sertão, foram mais 83% de óbitos notificados em relação à 28ª Semana Epidemiológica.

Os pesquisadores ainda salientam que o poder de testagem populacional de Alagoas é baixo e os resultados dos testes moleculares chegam atrasados, ultrapassando as 48 horas recomendadas. Outro fator apontado no boletim que pode mascarar a real situação do Estado é a falta de inquéritos sorológicos que mostrem dados sobre a população imunizada.

A recomendação do subcomitê é para que os gestores reforcem para a população a “importância das medidas de distanciamento social e da adoção de comportamentos de proteção coletiva, como o uso adequado de máscaras em lugares públicos, evitar aglomerações e higienização das mãos e superfícies”.

Formada por pesquisadores nas áreas de matemática, epidemiologia, nutrição, ciência social e economia, vinculados ao Núcleo de Bioestatística em Saúde e Nutrição [da Fanut]; ao Grupo Cidadania e Políticas Públicas [do ICS] e à Unidade de Santana do Ipanema da Ufal, a equipe também enfatiza:

“Reforçamos a necessidade da adoção de políticas públicas para o cumprimento das demais medidas indicadas pelo C4NE, como estratégias para identificar, isolar e rastrear novos focos, contenção de surto em locais de alta vulnerabilidade, monitoramento de riscos externos e participação da sociedade nas tomadas de decisão”.

Clique aqui
para conferir o boletim na íntegra.