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Turma do Dudão: como um gibi evangélico de 1990 viralizou agora nas redes

Hoje, as mensagens podem impressionar por trazer elementos ligados a racismo, gordofobia, preconceito de classe

Por TAB 22/07/2020 15h03
Turma do Dudão: como um gibi evangélico de 1990 viralizou agora nas redes
Hoje, as mensagens podem impressionar por trazer elementos ligados a racismo, gordofobia, preconceito de classe - Foto: Reprodução

Se você acessou qualquer rede social nos últimos dias, é provável que tenha visto algum meme com o desenho de um garoto com a barriga de fora, dizendo: "Deus está triste com tanta violência" ou, ainda, uma criança de cabelos loiros rindo e dizendo "Ah! Ah! Ah! Favelado!". Esses personagens fazem parte da Turma do Dudão, uma revista em quadrinhos evangélica, voltada ao público infantil, lançada em 1992. A internet a redescobriu em 2020.

Em 1992, o então pastor de uma igreja evangélica do Rio de Janeiro, Eduardo Samuel da Silva, pensou em um formato além da igreja para evangelizar crianças. A resposta veio na forma de um gibi. Ele se uniu ao irmão, o desenhista Jairo Alves da Silva, que tinha uma pequena empresa, e um funcionário, Joel Duarte, para levar o projeto adiante.

Aos 62 anos, o criador do Dudão conta ao TAB que a falta de recursos financeiros impossibilitou um trabalho "mais profissional" no começo, pois todas as ilustrações eram feitas à mão, sem auxílio de computador. O ex-pastor foi responsável pela concepção dos textos de todas as HQs publicadas em 18 volumes, até 2000.

Hoje, as mensagens podem impressionar por trazer elementos ligados a racismo, gordofobia, preconceito de classe etc. Mas Silva explica o que tinha em mente à época. "Para ensinar o lado bom, eu tenho que mostrar o lado ruim. Como eu vou fazer a história de alguém que mente? Ele tem que mentir e eu vou dizer que isso não deve ser feito. A ideia era o 'cara' fazer alguma coisa errada e o Dudão explicar que não era bem assim,
que Jesus não gosta e que temos que amar Jesus", detalha.

As referências para os personagens, aliás, partiram de seu próprio convívio social. Dudão, como o nome sugere, era o próprio Eduardo; Paçoca foi inspirado em seu amigo Nilson Dantas, que adorava comer paçoca quando criança, daí o apelido; Lipe e Binho são seus filhos; Rebeca era da igreja; Zuca era outro amigo de infância.