Maceió

Moradores da Vila Emater lutam por um futuro viável sem abrir mão dos sonhos

Atualmente, 700 famílias sobrevivem trabalhando como catadores de materiais recicláveis

Por Assessoria 31/07/2020 18h06
Moradores da Vila Emater lutam por um futuro viável sem abrir mão dos sonhos
Alfredo Gaspar esteve na comunidade na quinta-feira (30) - Foto: Assessoria

Na vila Emater, em Maceió, onde funcionava o antigo lixão, os moradores convivem com a ausência de serviços públicos como saneamento básico, educação, saúde e infraestrutura. Atualmente, são 700 famílias que sobrevivem trabalhando como catadores de materiais recicláveis. 

Com o objetivo de ouvir e conhecer a realidade dos moradores do local, o ex-procurador de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar, esteve na comunidade, na quinta-feira (30). As pessoas que vivem no local precisam do apoio oficial das autoridades para ter uma vida melhor, mas não abrem mão de seus sonhos. Aos 19 anos, Stefany Souza quer ser estilista. Desde que nasceu, a jovem mora na Vila Emater II com os pais e os cinco irmãos, e acredita que o futuro pode e vai ser melhor. Ainda cursando o Ensino Médio, ela afirma que a comunidade precisa de alguém que olhe por eles e destaca que o local não oferece nenhum atrativo para a juventude.

“Não temos nada que nos incentive a querer crescer na vida. Eu sempre fui muito sonhadora e, por isso, quero estudar e ser alguém. Quero orgulhar meus pais, mas precisamos de projetos que nos levem para o alto”, afirmou. Segundo ela, a comunidade tem uma necessidade: a pista de acesso entre as vilas I e II. Sem infraestrutura, os moradores enfrentam grandes dificuldades, especialmente para ter acesso aos ônibus, que não entram. “É muito difícil, tem muitos buracos aqui na vila, especialmente no período chuvoso. Espero que o próximo prefeito olhe por nossa comunidade, que ajude às mães com as creches, pois elas precisam muito”, ponderou a estudante.

Também moradora da comunidade, Antônia Lima, 39 anos, é mãe de uma menina de três anos, e conta que uma das principais deficiências da Vila Emater é a falta de vagas na creche, única da região. Somente este ano conseguiu uma vaga para a filha, após acionar a justiça juntamente com outras dez mães, que precisam trabalhar e não têm onde deixar os filhos. Ela conta que,do grupo, apenas três conseguiram as vagas.
Desempregada, frisa que tem esperança sobre a luta com as crianças. “É um problema constante aqui na comunidade, e que ninguém resolveu. Não é só comigo, muitas mães não podem trabalhar porque não têm com quem deixar os filhos. Eu sonho com um prefeito que olhe por nós, mães, e que nos dê a dignidade para conseguir matricular nossos filhos na creche, e que também amplie o espaço, possibilitando um cuidado ainda melhor a eles”, apontou Antônia. 

Alfredo Gaspar concorda sobre a importâncias das creches dentro das comunidades. Para ele, creche é uma prioridade, assim como a alfabetização desde a primeira infância. Durante a visita, o ex-procurador conheceu todo o espaço da Cooperativa dos Catadores da Vila Emater (COOPVILA), onde teve a oportunidade de conhecer Maria José da Silva, cooperada e também moradora da Vila Emater. Ela destacou o potencial de expansão da cooperativa e o quanto essa ampliação poderia melhorar, auxiliando e acolhendo cada vez mais pessoas da comunidade. 

Gaspar garante que é necessário que se faça da cooperativa e da comunidade um exemplo do que foi a realidade do lixão e da importância da educação ambiental dentro da Vila Emater, que pode apontar saídas sustentáveis para o desenvolvimento urbano.  “Essa visita me abriu muito os horizontes, vejo que podemos fazer dessa comunidade um exemplo para uma correta destinação do lixo, para a educação ambiental e o que pode ser o futuro de uma cidade. Temos que manter essa área com educação de qualidade porque isso tem que servir como exemplo para as novas gerações. A própria comunidade se reinventou, e isso é um exemplo para o mundo”, concluiu o ex-procurador.