Política

Em depoimento ao MP, Flávio diz que fez aulas de tiro com miliciano

Senador contou que conheceu a mãe e a esposa do ex-capitão na cadeira e que as convidou para o gabinete para levar demandas

Por Metrópoles 10/08/2020 10h10 - Atualizado em 10/08/2020 10h10
Em depoimento ao MP, Flávio diz que fez aulas de tiro com miliciano
Flávio Bolsonaro - Foto: Reprodução

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), em depoimento ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), contou como conheceu o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro após troca de tiros com a Polícia Militar da Bahia. As informações são do jornal Extra.

Segundo o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o miliciano foi instrutor de tiro e teria sido apresentado pelo ex-assessor Fabrício Queiroz.

Flávio foi ouvido no dia 7 de julho no inquérito que apura a prática de rachadinhas — quando funcionários devolvem parte do salário — em gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Segundo o MPRJ, há indícios de que a ex-esposa de Adriano, Danielle Mendonça, e a mãe do miliciano, Raimunda Veras Magalhães, foram funcionárias fantasmas no gabinete do então deputado.

“Conheci Adriano dentro do Bope, ele me dando instrução de tiro. [Conheci] Por intermédio do Queiroz, que serviu com ele no batalhão, não sei qual”, disse. “Sempre fui um parlamentar que gostei de conhecer os policiais que iam para o combate, do dia a dia da rua, para o trabalho mais arriscado”, contou.

Queiroz e o ex-capitão estiveram envolvidos na morte de um estudante na Cidade de Deus, durante operação policial em maio de 2003. Dias depois, integrantes do grupamento, incluindo Adriano, foram presos em flagrante pelo assassinato do guardador de carros Leandro dos Santos Silva. O miliciano foi expulso do batalhão, na ocasião.

Em depoimento, Flávio disse que foi “para dar apoio emocional e jurídico” que visitava Adriano na cadeia e conheceu a esposa e a mãe do ex-capitão. “Elas acabaram formando um grupo de mulheres que passavam pela mesma situação, contou, dizendo que as contratou para “fazer a função de ouvir quem passou por aquela situação” e interessava a ele “ter pessoas desse perfil”, para trazer as demandas dos eleitores.

Ainda na oitiva, ele disse não conhecer a origem do depósito de R$ 25 mil em dinheiro na conta da esposa, Fernanda Bolsonaro, em agosto de 2011. “Não sei a origem do dinheiro. Mas dá uma checada direitinho que eu tenho quase certeza que não deve ter nada a ver com Queiroz. Queiroz nunca depositou dinheiro na conta da minha esposa, pelo que eu saiba”, afirmou, em depoimento.