Cultura

Centenário de Clarice Lispector: escritora teve Maceió como primeiro lar

Ucraniana naturalizada brasileira, a capital alagoana foi seu primeiro lar no país

Por Marcos Filipe Sousa com Agências de Notícias 10/12/2020 14h02
Centenário de Clarice Lispector: escritora teve Maceió como primeiro lar
Clarice Lispector - Foto: Reprodução

Há exatos 100 anos, nascia na Ucrânia pós-guerra civil Clarice Lispector, mestra da literatura brasileira. Diante da perseguição aos judeus na época, a escritora chegou, aos 2 anos, ao Nordeste do Brasil, tem Maceió como seu primeiro lar no país.

Clarice Lispector nasceu em 1920, numa família judaica russa e tinha duas irmãs mais velhas. Em 1922, a família, que havia perdido os bens na guerra civil, decidiu sair da Europa para o Brasil. 

A família chegou a Maceió em março de 1926, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e também primo, José Rabin.

Por iniciativa do pai, todos mudaram de nome, apenas externamente, pois continuaram com seus nomes nos registros de nascimento. Tânia, sua irmã, continuou com seu nome tanto nos documentos quanto usando normalmente, pois seu nome era comum no Brasil. 

O pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia, sua irmã, Elisa; e Haya, por fim, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante. Com dificuldades de relacionamento com Rabin e sua família, Pedro decide mudar-se de Maceió para o Recife.

Uma relação de Clarice Lispector com Alagoas se traduz na criação de uma de suas principais personagens: Macabéa, do romance “A hora da estrela”, publicado em 1977.

Macabéa, uma moça sonhadora e ingênua, recém-chegada de Alagoas ao Rio de Janeiro, às voltas com os valores de uma cultura diferente, leva uma vida simples e sem grandes emoções. 

A moça vai ao médico e descobre que tem tuberculose, mas não conta a ninguém. Glória percebe a tristeza da colega e a aconselha a buscar consolo numa cartomante.

Trata-se de uma obra muito sensível e cativante, e muito bem retratada pelo filme de 1985, dirigido por Suzana Amaral, a adaptação, inclusive, entrou em 2015 para a lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.