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Goiano morre ao cair de muro na tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos

Parente de Diogo Fernandes de Oliveira, de 36 anos, contou que o sonho dele era se estabilizar financeiramente nos EUA para ajudar os pais

Por G1 15/12/2020 19h07
Goiano morre ao cair de muro na tentativa de entrar ilegalmente nos Estados Unidos
Diogo Fernandes de Oliveira, de 36 anos, morreu ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos - Foto: Reprodução/Instagram

O sonho do goiano Diogo Fernandes de Oliveira de morar e se estabilizar financeiramente nos Estados Unidos foi interrompido ao tentar entrar ilegalmente no país. O administrador de empresas, de 36 anos, morreu ao cair de um muro na fronteira do México e do estado do Texas, segundo contou um parente que preferiu não se identificar. Na queda, ele bateu a cabeça e quebrou a bacia.

Diogo morreu no último dia 7 de dezembro. Na segunda-feira (14), a família enviou uma procuração para conhecidos que moram nos Estados Unidos a fim de contratar uma empresa para fazer o traslado do corpo do México para São Luís de Montes Belos, cidade da região central de Goiás em que os pais de Diogo moram.

A última ligação de Diogo Fernandes foi para o pai, de 60 anos. Eles se falaram no último dia 7, por volta de 21h. O parente contou que a ligação ocorreu horas antes da travessia entre os dois países.

"Pai, vou fazer a travessia agora a noite, depois nos falamos. Beijos", e assim Diogo se despediu da família naquela noite.

O próximo contato que a família recebeu foi do consulado brasileiro no México, na manhã de sábado (12), com a notícia da morte. O parente de Diogo conta que, após ser informado do que aconteceu com o administrador de empresas, ele viajou de Goiânia, onde mora, para São Luís de Montes Belos, com o objetivo de informar os pais da vítima sobre o acidente.

"Ele sempre teve o sonho de ir para os Estados Unidos. Estava cheio de planos para ele e a noiva. O objetivo dele era dar melhores condições de vida para a família, principalmente para os pais", relatou o parente.
O Itamaraty informou, em nota, que não pode dar detalhes sobre casos específicos, mas que oferece assistência a familiares, no sentido de apoiá-los em suas decisões relativas, por exemplo, ao traslado dos restos mortais (leia a nota na íntegra ao fim do texto).

Planejamento

Entre 2017 e 2019, Diogo Fernandes tentou obter o visto por três vezes, mas não conseguiu. Ele trabalhava como gerente de uma loja em um shopping de Goiânia, que acabou fechando por causa da pandemia de coronavírus. Desempregado e com o sonho da mudança de vida, ele contratou uma pessoa para lhe ajudar na travessia - função conhecia como coiote - e comprou a passagem para Cancún, no México.

"Lá, o coiote que ele contratou o estava esperando para levar para um lugar reservado, onde um grupo aguardaria o momento da travessia", desabafa o parente.

O familiar contou que Diogo planejou a viagem quando ficou desempregado. A família diz não ter informações sobre quem era o coiote.

O parente ouvido pela reportagem diz que conversou Diogo sobre a travessia, alertou sobre os riscos e o aconselhou que esperasse mais tempo para tentar obter um visto. Mas, segundo ele, o administrador de empresas estava decidido a ir após ler relatos positivos de pessoas que fizeram a mesma travessia que ele tentou.

Sonho de vida melhor

Nos Estados Unidos, amigos esperavam ansiosamente a chegada do goiano. O familiar explicou que algumas pessoas que moram legalmente no país ofereceram ajuda com moradia e emprego.

"Ele não estaria sozinho nos Estados Unidos. Conhecidos nossos o ajudariam a arrumar trabalho e casa para morar. Depois, ele seguiria a vida por conta própria", relatou o parente.

Além de ajudar financeiramente os pais, o goiano pretendia juntar dinheiro e morar em uma casa própria para levar a noiva para viver com ele. A família não soube dizer se a mulher tem visto ou tentaria obter o documento.


Nota do Itamaraty


O
Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado Geral na Cidade do México, presta toda a assistência legal e materialmente possível a brasileiros naquele país, respeitando os tratados internacionais vigentes e a legislação local, conforme estabelecido pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares, o Regimento Interno da Secretaria de Estado das Relações Exteriores e o Manual de Serviço Consular e Jurídico do Itamaraty.

Em caso de óbito de cidadão brasileiro no exterior, como parte do serviço de assistência a nacionais, as embaixadas e os consulados brasileiros prestam aos familiares orientações gerais, no sentido de apoiá-los em suas decisões relativas, por exemplo, ao traslado dos restos mortais, auxiliam seus contatos com autoridades locais, com vistas a obter todos os esclarecimentos necessários sobre os fatos, e, por fim, cuidam da expedição de documentos, como o atestado de óbito brasileiro. Em casos de morte em circunstâncias suspeitas, a assistência consular também inclui o acompanhamento das investigações junto às autoridades locais.

Nos termos do artigo 31 da Lei 12.527/2011 e do artigo 55 do Decreto 7.724/2012, informações pessoais que se referem à intimidade, vida privada, honra e imagem são protegidas por sigilo e não podem ser divulgadas sem “previsão legal ou consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem”, ou, “caso o titular das informações pessoais esteja morto ou ausente”, não podem ser divulgadas sem o consentimento do cônjuge ou companheiro, dos descendentes ou ascendentes.