Covid -19

Ao contrário do que diz mensagem falsa, hospitalização por Covid-19 reduziu entre idosos

Mensagem em tom alarmista e conspiratório critica a vacina e defende tratamento sem eficácia, propagando a automedicação

Por Agência Alagoas 26/04/2021 16h04
Ao contrário do que diz mensagem falsa, hospitalização por Covid-19 reduziu entre idosos
Ao contrário do que diz mensagem falsa, hospitalização por Covid-19 reduziu entre idosos - Foto: Agência Alagoas

Circula em grupos do WhatsApp a informação de que a chegada da vacina contra a Covid-19 no Brasil teria provocado o aumento de mortes dos pacientes acometidos pela doença. O conteúdo é falso. A mensagem tenta convencer que há mortes causadas pelo imunizante, além de defender tratamento sem eficácia comprovada e criticar o Supremo Tribunal Federal (STF).

A mensagem reúne várias informações falsas, mas com o mesmo objetivo: argumentar que a vacina contra a Covid-19 não ajuda a combater a pandemia e que a solução seria o tratamento precoce, além de criticar imprensa, Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos que adotam medidas de distanciamento social.

“Com a vacina, as mortes continuarão acontecendo (até aumentaram) mas, a narrativa do pessoal da NOM [Nova Ordem Mundial], incluindo todos os presidentes americanos, será de que cessaram, mas sabemos que tanto lá quanto cá aumentaram com as vacinas (coágulos no cérebro e pulmões). Lembrem que a vacina não tem garantia, está matando”, afirma o texto, ao citar o caso de Agnaldo Timóteo, que faleceu após a vacinação.

Não dá para relacionar o aumento de mortes no Brasil com a chegada da vacina. Entre o fim de novembro de 2020 e final de janeiro de 2021, a curva dos números de mortes já apresentava crescimento, como mostra o gráfico do Ministério da Saúde. A vacinação foi iniciada lentamente pelo estado de São Paulo a partir do dia 17 de janeiro.

Os números mais recentes mostram um efeito contrário ao apresentado pela mensagem falsa. Até sábado (24), mesmo com apenas 5,9% da população brasileira imunizada com a segunda dose em três meses de vacinação, o Brasil registrou pela primeira vez, desde o início de novembro, uma tendência de queda de mortes por Covid-19.

Outra informação que vai de contra aos dados falsos que circulam nas redes sociais é que vários estados registraram quedas nas taxas de internações de idosos contaminados com o novo coronavírus, como é o caso de Alagoas. No dia 23 de março, o índice era de 17,31% da taxa do risco de internação dos idosos acima de 80 anos nos hospitais gerenciados pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesau), já no no dia 06 de abril caiu para 11,46%. Não é um caso isolado. O Distrito Federal, Tocantins, Rio Janeiro e Ceará, por exemplo, também já divulgaram que registraram quedas nos números de internações do público já vacinado.

Sobre os supostos casos de pessoas que morreram após receber uma das doses da vacina, o texto com informações falsas cita como exemplo a morte de Agnaldo Timóteo. A assessoria do cantor informou à BBC que ele havia tomado a segunda dose dois dias antes de ser internado, o que sugere que ele foi infectado entre a primeira e a segunda doses.

A bióloga e divulgadora científica brasileira, fundadora e presidente do Instituto Questão de Ciência, Natalia Pasternak, ressalta a eficácia da vacina e explica que o objetivo dela é de reduzir a chance do surgimento de sintomas, a necessidade de internação e até de morte. A microbiologista lembrou que se a pessoa contaminada pelo novo coronavírus já tiver doenças como obesidade, diabetes, hipertensão ou asma, a chance de desenvolver um quadro mais grave da doença é maior, mesmo já tendo sido vacinada.

Natália fez uma analogia para melhor entendimento do efeito da imunização: "Uma boa vacina é como um bom goleiro. Sabemos que ele é bom pelo histórico dele, a frequência com a qual ele faz defesas. Se ele defende com frequência, ele é um bom goleiro. Isso não quer dizer que ele é invicto, que ele nunca vai deixar de tomar gol. Mas, mesmo se tomar gol, ele não deixa de ser um bom goleiro. Agora se a defesa do time dele for uma droga, ele vai tomar mais gol, porque vai ter muito mais bolas indo para o gol, então a probabilidade de ele errar aumenta”.

A especialista continuou a explicação: "Se a defesa não usa máscara, faz aglomeração, haverá muito mais vírus circulando, ou seja, mais bolas para o gol, então a probabilidade de ele tomar gol é maior. A mesma coisa acontece com uma vacina. Ela diminui o seu risco de ficar doente, agora se você estiver numa área onde a defesa do time é ruim, onde o vírus está circulando muito, a chance de você ficar doente aumenta. Ou seja, as bolas ao gol. E a vacina é o goleiro".

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